PELA PRIMEIRA VEZ, APÓS 38 ANOS, INVESTIGARÃO A MORTE DO COMPANHEIRO PRESIDENTE SALVADOR ALLENDE

Quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Santiago do Chile, 27 de janeiro 2011, Tribuna Popular/TP .- O procurador Mario Carroza investigará as circunstâncias que causaram a morte do ex-presidente Salvador Allende, que sempre foi atribuída a suicídio horas depois do golpe militar. É a primeira vez que os tribunais chilenos estão abertos à possibilidade de que o resultado da investigação seja diferente da história oficial.

A investigação foi ordenada após a Promotora Beatriz Pedrals apresentar 726 denúncias de casos de vítimas de violação dos direitos humanos cometidas desde 11 de setembro de 1973 até 11 de março de 1990, entre as quais a morte do ex-presidente Allende.

O caso surgiu a partir do cadastro feito em 2010 pelo ministro do Supremo Tribunal Federal do Chile, Sergio Muñoz.

Este último solicitou informações a respeito de todas aquelas pessoas a quem a justiça nunca abriu um processo judicial, para esclarecer as circunstâncias de sua morte, que desta vez inclui o líder da Unidade Popular (UP).

Nas próximas semanas, Carroza vai emitir ordens para a Polícia de Investigações (PDI), para que ela inicie as diligências dos mais de 700 processos que estão abertos, com a apresentação massiva destas queixas.

No topo da lista de processos está o do falecido presidente Salvador Allende Gossens. Assim, a investigação deverá ser encaminhada pelo Procurador Mario Carroza, que vai investigar os detalhes, as circunstâncias e as razões da morte do ex-presidente, que governou o Chile entre entre 1970 e 1973.

Nunca, durante todos esses anos, se indagou judicialmente a morte do presidente Allende. Até mesmo com a chegada da democracia liberal, nunca se apresentou uma ação para saber detalhes da sua morte.

A apresentação feita pela promotora Beatriz Pedral significa que o Judiciário chileno deve esclarecer as circunstâncias da morte de Salvador Allende Gossens.

Com prazo de duração

Considerou-se que tais processos com esse tipo de vítima, devem ter no seu horizonte uma data para a conclusão da investigação, não apenas deste mas de todos os casos, e não pode ser perpetuado no tempo, assumindo os tribunais as investigações em todos os casos em que esses processos ainda não se iniciaram, destinado a esclarecer os direitos das pessoas que foram mortas ou estão desaparecidas.

Os processos foram apresentados após o ano de 2010, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal, Sergio Muniz, na sua qualidade de Ministro Coordenador para os casos de direitos humanos, detectou que havia casos em que pessoas foram vítimas de violações de direitos e nenhuma ação foi interposta pelos seus representantes.

Com isso, elaborou-se um cadastro para verificar o número total de pessoas que figuravam nesta qualidade e encomendou à promotoria a elaboração das respectivas queixas.

A morte de Salvador Allende

O Presidente Salvador Allende morreu em 11 de setembro de 1973 (38 anos) em La Moneda, após resistir por horas ao cerco de soldados que buscavam sua derrota e o fim do Governo democraticamente eleito.

Allende fez com que abandonassem as destruídas e incendiadas instalações, como resultado do bombardeio da FACH, a todos os civis, especialmente as mulheres. Então ele se dirigiu para uma das salas próximas, e se matou com uma metralhadora que ele tinha usado na defesa de La Moneda. A arma foi um presente de Fidel Castro.

Como parte das 726 queixas apresentadas pela promotora Beatriz Pedrals ao ministro Mario Carroza do Tribunal de Apelações de Santiago, se encontra o inquérito sobre a morte do antigo Presidente da República, ocorrida em 11 de setembro de 1973. Pedido que contrasta com a decisão do chefe do Programa de Direitos Humanos do Ministério do Interior, o ex-procurador Ross Lama, que retirou um recurso para fazer valer a prisão com vista à eventual julgamento de vários militares acusados do assassinato – com 44 tiros – do cantor e compositor Victor Jara.

Fonte: Red Diario Digital

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