Populares bloqueiam rodovia federal e prendem cem militares em Guerrero

02 DE FEvereiro DE 2015

PETAQUILLAS, Gro. (apro).- Habitantes desta comunidade bloquearam a rodovia federal Cidade do México-Acapulco e detiveram uma centena de soldados, pertencentes à brigada de fuzileiros paraquedistas, que pretendiam instalar um posto de comando na região onde a polícia comunitária assumiu o controle da segurança há três dias.

Os manifestantes reprovaram a atitude das autoridades castrenses que decidiram sitiar o povoado vizinho da capital, em lugar de realizar um operativo nos municípios vizinhos de Mochitlán e Quechultenango para desmantelar a estrutura do grupo criminoso de Los Ardillos, dirigido pela família do presidente do Congresso local, do PRD, e candidato a parlamentar federal, Bernardo Ortega Jiménez.

“O problema não é no corredor Petaquillas-El Ocotito onde opera a polícia comunitária, mas na rota que leva o município de Quechultenango, onde a delinquência ocorre impunemente. Ali é onde se requer a presença militar”, expressou um dos líderes deste movimento social.

Aproximadamente às 16:00 horas, os vizinhos do lugar reportaram que um comboio de patrulhas militares, onde se movimentava um grupo de forças especiais do Exército, que transitava sobre a pista sul-norte da via federal na direção deste povoado vizinho à capital.

Em seguida, tocaram os sinos da igreja e os populares responderam ao chamado bloqueando a passagem dos militares, pois supuseram que o deslocamento castrense é para desarmar a polícia comunitária que, desde sábado, dia 31 de janeiro, assumiu o controle da segurança em Petaquillas.

Esta situação provocou minutos de tensão, pois os manifestantes retiraram o grupo de elite castrense em meio a gritos e insultos contra o Exército.

“Assim responderam quando os chamavam para combater os delinquentes”, repreendeu um grupo de mulheres os militares.

Os habitantes reprovaram a reação do Exército ante o surgimento da polícia comunitária neste local e lamentaram que as autoridades, em lugar de combater a delinquência, pretendem desarmar e confrontar a população que se organiza para defender sua vida, patrimônio e povo.

Depois, os dirigentes do movimento social de Petaquillas comunicaram-se via telefone com o comandante da 35ª Zona Militar, Raúl Gámez Segovia, e solicitaram a retirada das tropas militares deste povoado e o cessar da perseguição contra a polícia comunitária, pois já não confiam no Exército e nas corporações policiais porque foram apontadas de estarem em conluio com o narcotráfico.

Além disso, exigiram que o Exército enfoque o ataque à estrutura do grupo de Los Ardillos, apontados como os responsáveis pela onda de violência vivida nesta localidade da região Centro, considerada como estratégica na geografia do narcotráfico.

Também disseram a Gámez Segovia que a polícia comunitária, em menos de 36 horas, desmantelou uma célula criminosa que operava em Petaquillas e apreendeu mais de 39 quilos de maconha que transportavam em um ônibus de transporte público procedente do povoado de Colotlipa, município de Quechultenango, e considerado como bastião do grupo de Los Ardillos.

Em resposta, o general de divisão rechaçou a postura dos populares e sustentou que a presença militar na zona tem como objetivo empreender um operativo de segurança e evitar a expansão de “pessoas armadas”, em referência à guarda comunitária que opera a partir do vale de El Ocotito até a capital.

A atitude do chefe militar provocou a insatisfação dos populares, que decidiram manter o bloqueio da via federal e deter o grupo de forças especiais do Exército que, desde as 16:30 horas, se mantinha na altura do viaduto que cruza o rio Huacapa, situado a 300 metros ao sul da comunidade de Petaquillas.

Os coordenadores da polícia comunitária da Frente Unida pela Segurança e o Desenvolvimento do Estado de Guerrero (Fusdeg) também informaram que em apoio à ação dos populares de Petaquillas, habitantes de outras comunidades começaram a bloquear a mesma via federal na altura dos povoados de Mazatlán, El Ocotito e Tierra Colorada.

O bloqueio da via federal que liga o centro do país com o porto de Acapulco manteve engarrafados centenas de automóveis, enquanto alguns cidadãos optavam por caminhar carregando malas pelo sinuoso caminho de asfalto.

Até as 20:00 horas, os populares mantiveram a obstrução da estrada e exigiam a presença de autoridades estatais para dialogar e resolver o conflito que tem sua origem na decisão dos habitantes de Petaquillas de confrontar diretamente o crime ante a omissão das autoridades.

Não obstante, os manifestantes se mantêm flexíveis e permitem a passagem de pessoas com idade avançada e enfermas para evitar um confronto com os afetados pelo bloqueio.

Paradoxalmente, Mario Moreno Arcos (do PRI), apontado por seus supostos laços com o narcotráfico e por permitir que os grupos criminosos operem impunemente, solicitou licença do cargo de prefeito de Chilpancingo para tentar a candidatura de seu partido ao governo estatal.

Foto: Habitantes de Petaquillas, Guerrero, prendem militares. Foto: Miguel Dimayuga

Fonte: http://www.proceso.com.mx/?p=394842

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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