A farsa midiática da aprovação do governo Renan Filho
Osvaldo Maciel*
Pesquisas divulgadas recentemente indicariam que o governo Renan Filho possui aprovação de considerável parcela da população alagoana, e nas intenções de votos para as eleições estaduais deste ano, seria reeleito com alguma folga diante de seus principais adversários. Sabemos o que está por trás desse tipo de pesquisa, e como elas são elaboradas. O que impressiona é alguém acreditar que o Governo do PMDB em Alagoas possui essa avaliação tão positiva, tendo cometido graves erros e equívocos de políticas públicas em várias pastas nos últimos três anos. Apenas um forte bloqueio midiático a críticas e a notícias com versões alternativas aos principais acontecimentos pela mídia oligárquica pode gerar essa impressão de governo moderno, eficiente, sem crise e “chegando lá”, no caminho e na hora certa, tal como prometem no slogan de governo. Triste engano! Quem convive com o cotidiano das microrregiões de Alagoas e conhece os dilemas de qualquer esquina de nossas cidades sabe que isso é mentira! Mesmo com a nada republicana realidade de que a imprensa alagoana necessita do apoio e das verbas estaduais para manter-se funcionando – expediente que ajuda a silenciar as críticas e dificultar a visibilidade de alternativas políticas aos grupos políticos tradicionais – é perceptível o mal estar que transparece na imensa maioria dos viventes de Alagoas.
Essa insatisfação reside, por exemplo, na deterioração dos diversos serviços públicos ofertados pelo Estado, indo desde a Saúde até a Segurança Pública, mas também no que se refere à Educação e à Cultura. Ao longo dos últimos anos, percebemos que políticas públicas são descontinuadas ou sobrevivem com parcos recursos financeiros e de pessoal. Há uma sobrecarga de trabalho sobre os ombros de um conjunto cada vez mais reduzido de servidores abnegados, que a cada ano veem seus vencimentos com o poder de compra reduzidos. Ademais, o Poder Executivo – apesar de manter sua folha salarial em dia, uma obrigação constitucional – não perde nenhuma oportunidade para falar da dificuldade de manter a regularidade dos pagamentos da folha salarial dos servidores, insinuando a atrocidade de atrasar salários de trabalhadores que dedicam sua vida ao serviço público estadual. Tudo isso, tendo como desculpa a Lei de Responsabilidade Fiscal e o pagamento polpudo de juros da Dívida Pública interna.
Esse governo é representante legítimo do setor rural, e possui compromissos com o agronegócio e o amparo ao destrutivo setor usineiro, sem a devida atenção aos milhares de trabalhadores da cana que estão desempregados e que são forçados à migrar para a periferia de Maceió pela falta absoluta de oportunidades de trabalho decente na zona canavieira. Não é casual que, em mais um escândalo envolvendo o Governo de Alagoas, protagonizado por uma empresa terceirizada pela SEINFRA, os dois trabalhadores mortos em serviço de reparo na tubulação de abastecimento d’água de Maceió sejam oriundos de municípios da zona canavieira (um deles, Adeilson Batista da Silva era de São José da Lage, o outro, Cicero Porto da Silva, morava em Rio Largo). Ambos, buscavam o pão de cada dia em condições precárias de trabalho, sem fiscalização e sem uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), num claro desrespeito aos direitos básicos dos trabalhadores, que teve desfecho trágico e criminoso.
Além de episódios como esse, que expõem a chaga do executivo estadual, alguns problemas estruturais estão se agravando com o descaso deliberado de políticas planejadas para darem errado. Veja-se o caso da manipulação dos índices de violência. Violência que leva a morte de jovens negros, trabalhadores ou filhos de trabalhadores, e moradores de periferia, com números que ganham destaque inclusive em comparação aos índices nacionais, que já são bastante elevados para o padrão mundial. Assassinatos, estupros e outros crimes ficam sem investigação adequada. Violações de direitos humanos em abordagens policiais e perseguição explícita a determinados grupos sociais ou localizados em algumas regiões das nossas cidades vão ganhando ares de normalidade, tal é nossa perversa conjuntura e a formação da opinião pública que está sendo montada. Tudo isso com o apoio reiterado dos três ou quatro grupos empresariais que monopolizam os meios de comunicação e informação em Alagoas e que não medem as consequências para continuar com essa concentração de poder de informação, forjando a impressão de que estamos as mil maravilhas.
Essa nota do PCB Alagoas vai no sentido de denunciar estes descasos e desmandos do poder executivo estadual, e soma-se a outras denúncias que ocorrem nas redes sociais, produzidas por movimentos sociais, partidos de esquerda e intelectuais comprometidos com a construção do Poder Popular. Ao mesmo tempo, para combater de forma orgânica esse estado de coisas, chamamos todos os partidos da esquerda socialista, todas as forças políticas que não aceitam ver a sociedade alagoana sofrendo com reiterados descasos de governos que entram e saem sem mudar os rumos dessa grave situação, à construção de uma unidade combativa pelo Poder Popular, antioligárquica e anticapitalista!
Ilustração: Comissão de Agit&Prop do PCB
*Secretário Político do PCB-Alagoas
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