Com os olhos em Gaza
Além da crise sócio-econômica que atinge a Grécia, outro assunto tem atraído a atenção do mundo para este país. É a presença da chamada Flotilha da Liberdade 2 no porto de Atenas. Ela é composta por barcos de várias nacionalidades e tem por objetivo denunciar o bloqueio marítimo imposto por Israel à Faixa de Gaza. Entre seus integrantes, há numerosos judeus, como a sobrevivente do Holocausto Hedy Epstein e o ex-piloto da Força Aérea de Israel Yonathan Shapira (uma entrevista com ele aparece no site www.democracynow.org).
O governo grego, politicamente fragilizado e dependente de apoio financeiro externo para fugir de uma moratória desastrosa, cedeu às pressões dos governos norte-americano e israelense, desautorizando, até o momento, a partida dos barcos (que não carregam armamentos, apenas ajuda humanitária).
Parte da opinião pública israelense tem se insurgido contra a atitude de seu governo em relação à Flotilha e à Faixa de Gaza. Um manifesto, assinado por dez organizações israelenses, acaba de ser divulgado, reivindicando, entre outros ítens, passagem livre para a Flotilha e o fim imediato do bloqueio marítimo a Gaza. A diretoria da ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação reproduz o documento, com o objetivo de democratizar o debate que se trava em torno desses assuntos. Com mais informação, se pode formar uma opinião mais consistente.
Apoio à Flotilha da Liberdade
Nós, organizações israelenses, judaicas e árabes, apoiamos fervorosamente a Flotilha da Liberdade, que pretende navegar até o porto de Gaza com o objetivo declarado de furar o bloqueio marítimo e o cerco terrestre à Faixa de Gaza, símbolo da ocupação israelense. Condenamos a campanha de difamação movida pelo governo israelense contra a Flotilha e aqueles que dela participam.Temos razões para temer que as mentiras divulgadas pelo governo israelense possam ser usadas como pretexto para eventuais atos de violência contra os ativistas que participam deste que é um legítimo ato político de protesto.
A Flotilha é, de fato, um corajoso ato político de protesto, uma expressão de solidariedade internacional com o povo palestino e de repúdio às práticas repressivas da ocupação israelense, tal como se manifestam, por exemplo, no cerco e bloqueio a Gaza e na aplicação de punição coletiva contra a população civil.
Hoje, a Faixa de Gaza é pouco mais do que uma gigantesca prisão a céu aberto, onde um milhão e meio de pessoas são privadas de seus mais elementares direitos. Aos palestinos de Gaza deve-se reconhecer o direito de estabelecer contato além das fronteiras da Faixa. O mesmo para o direito de abrir e manter um porto marítimo, onde os barcos possam atracar e partir livremente, transportando os bens que movimentem sua economia e satisfaçam suas necessidades. Aos palestinos devem ser garantidos todos esses direitos – os mesmos, nem um pouquinho a menos, que têm os israelenses. O Estado de Israel tem a obrigação, de acordo com as leis internacionais, de acabar com o controle direto e indireto da Faixa de Gaza, etapa indispensável para que se termine a ocupação de terras palestinas e se abra caminho para um Estado da Palestina independente.
Reiteramos que, ao contrário do que afirmam os representantes do governo israelense, a Flotilha se fundamenta em princípios de não-violência. Mesmo se atacada pelas Forças Armadas israelenses, os ativistas garantem que responderão de forma não-violenta. Um membro da equipe de coordenação da Flotilha declarou, explicitamente, que “não existem armas de nenhum tipo em nossos barcos – o que foi confirmado por dezenas de representantes da mídia internacional, que estiveram a bordo destas naves. Os ativistas que se candidatam a participar da Flotilha passam por um treinamento em técnicas de não-violência e assinam um documento em que se comprometem a não usar violência.”
O governo de Israel está tentando criar um clima de medo com relação à Flotilha e desencorajar as pessoas a participar dela. Para tanto, divulga mentiras sobre uma suposta preparação para que os ativistas reajam violentamente à abordagem dos barcos e matem soldados. Também acusam os ativistas de quererem contrabandear armas para Gaza. Ao mesmo tempo, uma pressão sem precedentes está sendo aplicada a jornalistas internacionais, para desencorajá-los a fazer uma cobertura ao vivo dos acontecimentos.
Condenamos com veemência o governo da Grécia por ter bloqueado a Flotilha, impedindo-a de zarpar para Gaza. Esta decisão viola a legislação internacional sobre a Liberdade nos Mares e não é razoável. Informações veiculadas pela imprensa israelense sobre contatos entre os governos de Israel e Grécia sugerem que os gregos cederam, de forma inaceitável, a pressões políticas.
Conclamamos o governo da Grécia a revogar o bloqueio, deixando que a Flotilha siga seu caminho em segurança.
Conclamamos o governo de Israel e suas Forças Armadas a deixar os barcos chegarem a Gaza e desembarcarem sua carga de ajuda humanitária.
Esperamos que os barcos cheguem em segurança a seu destino.
Conclamamos o governo de Israel a dar um fim ao cerco e bloqueio da Faixa de Gaza.
Centro de Informação Alternativa
Coalizão de Mulheres pela Paz
Combatentes pela Paz
Gush Shalom
Hithabrut-Tarabut
Comitê Israelense contra as Demolições de Casas
Novo Perfil
Rabinos pelos Direitos Humanos
Ta’ayush: Parceria Árabe-Judaica
Yesh Gvul