Milhares protestam contra reforma do Ensino Superior no Chile

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Para o movimento estudantil, o projeto de lei do governo, que visa alargar de forma gradual a gratuitidade no Ensino Superior, é insuficiente, pois deixa de fora mais de um milhão de estudantes e está sendo discutido «nas suas costas».

Dezenas de milhares de estudantes manifestaram-se, na terça-feira passada, em Santiago do Chile, em defesa de uma Educação pública de qualidade e exigindo a reformulação da proposta de lei do governo chileno para o Ensino Superior.

Na mobilização, convocada pela Confederação de Estudantes do Chile (Confech), com o apoio de estudantes do Ensino Secundário, sindicatos de professores e diversas organizações do movimento associativo, como a plataforma NO+AFP (contra o sistema privado de pensões), Daniel Andrade, representante dos estudantes da Universidade do Chile, disse à imprensa que, em janeiro último, entregaram ao Ministério da Educação e aos deputados uma série de iniciativas relacionadas com o projeto, sem que «nenhuma delas tenha tido acolhimento».

É inadmissível «votar um projeto de costas voltadas para os movimentos sociais», ignorando «as propostas estudantis», quando «somos nós os protagonistas», sublinhou Andrade. Neste sentido, pronunciou-se também Milena Zúñiga, da Universidade de Santiago, dizendo à Prensa Latina que «a primeira manifestação [estudantil] do ano é um aviso ao governo e aos deputados de que os estudantes não vão ser meros espectadores do projeto de lei».

Projeto insuficiente

O movimento estudantil chileno foi determinante para promover a reforma do sistema educativo herdado da ditadura de Pinochet (1973-1990), que fomentou a criação de universidades privadas e desmantelou a Educação pública nos seus vários níveis. No entanto, o projeto de reforma do Ensino Superior, que deu entrada no Congresso em julho do ano passado, tem sido criticado como «insuficiente».

Pese embora a reforma de Bachellet visar o alargamento gradual da gratuitidade no Ensino Superior e se pronunciar «contra o lucro na Educação», as organizações estudantis afirmam que o projeto é hoje pior que o inicial, não garante a qualidade do Ensino público e abrange apenas 300 mil dos cerca de 1,5 milhões de estudantes que frequentam o Ensino Superior no Chile.

No início do protesto, registaram-se confrontos, com a Polícia lançando gás lacrimogêneo sobre alguns participantes na mobilização, que, de um modo geral, decorreu de forma «pacífica e festiva», informa o Resumen Latinoamericano.

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