“A Minustah visa manter o Haiti a serviço dos interesses dos Estados Unidos, das empresas e dos capitais que eles representam”
Resumen Latinoamericano/ Por Mario Hernandez/ 18/02/2015.
M.H.: Faz 5 anos o terremoto que custou entre 250.000 e 300.000 vidas e, também, um novo aniversário da independência do Haiti, primeiro país independente da América Latina, em 1804. O Haiti tem a característica particular de converter-se na primeira República negra que, entre outras coisas, eliminou a escravidão. A estas efemérides, soma-se o fato conjuntural do Comitê pela retirada das tropas do Haiti, em representação a uma serie de organizações latino-americanas, se fazer presente na Embaixada do Chile com o objetivo de entregar uma carta dirigida ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, que visitou o Haiti entre os dias 23 e 25 de janeiro e neste mês está presidido precisamente pelo Chile. Esta declaração leva uma serie de assinaturas, como as do Jubileu Sul, Diálogo 2000 Argentina, Encontro Sindical Nossa América, Comitê Argentino de Solidariedade pela retirada das tropas do Haiti, o prêmio Nobel da paz Adolfo Pérez Esquivel, Nora Cortiñas, Madre da Plaza de Mayo (Linha Fundadora), Mirta Baravalle da mesma organização, Frente Popular Darío Santillán, etc.
Para conversar sobre esta carta endereçada ao Conselho de Segurança e abordar várias temáticas que queremos aprofundar, hoje convidamos Beverly Keene, do Jubileu Sul, Diálogo 2000 e, também, membro do Comitê argentino pela retirada das tropas do Haiti.
Em 13 de janeiro passado, expiraram os mandatos das autoridades parlamentares do Senado e da Câmara dos Deputados e do atual presidente Martelly concentrou o poder público e estabeleceu um governo que funcionará por decreto, através da designação de um Primeiro Ministro, Evans Paul. Paul substituiu Laurent Lamotte e prometeu em seu discurso convocar eleições durante o transcurso do corrente ano. Enquanto essa situação se encaminha, o certo é que Martelly vai governar por decreto. O que você pode comentar sobre esta situação?
-B.K.: Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o espaço para falar sobre o Haiti. Às vezes parece algo muito distante de nós, porém aqui na Argentina temos muito presentes as diversas estratégias de intervenção dos Estados Unidos, Canadá e França, os poderes centrais em nosso mundo hoje, assim como são as vidas e as decisões políticas dos povos da América Latina. Sem ir mais longe, temos o golpe de Estado que ocorreu no Paraguai há alguns anos, o golpe em Honduras em 2009 e, também, o golpe de Estado no Haiti, em 2004, que levou à constituição da Minustah. Esta missão, supostamente, servia para estabilizar o Haiti, mas, na realidade, o que se percebeu no momento e que se vê com muito mais clareza hoje, é que busca manter o Haiti a serviço dos interesses dos Estados Unidos, das empresas e dos capitais que eles representam.
Efetivamente, o golpe de Estado que está ocorrendo hoje no Haiti, por vias mais modernas, torna desnecessário que os marines estadunidenses ocupem o Haiti como o fizeram em 1915. Neste caso, eles podem se dar ao luxo de terceirizar a ocupação militar, com as tropas de nossas países da América Latina, da Argentina, Uruguai, Brasil, Chile, etc., uma série de países que se utilizam não de um decreto do Departamento de Estado dos Estados Unidos, mas do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ao qual recentemente o Presidente boliviano batizou muito corretamente de “Conselho de Insegurança”. Assim, ele é utilizado para impor a vontade dos poderes de sempre. Atualmente, no Haiti, isto significa o início de um período de governo por decreto. Esta visita realizada no fim de semana pelo Conselho de Segurança, sem dúvida, tem como objetivo legitimá-lo, apoiar esta nova situação de um novo Primeiro Ministro, que montou um gabinete que as mídias chamam “de consenso”, buscando legitimar este processo que não é a vontade do povo haitiano, mas dos poderes que hoje ocupam o Haiti através das tropas da Minustah.
Esta é uma conjuntura a qual temos que prestar muita atenção, em que estamos envolvidos diretamente através da presença de tropas argentinas no Haiti, isto é, apoiando esta situação. Temos que escutar a vontade que expressam as vozes das organizações sociais e populares haitianas, reconhecendo que tanto no Haiti como em todos nossos países existe uma grande diversidade de opiniões políticas.
Existem partidos que se chamam e se dizem da “oposição” e que estão acordando com Martelly para colocar em marcha este novo golpe de Estado. Existem partidos da oposição que são contra isto e continuam se manifestando diariamente, de maneira massiva, nas ruas de Porto Príncipe e em outras partes do país. Também existem outros partidos, organizações sociais, movimentos populares no Haiti que seguem reclamando o que é lógico: sua soberania, o direito do povo haitiano de falar e poder decidir por si próprio, sem a intromissão dos Estados Unidos, França, Nações Unidas, a OEA ou a Minustah, em seus assuntos internos.
Muitas destas organizações com as quais temos um contato permanente, expressam sua preocupação não apenas por esta perda de soberania, mas pelo que está acontecendo por trás disso: um processo de recolonização com uma política de manutenção dos salários do Haiti como os mais baixos de todo o hemisfério, favorecendo a instalação de maquilas, sobretudo indústrias têxteis, que exportam para os Estados Unidos a preços de miséria e favorecem a instalação de grandes empresas de exploração petrolífera e aurífera.
No momento, apresentam uma queixa formal ao Banco Mundial por seu apoio ao governo do Haiti, pela possibilidade de reformar a Lei mineradora para que as empresas mineradoras ingressem e consolidem sua posição sem nenhuma possibilidade do Parlamento supervisionar ou controlar suas atividades.
Também vimos nestes últimos meses muitas manifestações e protestos por parte de comunidades pesqueiras costeiras em algumas partes do Haiti. Estas regiões foram apontadas como sedes de futuros investimentos para o turismo de luxo e seus moradores opõem-se à política de remoção das comunidades locais e à retirada não apenas dos meios de sua subsistência, mas também de qualquer possibilidade de dizer algo a respeito.
Existem protestos quase todos os dias frente a estes avanços que caracterizam um processo de recolonização e saqueio. Ainda que não cheguem a nossos jornais, sabemos que existe uma sociedade muito ativa e alerta. Temos uma situação muito complexa, sobre a qual nos chega pouca informação. A chave é entender que há um golpe de Estado em curso no Haiti e a Minustah, a Missão de estabilização das Nações Unidas, é cúmplice desse golpe.
As tropas da Argentina, Brasil e outros países não estão cumprindo missões humanitárias, mas atuando como guarda pretoriana da verdadeira ocupação dos Estados Unidos, Canadá e França. A situação é de muita dificuldade para um povo que é o mais empobrecido de nossa América Latina e o Caribe. É importante recordar que em sua época de colônia francesa foi a mais rica de França. Então, não é que o Haiti, como todos os outros países da América Latina, seja povo um pobre. Existe um processo concreto de empobrecimento que o povo haitiano continua sofrendo. Não podemos aceitar que esses países estrangeiros sigam determinando seu destino e menos aceitar tropas de nossos países ajudando nesses cometido.
A presença da Minustah faz parte de uma indústria rentável para as Forças Armadas latino-americanas.
-M.H.: Posteriormente, vamos voltar sobre a realidade interna do Haiti. Você mencionou a presença de tropas argentinas e as denominou como tropas de ocupação. Não são as únicas tropas que formam a Minustah. Recentemente, ocorreu um debate entre o governo cessante e o novo governo no Uruguai. O futuro Chanceler Nin, que foi vice-presidente do Uruguai, falou da iminente retirada das tropas uruguaias e, rapidamente, o Chanceler Almagro e o Ministro da Defesa, Huidobro, desautorizaram esse ponto de vista. Para além destas “contradições”, gostaria que você explicasse a nossos ouvintes quais são os fundamentos pelos quais as autoridades argentinas defendem a presença de tropas de nosso país no Haiti.
-B.K.: Em certo sentido, eu poderia responder de uma maneira que é muito fácil. Em setembro do ano passado coube ao Congresso Argentino aprovar a saída das tropas que participam da Minustah no Haiti. É uma autorização que tem que ser dada pelo Congresso em qualquer situação onde a Argentina queira enviar tropas para fora do país ou receber dentro do país a visita de tropas de outra nação. Nesse debate, ocorrido em setembro na Comissão de Relações Internacionais e a de Defesa da Câmara dos Deputados, um debate que o partido oficialista não esperava, já que esperava um trâmite como em momentos anteriores, vários partidos se apresentaram para reclamar e exigir que existisse um debate sobre a participação da Argentina na Minustah e acordaram que os funcionários do governo que defendiam a posição da participação da Argentina na Minustah não tinham argumentos, mas é uma decisão que continua mantida.
Essa seria a resposta mais fácil. Outra é a que nos deu o Ministro de Defesa, Agustín Rossi, que em março do ano passado visitou o Haiti durante 36 horas fazendo uma saudação de rotina às tropas lá instaladas. Quando retornou desta viagem, a qual foi acompanhado por um batalhão de jornalistas, em torno de 50, de quase todos os meios massivos, a mensagem foi muito clara e repetida por todas as mídias. Disse que a Minustah e a participação da Argentina formam uma missão humanitária, mais ou menos dando a entender que tinham se estabelecido depois do terremoto e não 5 anos antes do mesmo. Mostravam cenas das tropas argentinas entregando água em galões à população, como exemplo de missão humanitária. Esses são os argumentos oficiais.
Esta posição poderia ser respeitável ou compreensível, porém não tira a responsabilidade de cada governo de estar defendendo uma situação para qual não tem argumentos de peso. Se o motivo pelo qual temos tropas da Argentina no Haiti durante 11 anos é para continuar entregando água à população, podemos concluir que foi um fracasso total. Ou seja, suponhamos que essa fosse sua missão. A verdade é que em tanto tempo não se tenha conseguido resolver nada a respeito de um problema que obviamente é real, já que o fornecimento de água continua sendo feito com caminhões e galões com água e não se foi mais além, por si só isso seria reconhecer o fracasso da missão.
Está claro que esse não é o objetivo. Segundo o Conselho de Segurança, o Haiti representa um perigo para a segurança da região. Muitos governos continuaram aprovando isso em outubro, quando reviram o mandato da Minustah, e esse perigo foi reproduzido na boca dos Estados Unidos, que dizem que se a situação se complicar no Haiti, haverá muitos imigrantes haitianos nas costas da Flórida e como não podem permiti-lo, a situação deve ser controlada.
Essa é a defesa oficial feita no Conselho de Segurança. Porém, na realidade, o que vemos é que a permanência se dá por objetivos de controle, dominação, saqueio e colonização do povo haitiano. Podemos analisar um pouco mais os argumentos esgrimidos por determinados governos de nossa América Latina, podemos reconhecer que hoje em dia existem debates, como o que vimos entre o governo cessante e o novo governo no Uruguai, o que significa a existência da preocupação sobre esta presença de tropas latino-americanas no Haiti. Mais de um desses governos chegou à conclusão de que se meteu em um beco sem saída, em uma armadilha colocada pelos Estados Unidos e pela França quando convidaram os governos “progressistas” liderados, em 2004, por Lula do Brasil e Néstor Kirchner da Argentina, para participar dessa ocupação e que agora não sabem como sair com elegância.
O segundo problema, que pode ser muito corrente, é que a presença dos latino-americanos hoje no Haiti, em qualquer destas missões de paz, é uma indústria, significa recursos, possibilidades de viajar com os efetivos listados, é um privilégio, um prêmio monetário em sua carreira.
Na Argentina, nestes últimos dias, coisa que não sai nos noticiários, as Forças Armadas criaram uma escola de capacitação e treinamento para os efetivos que participam de missões de paz. Tudo isto faz parte de uma indústria e cortar a presença da Argentina na Minustah a coloca em perigo. Esse é um tema que se vê em discussão, por exemplo, no Uruguai. As Forças Armadas uruguaias têm muito mais antecedentes de participação nestas missões de paz das Nações Unidas, e é um reduto onde também vemos o Brasil, inclusive a Bolívia, Paraguai, Equador, em que se colocam em jogo as relações entre os diferentes setores de nossos próprios governos. Aqui, entre as Forças Armadas, o Ministério da Defesa, Chancelaria e Presidência, nem todos têm a mesma postura. E em mais de um governo da América Latina se defende, em voz baixa, que não é possível retirar as tropas do Haiti porque podem criar um problema com as Forças Armadas de seu país. Isto é importante e temos que ter claro.
Se voltarmos aos argumentos que os governos utilizam para sustentar essa presença no Haiti, observaremos que inicialmente se falava da possibilidade de criar uma política distinta, de cooperação regional com a América Latina, que é algo que a maioria de nós querer apoiar, como faz Cuba com a presença de suas missões médicas há muitos anos, como tem sido a política da Venezuela através da Petrocaribe, um apoio muito concreto à vida cotidiana do povo haitiano. Porém, o que vemos é que os governos da América Latina estão repetindo os mesmos erros, as mesmas políticas de dominação e presença dos poderes centrais. Por isso, entendemos que este ano, 2015, o centenário da primeira invasão e ocupação dos Estados Unidos ao Haiti, é um momento crítico na vida do povo haitiano, pois as organizações sociais haitianas estão reivindicando a necessidade de avançar na refundação de seu país, não com a ocupação de tropas de toda América Latina, mas com políticas realmente de cooperação, solidárias, dos povos e dos governos latino-americanos. É o momento para avançar nesse plano e isso significa, em primeiro lugar, retirar as tropas e, depois, avançar em políticas de apoio em aspectos humanitários, as quais sem dúvidas podem ser oferecidas e, também, em tudo o que podem ser políticas de apoio à institucionalidade haitiana. Mas que sejam decididas por seu povo, não pelos Estados Unidos, pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, pela OEA ou pela Comunidade Internacional.
O Haiti continua sendo muito cobiçado, suas praias, seu sol, a riqueza de seu solo, que está muito deteriorado pelas políticas de saqueio que são empreendidas há vários séculos, e que agora apontam para o subsolo e as riquezas aí escondidas. Esse é o problema. O povo haitiano atrapalha demais, seja indo para a costa da Flórida em seus barquinhos, buscando sobreviver à fome e à miséria que reina, ou vivendo em seu país e lutando.
Para falar de uma realidade que se relaciona com a atualidade do povo haitiano, os Estados Unidos, a França e o Canadá são os países que mais contribuem com o orçamento da Minustah. Neste momento, estão investindo em torno de U$S 500 milhões anuais para mantê-la. Custaria muito mais mandar tropas de seus próprios países. Esses mesmos governos têm sido incapazes, com todo o conjunto da chamada Comunidade Internacional, de investir U$S 50 milhões em água potável e na erradicação da epidemia de cólera, que foi introduzida pela Minustah. Embora seja sua responsabilidade, a ONU está se escondendo atrás do fato de que as tropas possuem imunidade.
-M.H.: Gostaria de salientar que o cólera desapareceu do Haiti há 50 anos. Há poucos dias, um Tribunal Superior de Nova York, onde se apresentaram os atingidos que exigem indenizações, se pronunciou no sentido que você mencionou, que as tropas não são imputáveis. Portanto, não corresponde o pagamento de nenhum tipo de indenização e nem acusação das Nações Unidas pela reintrodução do cólera no Haiti.
A imprensa mundial tende a apresentar os problemas do Haiti de maneira tendenciosa, retirando-os de sua história e do contexto neocolonial em que engendraram. Como se a pobreza endêmica, o desmatamento, o cólera, os danos das catástrofes nacionais e o arrebatamento da soberania tivessem sido produzidos por um povo inconsciente ou por um clima adverso. Pouco se fala dos desperdícios e custos logísticos das mais de 10.000 ONGs presentes no Haiti que, na maioria dos casos, constituem mais de 60% de seu orçamento.
-B.K.: Eu não conheço exatamente a cifra, mas a presença de grandes ONGs existe e me conta que é avassaladora. Essa existência não é notada apenas pelos informes, pelas versões jornalísticas e pelas denúncias das organizações haitianas. Você se dá conta, assim que chega ao Haiti, no próprio aeroporto, da presença principalmente das grandes organizações que se dedicam supostamente ao desenvolvimento ou reconstrução depois de uma catástrofe como o terremoto. É uma indústria que movimenta muito dinheiro. Talvez, em alguns casos, com melhores intenções e outras com piores, que enxergam qualquer situação como um campo fértil de lucros, de prestígio, de dinheiro e a possibilidade de continuar sua missão.
Também existe uma enorme presença de organizações menores, porém que pertencem aos setores religiosos muito conservadores dos Estados Unidos, sendo alguns independentes e outros constituintes de conglomerados com uma clara intenção política. Outros têm uma intenção política menos clara, porém servem aos mesmos fins. Essa presença no Haiti, terrivelmente multiplicada depois do terremoto, tem sido denunciada pelas organizações haitianas de maneira sistemática. Em certo sentido, sentem que por trás desse exército chamado de cooperação ou de desenvolvimento, escapa de suas mãos qualquer possibilidade de opinar sobre a reconstrução de seu próprio país.
As decisões e o dinheiro sempre se movem por fora do orçamento do governo haitiano e o Estado tem sido marginalizado. Lamentavelmente, é um processo que não é único no Haiti, sendo visto em outros países, como na Indonésia pós- tsunami de 2005, e no Iraque, porque as guerras significam uma destruição descomunal da população e sua reconstrução são indústrias de grande escala. No caso do Iraque, as denúncias de terceirização da guerra por empresas contratadas pelo governo dos Estados Unidos e, depois, a reconstrução desses desastres realizados pelas mesmas empresas. Esta é uma realidade de nosso século XXI, a destruição e a reconstrução são indústrias e significam a exclusão da população de qualquer possibilidade de participação na tomada de decisões, no planejamento dessas reconstruções, na construção de seu futuro.
Parte do que reclamam as organizações populares haitianas neste momento é que mudar simplesmente os nomes no governo e no gabinete e continuar excluindo o povo haitiano de qualquer possibilidade de tomar as decisões, não resolverá os problemas políticos e sociais. É o próprio povo que tem de resolvê-los e construir sua própria fortaleza com organizações populares para alcançar esses objetivos.
-M.H.: Pessoalmente, os argumentos me convenceram de que Haiti não é uma ameaça para a paz mundial e nem regional. Não sei se aos que escutaram este programa ocorreu o mesmo, porém o objetivo desta entrevista era justamente esclarecer alguns aspectos pouco conhecidos da realidade haitiana. Existe algum tema que você queira expor, analisar?
-B.K.: Bem, eu gostaria de acrescentar um convite. Realmente temos uma possibilidade e um privilégio, porém é também uma necessidade de conhecer este povo que contribuiu tanto com a história não apenas a própria, mas a da América Latina e do mundo na luta pela independência, pelos direitos humanos e pelo fim da escravidão. É um povo que possui uma cultura impressionante no que se refere à arte, à música, ao teatro, ao cinema. Temos muito a desfrutar deste povo e a aprender com suas lutas e sua resistência hoje em dia. É um dever consolidar os laços de irmandade e de luta conjunta com outros povos da América Latina.
Este ano, nós do Comitê argentino de solidariedade pela retirada das tropas do Haiti esperamos poder avançar com atividades, para as quais nos colocamos à disposição de qualquer organização ou casa cultural, para aproximar a cultura deste povo e ver como podemos relacionar mais estreitamente as lutas, conflitos e resistências do povo argentino, por sua sobrevivência, por sua soberania, por sua autodeterminação, com as lutas do povo haitiano.
*De Jubileu e Diálogo 2000 Argentina
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/02/18/entrevista-beverly-keenela-minustah-busca-mantener-a-haiti-al-servicio-de-los-intereses-de-estados-unidos-las-empresas-y-los-capitales-que-ellos-representan/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)