Carta do presidente Nicolás Maduro ao povo dos Estados Unidos: Venezuela não é uma ameaça
Carta do presidente Nicolás Maduro ao povo dos Estados Unidos: Venezuela não é uma ameaça
Somos o povo de Simón Bolívar, crente na paz no respeito a todas as nações do mundo.
Liberdade e Independência
Há mais de dois séculos, nossos pais fundaram uma República sobre a base de que todas as pessoas são livres e iguais perante a lei.
Nossa nação sofreu os maiores sacrifícios para garantir aos americanos do sul seu direito de escolher seus governantes e aplicar suas próprias leis hoje. Por isso, sempre recordamos o legado de nosso pai: Simón Bolívar; homem que dedicou sua vida para que nós herdássemos uma Pátria de justiça e igualdade.
Acreditamos na Paz, na Soberania Nacional e na Lei Internacional
Somos um povo pacífico. Em dois séculos de independência nunca atacamos outra nação. Somos um povo que vive em uma região de paz, livre de armas de destruição massiva e com liberdade para praticar todas as religiões. Defendemos o respeito à lei internacional e à soberania de todos os povos do mundo.
Somos uma Sociedade Aberta
Somos um povo trabalhador, que cuida de sua família e professa a liberdade de culto. Entre nós, vivem imigrantes de todo o mundo, que são respeitados em sua diversidade. Nossa imprensa é livre e somos entusiastas usuários das redes sociais na Internet.
Somos Amigos do Povo dos Estados Unidos da América:
A história de nossos povos está conectada desde o início de nossas lutas pela conquista da liberdade. Francisco de Miranda, herói venezuelano, compartilhou com George Washington e Thomas Jefferson durante os primeiros aos da nascente nação estadunidense os ideais de justiça e liberdade, que foram conceitos fundamentais em nossas lutas independentistas. Nós compartilhamos a ideia de que a liberdade e a independência são elementos fundamentais para o desenvolvimento de nossas nações.
As relações entre nossos povos sempre foram de paz e respeito. Historicamente compartilhamos relações comerciais em áreas estratégicas. A Venezuela tem sido um provedor responsável e confiável de energia para o povo norte-americano Desde 2005, a Venezuela proporcionou “heating oil” subsidiado para comunidades de baixa renda nos Estados Unidos através de nossa empresa CITGO. Esta contribuição ajudou a dezenas de milhares de cidadãos estadunidenses a sobreviver em condições difíceis, dando-lhes um alívio muito necessário e apoio em tempos de necessidade, e mostrando como a solidariedade pode construir alianças poderosas para além das fronteiras.
No entanto, incrivelmente, o governo dos EUA nos declara como uma ameaça para sua segurança nacional e de sua política exterior
Em um ato desproporcional, o governo de Obama se declarou em emergência porque considera a Venezuela uma ameaça para sua segurança nacional (Executive Order, 09-15-2015). Estas ações unilaterais e agressivas realizadas pelo Governo dos Estados Unidos contra nosso país não apenas são infundadas e em violação dos princípios básicos da soberania e a livre determinação dos povos sob o direito internacional, mas que também foram rechaçadas por unanimidade pelos 33 países da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) e os 12 Estados membros da União de Nação Sul-americanas (UNASUL). Em uma declaração datada de 14 de março de 2015, a UNASUL reiterou seu firme repúdio a estas medidas coercitivas que não contribuem com paz, a estabilidade e a democracia em nossa região e exige que o presidente Obama revogue sua ordem executiva contra a Venezuela.
Repudiamos o unilateralismo e a extraterritorialidade
O Presidente dos EUA, sem autoridade para intervir em nossos assuntos internos, de forma unilateral iniciou uma serie de sanções contra funcionários venezuelanos e abriu a comporta para continuar com este tipo de sanções, interferindo em nossa ordem constitucional e nosso sistema de justiça.
Advogamos por um mundo pluripolar
Acreditamos que o mundo deve ser regido pelas normas do Direito Internacional. Sem intervenções de outros países nos assuntos internos dos demais. Com a convicção de que relações de respeito entre as nações são o único caminho para consolidar a paz e a convivência, assim como a consolidação de um mundo mais justo.
Nós honramos nossas liberdades e manteremos nossos direitos
Nunca antes na história de nossas nações um presidente estadunidense tentou governar os venezuelanos por decreto. É uma ordem tirânica e imperial que nos empurra para os dias mais obscuros das relações dos Estados Unidos com a América Latina e o Caribe.
Tendo em vista nossa longa amizade, alertamos nossos irmãos estadunidenses, amantes da justiça e da liberdade, acerca da agressão que o governo está cometendo em seu nome. Não permitiremos que nossa amizade com o povo dos Estados Unidos seja afetada por esta decisão absurda e sem fundamento do presidente Obama.
Nós reivindicamos:
1 – Que cessem as ações hostis do governo dos EUA contra o povo e a democracia na Venezuela.
2 – Que se revogue a ordem executiva que declara a Venezuela como uma ameaça, tal como solicitou a União das Nações Sul-americanas (UNASUL).
3 – Que se suspendam as difamatórias e pretensas sanções contra honoráveis funcionários venezuelanos que apenas obedeceram nossa Constituição e nossas leis.
Nossa soberania é sagrada
O lema dos pais fundadores dos EUA é repetido hoje com a mesma dignidade pelo povo de Simón Bolívar. Em nome de nosso amor comum pela independência nacional esperamos que o governo do presidente Obama reflita e retifique este passo em falso.
Estamos convictos que a defesa de nossa liberdade é um direito ao qual não renunciaremos jamais, porque nele também repousa o futuro da humanidade. Como bem dizia Simón Bolívar: “A liberdade do Novo Mundo é a esperança do universo”.
“A Venezuela não é uma ameaça, é uma esperança”.
“Independência ou nada”.
Simón Bolívar
Presidente da República Bolivariana da Venezuela