Meia verdade é também meia mentira
No dia 29 de Maio de 2015 foi realizado em Florianópolis, bem como em diversas cidades do Brasil, um ato chamado por Centrais Sindicais e organizações políticas de esquerda. O objetivo foi a realização de um movimento que busca denunciar e contrapôr as retiradas/restrições dos direitos trabalhistas através das MPs 664 e 665, a precarização provocada pelo PL 4330, ou seja, contra os ajustes fiscais do governo Dilma. Algumas destas forças, caso do PCB/UC/UJC, pautam tal movimento em conjunto com as diversas greves que vem sendo duramente travadas pelos trabalhadores no país, como preparativos e aglutinadores para uma necessária greve geral contra tais medidas de ajuste fiscal.
O quantitativo de trabalhadores não foi muito grande, mas as falas críticas à postura autoritária do Prefeito de Florianópolis Cesar Souza Junior (PSD) diante da greve dos trabalhadores do município e também ao governador do estado de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), não foram poupadas. Essas críticas, juntamente com as palavras de ordem contra as MPs, PL e ajustes anteriormente mencionados foram o ponto forte do ato.
Ocorre que não teria como haver um ato tranquilo quando forças políticas que possuem uma postura à esquerda dos governistas realizam um ato em conjunto com as próprias forças governistas. Nas falas e nos posicionamentos das organizações ficou claro! Por um lado, quem possui uma postura de levar às últimas consequências as críticas aos ajustes fiscais, buscando esclarecer desde a conjuntura de crise até os operacionalizadores de tais ajustes que jogam nas costas dos trabalhadores o pagamento da crise promovida pelo capital. Por outro lado, quem busca fazer apenas uma crítica abstrata a tais ajustes, tentando de todas as formas blindar o esclarecimento de quem está operacionalizando os mesmos, no caso, o Governo Dilma.
Bastou o PCB subir no caminhão de som e não falar meias verdades, ou seja, bastou o mesmo explicitar os ajustes contra os trabalhadores e em favor do capital apontando quem de fato opera tais retiradas de direitos, não medindo esforços para esclarecer a classe trabalhadora que transitava pela cidade, para a CUT/PT e CTB/PCdoB gritarem a plenos pulmões que nós do PCB/UC/UJC, juntamente com o PSTU, CSP-CONLUTAS, alguns setores do PSOL, INTERSINDICAL e PCLCP estaríamos “destruindo a unidade”, “cometendo excessos” e jogando junto com “os coxinhas” para fortalecer a extrema-direita, dentre outras acusações raivosas.
Ora, o que esses senhores ainda não conseguiram perceber é que nós estamos defendendo um projeto de classe, independente do Estado, Governo e patrões, enquanto eles buscam blindar qualquer crítica ao Governo Federal. Confundem (não sem o saber) defesa de projeto da classe trabalhadora com tentativa de blindar críticas ao governo que vem atacando esta mesma classe. Propõem unidade para que nós não apontemos que a meia verdade da crítica aos ajustes que realizam contém também uma meia mentira, quando tentam não apontar claramente quem vem realizando tais ajustes.
Mas, não nos intimidam com tais ataques desesperados de quem está numa sinuca de bico sentindo a necessidade de criticar medidas do Governo Federal para não verem suas bases sociais se esvaziarem, entretanto, sem criticar este Governo. Pois bem, nossa unidade está firmada com quem possui uma postura de independência de classe, na defesa de um projeto anticapitalista e rumo ao socialismo. Se o desejo da CUT e CTB (e seus asseclas) é salvar o governo contando apenas meias verdades à classe trabalhadora, somos claros: não contem conosco para uma unidade em torno de mais essa ilusão. Esse foi o recado dado pela UJC de cima do caminhão de som para quem quisesse ouvir!
Seguiremos organizando os trabalhadores nos locais de trabalho, moradia, nas bases e participando dos atos que entendermos importantes para a defesa dos interesses da classe trabalhadora, mas jamais rebaixando nossa posição para defender uma unidade rebaixada que busca ludibriar os trabalhadores. Como as forças políticas pró-blindagem do Governo Dilma colocaram, precisamos conter os excessos e, os excessos de conciliação destas forças com um governo que realiza ajustes que penalizam os trabalhadores já extrapolaram há tempo os limites da defesa de um projeto de classe que aponte uma saída da crise pelo lado dos trabalhadores, saída esta que só pode ser dada pelo combate às relações sociais capitalistas, as quais produzem periódicas crises.
O PCB continua na luta ao lado dos trabalhadores e contra qualquer tipo de conciliação com os patrões e seus subalternos.
Partido Comunista Brasileiro – SC