CALOTE NOS TRABALHADORES PARA PRESENTEAR GRANDES EMPRESÁRIOS
Caio Andrade*
Mais de 200 mil servidores públicos do Estado do Rio de Janeiro ainda não receberam integralmente os salários do mês de abril. A situação destes trabalhadores é hoje uma das expressões mais agudas do estrago realizado por Pezão, Temer e companhia na vida do conjunto da classe no Brasil em geral e, em particular, no RJ. Há muitos anos controlando o Palácio Guanabara, a ALERJ, além dos mais importantes tribunais do estado, esta perigosa máfia, o PMDB, tem governado o Rio de Janeiro a serviço dos mais espúrios interesses. É cada vez mais notório.
O problema, contudo, vai muito além das quadrilhas políticas em ação no território fluminense. Trata-se de um amplo projeto de sociedade que, entre outras questões, concebe direitos sociais e trabalhistas como privilégios e favores, enquanto naturaliza as renúncias fiscais para empresários. Não basta ser contra a corrupção, mas continuar a favor desta monumental inversão de valores, respaldada pelas leis.
Depois de lucrar rios de dinheiro com base na exploração dos trabalhadores e em inúmeros incentivos do Estado, o empresariado ainda exige isenções de impostos para manter seus investimentos. Dizia-se que tais políticas garantiriam crescimento econômico e emprego, mas o que se verifica na prática são cada vez mais benesses ao patronato em troca de cada vez menos empregos, arrecadação de impostos etc. Não há mínimas contrapartidas, portanto, estamos diante de verdadeiros presentes do Estado à classe burguesa, pagos às custas do calote nos trabalhadores. Tanto no Estado do Rio de Janeiro como em Brasília, o PMDB opera como um bando de capangas da burguesia, destruindo os serviços públicos, promovendo o desmonte dos direitos trabalhistas e espoliando as conquistas sociais do povo com o único objetivo de mostrar serviço aos seus chefes e manter seus cargos de gerência política da barbárie capitalista.
Um povo inteiro não pode ficar à mercê da chantagem burguesa. Mas assim seguiremos enquanto estivermos sob o jugo de governos que comem nas suas mãos, como os governos Pezão e Temer. Em um governo dos trabalhadores, uma das primeiras medidas a serem tomadas diante de situações como esta deveria ser a expropriação de todas as empresas que agenciam a corrupção para conseguir vantagens econômicas às custas do erário. Além disso, todas as empresas que descumprem exigências básicas no plano trabalhista, ambiental, social e afins deveriam passar ao controle dos trabalhadores. Independentemente de cumprirem ou não tais exigências básicas, aquelas empresas que exigissem privilégios fiscais para se manter em funcionamento deveriam ter o mesmo destino imediatamente. Afinal, se não tem condições de administrar os negócios e preservar os empregos, deveriam entregar tudo a quem o possa fazer.
A produção e a prestação de serviços sem os trabalhadores não são nada. Sem os patrões, contudo, podem continuar normalmente. Mais do que isso: podem melhorar. Não precisamos deles para controlar nossas vidas. Não precisamos deles nos governando. Podemos perfeitamente fazer tudo isso sem eles. Não só podemos, como precisamos. O preço social para manter o capitalismo é cada vez mais alto e as contas não estão fechando. Não para a maior parte das pessoas, pelo meno
*É diretor do SEPE-RJ e Coordenador Nacional da Unidade Classista