Israel reitera interesse em recursos hídricos do Paraguai
Resumen Latinoamericano/E’a, 25 de março de 2015 – A empresa estatal israelense Mekorot, acusada de praticar uma “política de apartheid”, está interessada em explorar serviços de tratamento e distribuição de água no Paraguai.
O ministro da Agricultura de Israel, Yair Shamir, se reuniu nesta segunda-feira com o presidente Horacio Cartes, ocasião em que expressou o interesse do governo sionista brindar “cooperação” ao Governo paraguaio em áreas distintas.
“O Paraguai desfruta de recursos naturais fabulosos. Israel, com a cultura judia e os recursos humanos, chega com inúmeros conhecimentos e boa vontade de trabalhar em conjunto. Esta combinação, integração com muita amizade, carinho e convicção pode levar a resultados fabulosos para o povo paraguaio e para o futuro”, disse Shamir citado pela Agência de Informação Paraguaia.
Entre as áreas de interesse, o representante do governo israelense mencionou a água, agricultura, saúde, educação e “outros temas que espero hoje concretizar para levar adiante esses projetos”, acrescentou.
Outro projeto imediato é estabelecer uma Embaixada israelense em Assunção com uma grande delegação que estará encarregada de levar adiante estes projetos centrados nos recursos chave do Paraguai. A delegação também contou com a embaixadora de Israel concomitante na Argentina e no Paraguai, Dorit Shavit.
A água e as APP
A Lei de Aliança Público Privada (APP) habilita o Executivo a conceder de maneira unilateral, sem participação do Parlamento, todos os bens, recursos e empresas públicas por prazos de até 30 anos, que podem ser prorrogados por outros dez anos no caso das empresas alegarem não ter obtido a margem de lucro que compense o investimento realizado.
Em seu artigo 3, a lei faz referência explícita à água ao mencionar que sob esta norma podem ser entregues a empresas privadas “projetos de infraestrutura e de gestão de serviços, incluindo projetos rodoviários, ferroviários, portuários, aeroportuários, projetos de hidrovias, de dragagem e manutenção da navegabilidade dos rios; os de infraestrutura social; infraestrutura elétrica; projetos de melhoramento, equipamento e desenvolvimento urbano; abastecimento de água potável e saneamento; entre outros projetos de investimento em infraestrutura e serviços de interesse público. Também poderão compreender a produção de bens e a prestação de serviços que sejam próprios do objeto de organismos, entidades, empresas e sociedades nas quais o Estado seja parte”.
De fato, a empresa estatal israelense Mekorot já manifestou interesse em explorar o serviço de tratamento e distribuição de água em nosso país. Esta empresa é acusada de praticar uma “política de apartheid” (em analogia ao regime racista que governou a África do Sul por décadas) por décadas) no Oriente Médio. Segundo a denúncia, esta empresa extrai água do subsolo palestino proibindo que estes cavem seus próprios poços. Assim, vende o líquido vital por um preço muitas vezes superior em relação ao que pagam os israelenses.
A empresa teve um acordo cancelado no início do ano passado, na cidade de La Plata, por conta dos protestos gerados ao se descobrir que a corporação reaplicava na Argentina sua política de apartheid. Segundo as denúncias, nas zonas ricas se distribuía água potável, porém nas zonas mais humildes, apenas água corrente, ou seja, água sem tratamento, além do preço do serviço ter triplicado.
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/03/25/israel-reitera-interes-en-recursos-hidricos-del-paraguay/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)