Felipe González é Obama assim como Obama é Rajoy

(Resumen Latinoamericano), 23 de março de 2015.- A detenção do prefeito metropolitano de Caracas, Antonia Ledezma, uma das figuras nodais do golpismo venezuelano, e a ratificação da prisão do outro, referente à violação direitista, Leopoldo López, a quem seus miseráveis colegas estrangeiros queriam assassinar para culpar o chavismo, são sinais inequívocos de que a Revolução goza de boa saúde. Tem elevadas as defesas e converte seus anticorpos em ações de vitória.

Estas iniciativas servem, entre outras coisas, para que o continente, os povos e boa parte de seus governos, reajam unificadamente para defender a Venezuela bolivariana de seus inimigos locais e, também, das ameaças infundadas do senhor Obama. Ou seja: o “não passarão” das tão lendárias lembranças da história antifascista mundial, voltou à moda graças a uma grande quantidade de solidariedade que a Venezuela merece por tudo que proporcionou ao mundo.

No entanto, no outro extremo, a direita internacional pró-americana e pró-fascista, não ficou quieta e está tentando instalar uma matriz que não vem em muita sintonia: a da vitimização. Por isso, nada melhor que a passagem por diversos países da enlutada esposa de Ledezma, Mitzi Capriles (sobrenome ilustre da miséria), que como não podia ser de outra maneira, conta a seus interlocutores os “horrores da prisão” sofridos por seu cônjuge.

Mitzi Capriles e Felipe González

Sabe-se que em todos os lugares do planeta existem ouvidos para escutar falsidades, porém a Espanha de Franco e de Rajoy bate todos os recordes. Ali, Mitzi não deixou de ver nenhum político e de quase todos seus entrevistados obteve “mostras inequívocas de afeto”, confessou ela mesma. E não só isso. Também foram feitas promessas de acelerar a marcha para ajudar a desestabilizar a Venezuela, derrotar seu Presidente e entregar o país a seus chefes de Washington, que como todos sabem, dirigem a política exterior da União Europeia. Caso alguém tenha dúvidas, basta recordar Kiev.

Com Rajoy, Mitzi sentiu-se em família. Quase arrancou uma lágrima do homem que continua orgulhando-se de seus anos moços, quando cantava inspirado naquele que foi seu admirado chefe político, Manuel Fraga Iribarne, o “Cara ao Sol” falangista e estendia o braço, qual colegial disciplinado, vislumbrando uma “Espanha Uma, Grande e livre de vermelhos”.

Assim, o anfitrião Rajoy infundiu em sua visitante “ânimo para superar estes duros momentos em que a Venezuela sofre opressão e repressão”. Um verdadeiro cavalheiro com armadura, que se comprometeu a espalhar esta “solidariedade” por toda a UE.

Se o líder do PP se comoveu ante o relato de Mitzi, não há o que falar da “extrema cordialidade e emocionante recepção” que, nas palavras da esposa de Ledezma, recebeu do ex-presidente Felipe González, que decidiu assumir a proteção legal de Leopoldo López e de Antonio Ledezma, ante “a falta de garantias na Venezuela”.

Não podia ser de outra maneira. González é o mesmo “sociolisto” que, em 1983, criou com os melhores expoentes do PSOE os esquadrões da morte denominados GAL (Grupos Antiterroristas de Libertação) para assassinar cidadãos bascos. Talvez no encontro com Mitszi Ledezma, Felipinho também tenha evocado, nostálgico, aquelas noites passadas com Carlos Andrés Perez (aliás CAP) na Ilha Margarita, nas quais o venezuelano, entre copos, o aconselhou que para terminar com “os militantes do ETA” tinha que aplicar a mão dura e imitar o que ele mesmo fez com os insurgentes comunistas locais, a quem os militares sequestravam, torturavam e jogavam de aviões, depois de terem sido dopados. Iniciativa sinistra que, em 1976, também colocou em prática a ditadura argentina.

Desde a chegada do PSOE ao poder, foram dias de vinho e rosas para a dupla CAP-Felipe, ambos integrantes da Internacional Socialista. Na ótica do agora defensor dos golpistas venezuelanos, ficam ainda implícitos vários anos de favores entre ambos, de muito dinheiro cruzando o Atlântico em um e outro sentido. Como foi a repentina fortuna acumulada pelo empresário venezuelano Gustavo Cisneros na Espanha, em 1983, raiz da expropriação do grupo de empresas espanholas Rumasa, da qual foi um dos principais beneficiários ao adquirir Galerías Preciados. Uma verdadeira pechincha com a qual obteve mais de 28.000 milhões de pesetas em mais-valias. Com esses antecedentes sobre suas “solidárias” costas, González assegurou à Mitzi que conte com ele para o que precisar. “Vamos romper o silêncio que mantem a maioria dos Governos da América Latina ante os abusos do regime chavista”, acrescentou, acusando de golpe a imensa solidariedade que o continente forja com o governo de Maduro e com o povo venezuelano.

Como se faltasse algo para somar à mochila de Mitzi após seu tour espanhol, ela mesma confessou que se encontrou em Estrasburgo com dirigentes do Podemos, que pediram “confidencialidade” sobre essa reunião, na qual se falou da “grave situação pela qual passa meu esposo no cárcere chavista”. São os mesmos dirigentes do Podemos que dias antes, na voz de Pablo Iglesias, demonstraram preocupação – em uma entrevista ao canal espanhol Tele 5 – quanto a detenção de Ledezma. “Não é bom para a democracia deter prefeitos”, disse Iglesias, e acrescentou que a Justiça deveria dizer a última palavra. Uma declaração feita sob medida para os defensores do terrorismo midiático que está hostilizando a Venezuela bolivariana por todos os flancos. Muito parecida em conteúdo ao expresso no Uruguai pelo vice-presidente Raúl Sendic, filho.

Bajulada na Espanha pela partidocracia que enterrou esse país, esta semana Mitzi tentará obter mais adesões para sua causa em solo latino-americano. Se tudo ocorrer como previsto, chegará à Argentina para conversar com outros apoiadores, o prefeito direitista Mauricio Macri e um grupo de deputados opositores dispostos a escutar suas penas e o compêndio de mentiras que buscam unicamente encurralar a autêntica democracia popular venezuelana.

Enquanto ela viaja de um lado para outro com dinheiro similar ao utilizado para a viagem da infame cubana Johanny Sánchez, os povos do continente continuam se mobilizando aos milhares, cercam as embaixadas venezuelanas com adesão incondicional ao chavismo, twittam massivamente e, em cada esquina, se preparam para inundar de assinaturas (dez milhões disse Maduro e “vai ser mais, Presidente”) os abaixo-assinados com a frase do ano: “Obama, Venezuela não é uma ameaça”. Em linguagem bairrista riopratense, quer dizer: “Gringo, prepotente. Mete a viola no saco e deixe nossos povos em paz”.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/03/23/felipe-es-a-obama-como-obama-es-a-rajoy/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)