O PARTIDO COMUNISTA DO URUGUAI COMPLETA NOVENTA ANOS DE FIRME LUTA
Editorial da revista “Estudios”, n º 125, Revista do PCU_Uruguay
Noventa anos são poucos se forem medidos em termos da história da humanidade. Embora seja um número significativo se considerarmos acontecimentos relativamente recentes que constituem os imediatos antecedentes sobre a história particular de nossa nação, assim como do continente e para além dele. No entanto, esse número pode ser uma figura gigantesca considerando-se as experiências e vivências conscientes e esforçadas que deram e dão sentido e perspectiva para a classe trabalhadora e os povos do planeta desde meados do século XIX até a atual primeira década do século XXI.
Hoje vivemos no cenário mundial e do ponto de vista revolucionário, mudanças substantivas para à humanidade nas mais diversas áreas; nesse sentido, podemos comprovar que a necessidade do Partido de Novo Tipo propiciado Lênin e continuada na teoria nacional e continental por Arismendi e nosso PCU a partir de 1955, segue tão vigente como sempre, e mais do que nunca. Assim é porque o capitalismo mostra e demonstra mais uma vez sua essência desumana e anti-humana na crise planetária, cujo fundo é o roubo sistemático de trabalho.
Então, trabalhar para recuperar o trabalho, recuperando dessa forma nossa humanidade, continua a ser a única alternativa para a felicidade dos homens (leia-se “homens” no sentido de humanidade, que inclui homens e mulheres, assim enfocado neste meio de comunicação e, portanto, não excluimos ninguém em nenhum caso), e até mesmo a sobrevivência mais básica da espécie humana. Diversos atores respeitáveis do cenário sócio-político nacional, porém por respeitáveis, não menos equivocados, reiniciam o velho cântico desautorizando nossas reivindicações.
Enquanto isso, no entanto, tais abordagens que são nossas, embora não exclusivo, nos remetem a uma análise da realidade e da ação conseqüente que a ela responde harmonicamente, pois os fatos continuam a provar que, além de erros possíveis de sempre, o perigo é as costas às comprovações verificáveis da realidade em suas várias formas. Até o dia de hoje, povos inteiros em todos os continentes sofrem as conseqüências da crise capitalista de forma trágica, impostas pelos governos para assegurar que o sistema “deve se recuperar.”
No entanto, tais governos omitem admitir que, sem exceção, as recuperações do capitalismo desde o início de sua existência, tem tido consequências desastrosas para os povos e aumentaram ainda mais a concentração da riqueza em poucas mãos, em volumes absurdos e de forma intolerável. Desde a luta confrontiva, dada a partir das batalhas do povo e também de alguns governos, se trata de construir na maior escala possível, independente espaços econômicos não-autárquico, que possuam características que apartem das vidas das pessoas o movimento predatório do capital monopolista transnacional.
Em nosso país, como sustentado pela Frente Ampla em sua fundação – e se comprova como certo além de sua concretude total, parcial ou imperfeita – “construir uma sociedade justa, com sentimento nacional e progressista, liberada da tutela imperial, o que é impossível nos esquemas do regime dominado pelo grande capital. “Uma construção assim só pode vir da vontade popular expressa no terreno político e social, ou seja, plena, consciente, voluntária e promovida por todas as áreas possíveis.
A construção das forças sociais da revolução a partir da mobilização organizada das grandes maiorias em torno de um programa comum, vem de um acúmulo contínuo de forças.
Isto ocorreu no Uruguai desde a fundação da Frente Ampla e toda a história anterior do progresso popular. Assim que o governo da Frente Ampla conseguiu chegar ao governo como uma expressão sintetizadora da concepção original e consequente movibilização nessa direção. Esta vontade originária está em vigor porque existe em grandes segmentos da população trabalhadora. Assim, o programa do povo, proveniente de todas as áreas organizadas que incluem: o Congresso do Povo, o Congresso da PIT CNT, o Congresso de Educação e múltiplas elaborações a partir da Frente Ampla como uma coalizão e movimento, que constituem avatares circunstanciais que a eles deverá subscrever-se também a base da ação de um governo de esquerda como tal.
Tem sumo fundamento assim sendo, que o programa da Frente Ampla, tal
como foram recolhidos todos os “insumos” de cunho popular, é o principal alicerce de qualquer ação governamental frenteamplista. Agora bem; durante já seis anos, a Frente Ampla governa o Uruguai. Não há dúvida quanto aos avanços, as prioridades que se queriam manter e efetivamente tem sido reportado em diversas áreas-chave em relação ao povo trabalhador. São avanços e prioridades que valorizamos altamente. Mas deixe-nos dizê-lo claramente: a essência do rompimento com o jugo imperial pelo caminho da construção de uma realidade econômica cada vez mais independente, está altamente comprometida.
Em 2010, instala-se a tendência da política econômica do nosso país nos últimos cinco anos através do orçamento nacional e, portanto, as ações necessárias para proteger os uruguaios da crise planetária do capitalismo. Nesse sentido, dizemos que essas ações são as mesmas necessárias para melhorar as condições de vida da população. E seria o mesmo, apesar da crise geral, não fora tão grave como é. Insistimos, absolutamente convencido pelos fatos teimosos que a contradição principal é entre o Uruguai produtivo e com justiça social, do aprofundamento da democracia e construção com plena confiança, ou mais dependência em um sistema que rasga povos inteiros para sustentar a sua essência desumana.
Nesse sentido, se constitui em elemento essencial de um governo e um povo que luta consubstanciados para brigar porque essa contradição se resolva de forma adequada e concluente, porém sem confundir a independência de classe com submissão em relação a um governo. Estamos diante de um momento peculiar na acumulação de forças onde é essencial consolidar as mudanças do único modo possível: aprofundando-os. E aprofundam-se na medida em que o povo organizado constroe a subjetividade do bloco alternativo.
O governo, como o gerente do aparelho de Estado, pode – e deve fazê-lo formalmente – pelo programa que possui e é o seu mandato, “adotar ações de modificação da política econômica sabendo que o grande capital o permanentemente pelos meios ao seu dispor . Não serve aos proprietários transnacionais pesqueiros uma frota nacional de pesca, não é adequado para as multinacionais frigoríficas a existência de um frigorífico nacional.
Nem tão pouco concordam as megaempresas globais de telecomunicações que a ANTEL se fortaleça competindo respaldada pelo Estado e que recupere os monopólios entregues pelos neoliberais contra a vontade popular. Por seu lado, a ALUR não um bom exemplo para os setores mais reacionários da burguesia associada ao imperialismo.
No entanto e mal que pese, todo isto é imperativo para o povo. Construir essa estrada é dura, mas não fazê-lo é suicídio.
As alternativas nacionais válidas para a crise nacional cada vez com maior iniciativa, protagonismo e controle da população organizada, se enfraquecem cada dia que se postergam a construção de um novo estado ao serviço das grandes maiorias em todos os domínios, também, e sobretudo, do setor produtivo . A implantação de iniciativas como as referidas, que está enraizado de forma explícita no programa da Frente Ampla e em todo o movimento popular, garante confrontos com os inimigos da felicidade pública, porém fortalecem o ânimo daqueles que se colocam a frente no governo e em sua ação organizada para apoiar o processo.
Não existe outro caminho. Para reforçar a escolha popular se trata, sem acreditar em equilibrios polítiqueiros que não excedem os saldos quando das definições de fundo. Uma organização popular no presente uruguaio tem um eixo social centrado no PIT CNT e seu sistema de alianças e outros eixos políticos, a Frente Ampla. Ambos procuram desenvolver organização e mobilização em torno do programa e não se trata, contudo, de envolver-se em debates de ciência política na pseudo estruturas ou outras distrações das tarefas necessárias.
Partido Comunista do Uruguai em seus noventa anos,preparando-se para a realização do seu XXIX Congresso, é parte, desenvolvedor e construtor da realidade nacional em seus aspectos de avanço, e responsável por assumir todos os riscos que estes desenvolvimentos implicam; não é uma associação de amigos da classe trabalhadora. É na sua prática diária um partido revolucionário para esse ato, e pede para se juntar às suas fileiras. O Partido Comunista do Uruguai o é por definições teóricas e ações práticas. É o partido de todos os comunistas. Percebemos que esta última afirmação não é uma mera frase; o Partido Comunista do Uruguai é o Partido de todos os comunistas.
O reinteramos em todos os sentidos. Isto é, sem dúvida, o Partido de todos os militantes que arduamente constroem no dia-a-dia grupos de todas as áreas, ou participam delas com as responsabilidades mínimas necessárias a sua filiação partidária. Mas certamente é para todos aqueles que aderem à teoria e à prática diária em ativismo de bairro, departamentais, sociais, sindicais. … E mesmo pessoal. É também o seu partido porque dele recebem e contribuem o desenvolvimento de uma profunda transformação da sociedade.
Além de suas definições até o presente, para a sua adesão perseverante, sua militância consequente, o PCU mantém suas portas abertas a eles. Para todos os que o partido considera “irmãos comunistas” merecem pertencer ao partido e o partido certamente necessita deles. E talvez os mereça…
Fonte: comunidade uruguaia em Madrid / PrensaPopularSolidaria