Hora de fazer justiça com Neruda e com todos no Chile

imagemSantiago do Chile, 26 abr (Prensa Latina) A filha do falecido presidente Eduardo Frei Montalva afirmou hoje que é hora de fazer justiça com Pablo Neruda, seu pai e com todos no Chile, “porque é hora de que saibamos a verdade”.

Carmen Frei, ex-senadora e também irmã de outro ex-mandatário chileno, Eduardo Frei Ruíz-Tagle, disse à Prensa Latina que há muitas semelhanças que fortalecem as suspeitas sobre os expedientes da morte de Neruda e de seu pai.

“Eu respeito mas não compartilho a justiça do possível; temos que fazer o impossível para saber não só o caso Neruda e o de meu pai, mas de todos os presos desaparecidos ou assassinados pela ditadura”, enfatizou.

Emocionada durante a jornada de tributo ao Prêmio Nobel de Literatura no salão de honra da sede alternada do Congresso Nacional do Chile, Frei reafirmou enfaticamente que “não vamos descansar nunca até que saibamos a verdade”.

Lembrou que apareceram novas diligências que permitem pedir um novo processo no expediente sobre seu pai, político democrata-cristão.

“Há muitas pessoas que foram as que esconderam o que aconteceu, encobridores (no círculo da equipe médica do ex-chefe de estado) e queremos saber a verdade”, apontou.

A outra pergunta da Prensa Latina, a ex-parlamentar fez referência às similitudes entre a história de Neruda e a de Frei Montalva, ambos tratados pela mesma enfermeira que, ao que tudo indica, era uma agente de inteligência de Augusto Pinochet.

Neruda morreu em 23 de setembro de 1973 e Frei Montalva, morreu no dia 22 de janeiro de 1982. Apesar dos 12 anos de diferença nos falecimentos, surgiram diversas semelhanças.

Ambos foram internados no mesmo quarto e mesmo andar na clínica Santa María; três dos quatro médicos processados pela morte de Frei Montalva também atenderam Neruda, detalhou o advogado Eduardo Contreras, quem leva adiante o caso do poeta.

Segundo o certificado de morte da época, com respeito ao ex-presidente, perdeu a vida aparentemente por uma complicação em uma cirurgia à que tinha sido submetido pouco antes, justamente quando se convertia em um férreo opositor de Pinochet.

No caso anterior de Frei Montalva, ao exumar seu cadáver foram encontradas substâncias tóxicas e, por esse motivo, o juiz se viu obrigado a declarar o homicídio, mas não se aprofundou mais nas investigações.

Carmen Frei destacou que a nova homenagem ao autor de ‘Canto Geral’ e ‘Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada’, não é só justa, mas mais que merecida para um homem que deu tudo pelo Chile e deveria ser sempre venerado.

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