50 anos do golpe militar no Chile: ditadura nunca mais!
Saudação ao povo e aos trabalhadores chilenos nos 50 anos do 11 de setembro de 1973
Nota Política do Partido Comunista Brasileiro – PCB
Há 50 anos, em 1973, em 27 de junho e em 11 de setembro respectivamente, tiveram início as ditaduras fascistas no Uruguai e no Chile que marcaram o coroamento de uma política de contra-insurgência do círculos imperialistas mais beligerantes dos EUA e o início da aplicação das políticas neoliberais.
Em pouco tempo, toda a região do Cone Sul estava sob o regime de ditaduras militares-empresariais gestadas e patrocinadas pelos estrategistas do Pentágono como expressão dos interesses do imperialismo dos EUA: na Argentina em 1976 até 1983, na Bolívia entre 1964 e 1982, no Brasil entre 1964 até 1985, e a longa ditadura do Paraguai desde 1954 até 1989. Assim, na década dos anos 70, a traumática transição para as formas do capitalismo monopolista na região instituiu os regimes políticos das ditaduras militar-empresariais e a política do Terrorismo de Estado contra os opositores, em primeiro lugar as forças comunistas.
Exemplo desta política de terrorismo de Estado foi a Operação Condor ou Plano Condor, um sistema de troca de informações e prisioneiros entre as ditaduras de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, com ramificações em outros países da América Latina, alcançado a Europa. Esta aliança foi estabelecida formalmente em 25 de novembro de 1975, mas já funcionava desde a década de 60.
Os pormenores da Operação Condor foram revelados graças a uma denúncia anônima realizada no Paraguai. Neste país, descobriu-se o chamado “Arquivo do Terror” que documentava a ação coordenada dos seis países. O arquivo foi encontrado no dia 22 de dezembro de 1992 pelos Juízes Dr. José Agustín Fernández e Luis María Benítez Riera em conjunto com o advogado e ex-preso político Martín Almada. Os “arquivos terroristas” registravam 50.000 pessoas assassinadas, 30.000 desaparecidos e 400.000 presos. Eles também revelaram que outros países, como Colômbia e Peru e Venezuela cooperaram, em vários graus, fornecendo informações de inteligência solicitadas pelos serviços de segurança dos países do Cone Sul.
Com certeza, o “bolsonarismo” contemporâneo se nutre tanto da prática da impunidade consagrada na saída pactuada com os mandos militares que usurparam o poder político em 1964 durante mais de 20 anos, quanto das forças econômicas da oligarquia financeira, principal beneficiária das políticas neoliberais.
As ditaduras da região tiveram como propósito promover o desenvolvimento do capitalismo numa nova etapa de expansão mundial financeirizada, hegemonizada pelos monopólios dos EUA, materializada no império do dólar e das políticas de subordinação econômica, política e cultural dos países periféricos e dependentes da América Latina.
O neoliberalismo aconteceu primeiro como experiência “piloto” no Chile a partir dos denominados “Chicago Boys”, discípulos do economista Milton Friedman da Universidade de Chicago. Depois se espalharia por todo o continente a partir do “Consenso de Washington” em 1989, com a indicação de uma série de medidas de abertura para o comércio internacional, privatização e remercantilização das economias formuladas pelo Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.
Estas medidas foram formuladas com o pretexto de enfrentar o problema do endividamento externo das economias latino-americanas provocado pela explosão da dívida externa logo depois do “choque de juros” do FED dos EUA em 1979 e internalizadas plenamente no Brasil nos governos Collor e FHC – Plano Real, mantidas com pequenas mudanças nos governos do PT e seus aliados, e aprofundadas brutalmente no governo neofascista de Bolsonaro.
No Chile, mesmo com a saída pactuada, foi possível avançar parcialmente na investigação dos crimes da ditadura, como ficou evidenciado nestes dias com a prisão de 7 militares chilenos, responsáveis pelo assassinato do músico e militante comunista Victor Jara. É um exemplo que demonstra, em que pesem todas as dificuldades e o tempo transcorrido, da luta para fazer o mínimo de justiça. Entretanto, nossos irmãos chilenos ainda convivem e sofrem cotidianamente com os resultados desastrosos do neoliberalismo, com desigualdades sociais próprias do domínio do bloco neoliberal da sociedade e da economia.
Os sucessivos governos da Concertação Democrática não realizaram mudanças estruturais no modelo econômico herdado da ditadura, assim como também a coligação Nova Maioria, que foi substituída no governo pela atual coligação da Frente Ampla. Esta última, como expressão eleitoral da revolta popular de 2019, prometia acabar com o neoliberalismo implantado pela ditadura e mantido com pequenas alterações sociais. Porém, até o momento, ainda que haja empenho das lutas sociais, não tem conseguido avançar substantivamente e vem coletando sucessivas derrotas eleitorais e políticas de parte das forças políticas da ultra-direita e da oligarquia financeira.
Sem embargo de todo esse quadro de dificuldades e necessidade de aprofundamento do avanço social – popular no Chile, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) saúda a classe trabalhadora chilena, o Partido Comunista do Chile, os partidos democráticos e da esquerda neste momento de recordação e homenagem a todos os mártires, representados nas heróicas figuras do Guillermo Teillier e de Gladys Marín, na luta contra o fascismo e o neoliberalismo e pela liberdade, a democracia e o socialismo!
Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro – PCB, fundado em 25 de março de 1922.
Saludo al pueblo y trabajadores de Chile en el 50 aniversario del 11 de septiembre de 1973
Nota Política del Partido Comunista Brasileño
Hace 50 años, en 1973, el 27 de junio y el 11 de septiembre respectivamente, comenzaron las dictaduras fascistas en Uruguay y Chile, marcando la culminación de una política contrainsurgente de los círculos imperialistas más beligerantes de EE.UU. y el inicio de la aplicación de políticas neoliberales. En poco tiempo, toda la región del Cono Sur quedó bajo el régimen de dictaduras militares-empresariales creadas y patrocinadas por estrategas del Pentágono como expresión de los intereses del imperialismo estadounidense: en Argentina de 1976 a 1983, en Bolivia entre 1964 y 1982, en Brasil entre 1964 y 1985, y la larga dictadura de Paraguay de 1954 a 1989. Así, en los años 1970, la traumática transición hacia las formas de capitalismo monopolista en la región, instituyó los regímenes políticos de dictaduras militar-empresariales y la política de terrorismo. del Estado contra sus oponentes, principalmente fuerzas comunistas.
Un ejemplo de esta política de terrorismo de Estado es la Operación Cóndor o Plan Cóndor, un sistema de intercambio de información y prisioneros entre las dictaduras de Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Paraguay y Uruguay, con ramificaciones en otros países latinoamericanos, logrado en Europa. Esta alianza se estableció formalmente el 25 de noviembre de 1975, pero ya estaba en funcionamiento desde la década de 1960. Los detalles de la Operación Cóndor fueron revelados gracias a una denuncia anónima realizada en Paraguay.
En este país se descubrió el llamado “Archivo del Terror”, que documentaba la acción coordinada de los seis países. El expediente fue encontrado el 22 de diciembre de 1992 por los jueces Dr. José Agustín Fernández y Luis María Benítez Riera junto con el abogado y ex preso político Martín Almada. Los “expedientes terroristas” registran 50.000 personas asesinadas, 30.000 desaparecidas y 400.000 arrestadas. También revelaron que otros países como Colombia, Perú y Venezuela cooperaron, en diversos grados, para proporcionar información de inteligencia solicitada por los servicios de seguridad de los países del Cono Sur.
Ciertamente, el “bolsonarismo” contemporáneo se nutre tanto de la práctica de la impunidad consagrada en la salida acordada con los mandos militares que usurparon el poder político en 1964 durante más de 20 años, como de las fuerzas económicas de la oligarquía financiera, principal beneficiaria del régimen neoliberal. políticas.
Las dictaduras de la región tuvieron como propósito promover el desarrollo del capitalismo en una nueva etapa de expansión global financiarizada, hegemonizada por los monopolios estadounidenses, materializada en el imperio del dólar y las políticas de subordinación económica, política y cultural de los países periféricos y dependientes de América Latina.
El neoliberalismo surgió por primera vez como una experiencia “piloto” en Chile de la mano de los llamados “Chicago Boys”, discípulos del economista Milton Friedman de la Universidad de Chicago. Luego se extendería por todo el continente tras el “Consenso de Washington” de 1989, con la indicación de una serie de medidas de apertura del comercio internacional, privatización y recomercialización de las economías formuladas por el Banco Mundial, el Fondo Monetario Internacional y el Departamento del Tesoro de los Estados Unidos.
Estas medidas fueron formuladas con el pretexto de enfrentar el problema de la deuda externa en las economías latinoamericanas causado por la explosión de la deuda externa poco después del “shock de tasas de interés” de la Reserva Federal de Estados Unidos en 1979, y fueron plenamente internalizadas en Brasil bajo los gobiernos de Collor y Gobiernos de FHC – Plan Real, mantenido con pequeños cambios en los gobiernos del PT y sus aliados, y profundizado brutalmente en el gobierno neofascista de Bolsonaro.
En Chile, incluso con la salida acordada, se logró avanzar parcialmente en la investigación de los crímenes de la dictadura, como quedó evidenciado en los últimos días con la detención de 7 militares chilenos, responsables del asesinato del músico y activista social y político Víctor Jara. Es un ejemplo que demuestra, a pesar de todas las dificultades y del tiempo transcurrido, la lucha por alcanzar un mínimo de justicia. Sin embargo, nuestros hermanos chilenos aún viven y sufren diariamente los desastrosos resultados del neoliberalismo con desigualdades sociales propias del dominio del bloque neoliberal en la sociedad y la economía.
Los sucesivos gobiernos de la Concertación Democrática no realizaron cambios estructurales al modelo económico heredado de la dictadura, como tampoco lo hizo la coalición Nueva Mayoría, que fue reemplazada en el gobierno por la actual coalición del Frente Amplio. Este último, como expresión electoral del levantamiento popular de 2019, prometió acabar con el neoliberalismo implementado por la dictadura y mantenido con pequeños cambios sociales. Sin embargo, hasta la fecha, a pesar del compromiso de las luchas sociales, no ha podido avanzar sustancialmente y viene sufriendo sucesivas derrotas electorales y políticas por parte de las fuerzas políticas de la ultraderecha y la oligarquía financiera.
A pesar de toda esta situación de dificultades y la necesidad de profundizar el avance social – popular en Chile, el Partido Comunista de Brasil saluda a la clase trabajadora chilena, al Partido Comunista de Chile, a los partidos democrático y de izquierda en este momento de recuerdo y homenaje a todos. ¡los mártires, representados en las figuras heroicas de Guillermo Teillier y Gladys Marín, en la lucha contra el fascismo y el neoliberalismo y por la libertad, la democracia y el socialismo!
Comité Central del Partido Comunista Brasileño – PCB, fundado el 25 de marzo de 1922.