Solidariedade à Palestina em murais argentinos

imagemLeandro Albani/Resumen Latinoamericano/Resumen Medio Oriente, 1° de dezembro de 2015 – Um grupo de artistas e militantes deu vida a “Murales por la Palestina”. Solidariedade, compromisso, denúncia e resistência com pinturas, cores e trabalho em defesa do povo palestino.

“Murales por la Palestina” é uma iniciativa que se estende pelo país e é impulsionada por grupos de militantes, pelo Comitê de Solidariedade com a Palestina e pela Embaixada palestina na Argentina, na qual se tenta expressar a solidariedade e o compromisso com o povo palestino, que há sete décadas é vítima da ocupação de seu território por parte de Israel.

Marcha conversou com Natalia Revale, artista visual, muralista e militante da Frente Popular Darío Santillán (FPDS), sobre este projeto no qual se convocam artistas para assaltar as paredes das cidades e manifestar, com traços e pinturas, o sentimento profundo de fraternidade com o povo da Palestina.

– Como nasceu a iniciativa “Murales por la Palestina”?

– A proposta foi viabilizada conjuntamente a partir do Comitê de Solidariedade com o Povo Palestino e a Embaixada da Palestina. A convocatória nasceu graças a uma iniciativa de abrir um leque de atividades no marco do Dia Internacional em Solidariedade com o Povo Palestino. Como parte integrante do Comitê, propusemos este projeto, que é um convite à expressão através da pintura mural pela causa palestina, a partir de sua resistência pela recuperação de seus direitos nacionais. No espaço de cultura da organização, entendemos que a partir da luta simbólica é que caminhamos para outra sociedade possível.

– Como é feita a convocatória a muralistas e artistas?

– Realizamos convites especiais a grupos muralistas que já estão desenvolvendo a temática. Por sua vez, lançamos uma convocatória aberta, nacional, que está sendo difundida através das redes sociais. Agora estamos planejando datas para pintar em Villa Corina, Avellaneda e em Posadas, Misiones, em dezembro.

– Como se definem e pensam os murais para sua realização?

– O eixo principal é vizibilizar a luta do povo palestino e expressar a solidariedade da Argentina, de cada lugar onde se realiza. No geral, os grupos trabalham os esboços, os socializam e, dessa maneira, podemos ter uma troca de pareceres a esse respeito. Porém, principalmente o trabalham em relação ao território onde têm seu trabalho cotidiano. Assim, a convocatória é inicialmente para muralistas, mas também convidamos e estabelecemos vínculos com instituições, como universidades, sindicatos, para que se somam e abram seus espaços para realizar as obras. O mural é um pontapé inicial para introduzir a temática de um lugar diferente do qual estamos acostumados.

– Quantos murais já foram feitos?

– Desde que se lançou a convocatória em setembro, foram feitos quatro murais. O primeiro foi na própria embaixada, pelas mãos de vários artistas: Gustavo Chávez Pavón, do México, integrantes do grupo Muralismo Nómade en Resistencia e do FPDS. O segundo foi feito em Temperley, pelo Colectivo Contramuro e o MTR, com grande participação do bairro. Há pouco, em La Plata, aceitaram a proposta os integrantes da COB La Brecha, com uma jornada onde convocaram grupo muito variado de artistas e grafiteiros: Zapaz Flecha, Yapan Fileteado, Colectivo Setentoso, Xoa Iboga, Mecha Dale e Guillermo Chempes, com um mural coletivo com uma estética bem variada. Também a artista chilena Karla Meneses pintou nos muros da Universidade de Córdoba, no marco do Encontro Nacional de Estudantes de Base (Eneob).

– Que impacto têm os murais na sociedade?

– Os murais constituem parte do entorno das pessoas, do bairro no qual vivem e dos percursos que fazem diariamente para chegar a seu trabalho ou lugar de estudo. Um mural é a ocupação física e simbólica em um território, é uma ferramenta de expressão e comunicação, e é parte da construção de uma identidade coletiva. O mural começa a ser instalado no lugar onde será realizado antes de ser pintado e, no geral, existe uma comunicação acerca do que será realizado.

Durante o processo é bem interessante o diálogo travado com os que se aproximam com curiosidade para ver o que está sendo feito, e também com aqueles que se somam à iniciativa. É uma forma diferente de instalar um tema, colocá-lo em debate e, é claro, com um cunho estético, uma injeção de luz, cor, formas e imagens que impactam e transformam o entorno. Os murais aproximam e introduzem determinadas temáticas que de outra forma muitos não se interessariam. Sabendo que o impacto é real e, às vezes, também é repudiado. Tal é o caso do mural que ia ser realizado pelo Colectivo Neuen, na localidade de General Rodríguez, em 14 de novembro passado, na parede da casa de um vizinho que tinha cedido o espaço porque estava entusiasmado com a proposta. Porém, nesse mesmo dia, o vizinho decidiu não fazê-lo, influenciado pelos atentados produzidos no dia anterior em Paris, temendo que as imagens incitassem atos violentos. A influência dos meios e o medo dificultaram neste caso. Da mesma maneira, foi realizado em outra parede e os artistas puderam trabalhar com os meninos e meninas do bairro, já que a temática do mural teve como base um bombardeio do ano de 2011, onde meninos palestinos respondiam às bombas com barris e foguetes.

No sábado, dia 28 de novembro, o Colectivo Muralismo Nómade en Resistencia e o espaço de cultura da Frente Darío Santillán pintaram a fachada da sede de Ciências Sociais da Universidade de Buenos Aires. O mural, além da frase “Palestina Libre”, cita a problemática dos exilados palestinos, com a palavra de ordem “Volveremos”.

Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2015/12/01/solidaridad-con-palestina-en-murales-argentinos/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)