Camaradas do Partido Comunista de Venezuela e da Juventude Comunista Venezuelana

Camaradas do Partido e da Juventude Comunista Venezuelana!

Camaradas de organizações e Partidos presentes; convidados e convidadas!

Em nome do PCB (Partido Comunista Brasileiro), saudamos calorosamente o XIV Congresso do nosso querido PCV, fazendo votos de que os intensos debates desde as bases do Partido e da Juventude iluminem as resoluções congressuais, no sentido de aprimorar e adequar à realidade mundial, latino-americana e venezuelana, em particular, a ação política desse combativo partido irmão, de forma a potencializar seu papel como vanguarda do proletariado e das massas trabalhadoras.

Não é por acaso que este Congresso mobilizou este grande número de partidos comunistas e socialistas aqui presentes e está sendo observado com atenção por militantes antiimperialistas em muitos países. É um privilégio para o PCB presenciar este evento.

Na Venezuela, trava-se uma batalha política e ideológica polarizada, cujos resultados terão conseqüências no tabuleiro da correlação de forças no âmbito internacional, sobretudo na América Latina. A continuidade e o impulso da Revolução Cubana, as mudanças sociais que se operam na Bolívia e no Equador, a luta contra a direita e pelo avanço das idéias socialistas nos demais países da região dependem, em grande medida, do embate que se dá na Venezuela.

Na disputa política no interior da revolução bolivariana e na luta contra a oligarquia local, associada ao imperialismo, o PCV sabiamente compreende a importância da liderança de Hugo Chávez, mas não deixa de chamar a atenção para a necessidade de se levarem à frente os fatores que poderão impulsionar a revolução nacional e democrática em curso na Venezuela no rumo ao socialismo: a mobilização e a organização dos trabalhadores e das forças populares, antiimperialistas e socialistas. Como ouvimos do emblemático camarada Jerônimo Carrera, há alguns anos, “a revolução bolivariana não se faz sem Chávez; mas não se faz só com Chávez”. O PCV também acerta quando mantém sua independência em relação ao governo, numa equação dialética de unidade e luta.

O nosso Partido se associou ao PCV e a inúmeras forças e personalidades de vários países na condenação da repatriação de revolucionários para o estado terrorista da Colômbia. Por mais que entendamos as chamadas razões de estado, esperamos que se ponha um fim a este desvio de rota. A libertação de Julián Conrado, por parte do governo venezuelano, é uma exigência moral e política de todas as forças progressistas que, no mundo inteiro, olham com carinho e esperança a revolução bolivariana.

Por outro lado, não podemos subestimar a agressividade do imperialismo. Guerras localizadas são uma das soluções de que ele se valerá cada vez mais, para tentar superar a grave crise por que passa o modo de produção capitalista. É um equívoco achar que a América Latina está imune à bestialidade imperial. No auge das mudanças em nossa região, os EUA trataram de reativar a IV Frota, organizar o golpe em Honduras e instalar mais sete bases na Colômbia, país que cumpre na América Latina o papel reservado a Israel no Oriente Médio. Nossa região desperta a cobiça dos países imperialistas, pois é riquíssima em minerais não renováveis, biodiversidade e recursos hídricos em abundância.

Para evitar guerras localizadas na América Latina é preciso desmontar a bomba relógio armada na Colômbia. Até porque, hoje, se o imperialismo chegasse ao ponto de escolher apenas um país para agredir e tentar ocupar em nossa região, este país é fronteiriço à Colômbia. Chama-se Venezuela. Por várias razões: as extraordinárias reservas petrolíferas, a localização estratégica e o potencial antiimperialista do processo venezuelano, uma referência para os povos da Nossa América.

Nesse sentido, além de defendermos os processos de mudança e a retirada da presença militar ianque na região, é tarefa prioritária contribuirmos para a resolução do conflito na Colômbia, que não será resolvido pela via militar, porque têm raízes em problemas sociais e políticos que, longe de terem sido resolvidos, se agravaram.

Ao imperialismo e à oligarquia colombiana não interessa o fim do conflito, a não ser pela paz dos cemitérios, com o massacre de militantes, como fizeram nos anos 90, com a União Patriótica. Ao contrário, as organizações insurgentes (FARC e ELN) vêm reiterando sua disposição ao diálogo, desde que este não signifique o suicídio coletivo de seus militantes, mas uma paz democrática com justiça social e econômica, que também resulte no fim do terrorismo de estado, do paramilitarismo, dos deslocamentos forçados, dos falsos positivos, dos milhares de presos políticos, dos assassinatos de sindicalistas e militantes populares.

Os Partidos Comunistas e as organizações operárias, progressistas, antiimperialistas e democráticas latino-americanas devem ter um papel determinante na busca deste diálogo, que tem como pré-requisito atribuir-se à insurgência o status de organização política beligerante.

O PCB propõe a realização de um amplo evento deste espectro de forças, para pressionar a que se mova a organização que tem mais legitimidade para levar à frente o esforço para viabilizar este diálogo: a UNASUR. Quanto aos brasileiros, precisamos nos somar a uma iniciativa nascida em Buenos Aires, constituindo em nosso país o amplo movimento Latino-Americanos pela Paz na Colômbia. Como internacionalistas, consideramos que esta iniciativa multiplicará suas possibilidades de êxito se contar com o apoio decisivo do governo brasileiro, em função da importância que o Brasil desfruta na comunidade internacional, nomeadamente na América Latina.

Longa vida ao Partido Comunista da Venezuela;

Todo apoio ao avanço da revolução bolivariana;

Fora a IV Frota e a presença militar norte-americana na América Latina;

Impeçamos que a guerra imperialista chegue ao nosso continente;

Viva o socialismo!

(Intervenção do Secretário Geral do PCB, Ivan Pinheiro, no XIV Congresso do Partido Comunista de Venezuela – agosto de 2011)