Milhares de chilenos repudiam a reforma da educação superior
Resumen Latinoamericano/ 6 de julho de 2016 – Marcham em Santiago e Valparaíso: “A reforma mantém as bases do sistema”, argumentam.
A polícia reprime manifestantes, alguns encapuzados, que se aproximavam do La Moneda.
As mobilizações ocorreram um dia depois da presidenta enviar sua iniciativa ao Congresso.
Resumen Latinoamericano /6 de julho de 2016 – Milhares de estudantes chilenos protestaram ontem nesta capital e em Valparaíso, em repúdio ao projeto de reforma da educação superior, o qual determina a gratuidade do ensino universitário. Consideram que mantém as bases do atual sistema, já que esta não é total nem em curto prazo. A polícia reprimiu com carros hidrantes e gás lacrimogêneo os jovens, que tentaram aproximar-se do palácio presidencial de La Moneda.
A mobilização foi encabeçada pela Confederação de Estudantes Universitários (Confech) e a Coordenadoria Nacional de Estudantes Secundaristas (Cones). Ocorreu um dia depois que a iniciativa foi enviada ao Congresso pela presidenta Michelle Bachelet, em um anúncio que fez por cadeia nacional e que, de imediato, provocou inconformidade generalizada.
Sem o aval das autoridades para esta marcha em Santiago, grupos de estudantes cantaram: Saímos às ruas novamente; a educação chilena não se vende, se defende! Os manifestantes caminharam pelos arredores do La Moneda, procedentes de quatro pontos da cidade, ante um forte resguardo da polícia.
As quatro mobilizações começaram desde cedo, com barricadas em chamas e bloqueios de ruas. Grupos de estudantes, alguns encapuzados, iniciaram conflitos no trajeto e o trânsito foi suspenso em algumas zonas, como na avenida central Alameda, onde interveio a polícia, a qual lançou jorros de água e gás lacrimogêneo. Muitos envolvidos foram detidos, ainda que na se tenha os números precisos. Entre os presos, figura um cinegrafista do canal estatal de televisão, cuja câmera ficou destruída.
A manifestação de Santiago não tinha sido autorizada pela Intendência Regional, que permitiu outra marcha programada para domingo próximo.
A Confech, de acordo com porta-vozes, acusou que o governo está impulsionando uma reforma que consolida o negócio da educação às custas do ensino público com direito.
Opõem-se, disseram, a que a gratuidade dependa dos indicadores econômicos inalcançáveis, enquanto o gasto militar é assegurado com a lei reservada do cobre.
A esse respeito, alguns setores da coalizão oficialista Nueva Mayoría apoiam que desse fundo para armas saia parte do dinheiro para facilitar o conhecimento como instrumento de combate à pobreza.
O problema da iniciativa é que não assegura os recursos para financiar a gratuidade, pois só projeta 50% para este ano e aproxima-se de 60% para 2018, quando terminará o governo de Bachelet. Isto, com uma matrícula que até o momento supera um milhão de estudantes. A gratuidade foi a grande promessa de campanha da liderança socialista.
O dirigente da Universidade de Santiago, Patricio Medina, reiterou que não se aceita a gratuidade por gotejamento, pois se aspira assegura-la como direito e considerar o lucro como delito. Por isso, as marchas continuarão.
Diego Arraño, porta-voz da Cones, pediu a renuncia da ministra de Educação, Adriana Delpiano, quem, disse, o único que faz é concordar com os empresários. Amplos setores estudantis se somaram à exigência de que Delpiano apresente sua demissão.
Por sua vez, a coalizão de direita qualificou de “irresponsável e mentiroso” o projeto de lei de educação superior, pois aprovando, apontou, o que propõe é a incerteza total pela péssima condução política do tema e o déficit econômico que se transpassa aos futuros governos, nas palavras do senador Cristian Monckeberg.
Desta maneira, o projeto de Bachelet, que mantém a convivência de universidades públicas e privadas, ficou distante da profunda reforma em que propunha a matéria e que prevalece como herança da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), que privatizou o ensino e o converteu em um dos sistemas mais caros e desiguais do mundo.
No Chile, as taxas de matrícula nas carreiras universitárias são muito elevados e têm um custo anual médio equivalente a 6 mil 700 dólares.
Foto Xinhua. Tropas de choque detiveram dezenas de alunos que participaram do protesto na capital chilena. A manifestação não foi autorizada pelas autoridades.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)