Venezuela Bolivariana: o auge do confronto anti-imperialista

Venezuela Bolivariana: o auge do confronto anti-imperialista Por Carlos Aznárez

Resumen Latinoamericano

Não se trata de dramatizar, exagerar ou esboçar conspirações apocalípticas, porém, cada uma das peças que o Império está movendo no tabuleiro latino-americano aponta para o estabelecimento de intervenção militar contra a Venezuela bolivariana. Poderá ser terceirizada ou de forma direta com as falsas desculpas de “humanitarismo”, porém a situação adquire cada vez mais gravidade caso se leve em conta que toda estrutura belicista poderia estar orientada a impedir que o povo chavista volte a proporcionar uma contundente surra eleitoral ao poder oligárquico em abril.

Existem múltiplos elementos que auxiliariam a armar uma iminente confusão intervencionista a partir da tomada de decisão do governo estadunidense de apurar a queda do governo ultra legítimo de Nicolas Maduro. Primeiro, há uns dois meses, o porta-voz foi o vice-presidente Mike Pence, que percorreu o continente visitando presidentes “amigos” para ordena-los a apertar os cintos do bloco econômico. Não foi como esperava, mas deixou a semente que, há poucos dias, tentou voltar a semear o chanceler Rex Tillerson. Desta vez a proposta de aumentar a beligerância contra o “ditador” Maduro foi amplamente comprada por dois esteios da equipe neoliberal mais agressiva. Tanto Macri (basta apenas observar a foto da cara de apaixonado com que olha Tillerson), como o filhotinho Santos, subiram no porta-aviões made in USA e prometeram ser os primeiros na investida que Washington resolver.

Depois, existe um acúmulo de gestos indicativos do perigo em crescimento. A saber: as declarações do subsecretário de Estado para a América Latina e o Caribe, Francisco Palmieri, oferecendo ajuda à Colômbia e ao Brasil devido “à gigantesca e contínua migração venezuelana para ambos territórios”. Palmieri utiliza ali o viés intervencionista “humanitário”, o mesmo com o qual vem insistindo o cadete da CIA, Luis Almagro, ou seu cúmplice peruano Kuzinsky, um dos impulsionadores dessa máfia presidencial autodenominada Grupo de Lima. Nessa mesma sintonia, Macri deu luz verde para que os estudantes venezuelanos “venham para a Argentina fugindo do caos ditatorial, para que não sofram mais dissabores” e, portanto, diferente daqueles que provém de outros países, serão legalizadas de imediato sua situação educacional. A manobra, como se vê, é demonstrar que “a ditadura venezuelana” não pode ser mais permitida. Algo similar ao que durante anos os Estados Unidos tentaram com Cuba e há muito pouco tempo com a “ditadura síria”, que se resume na frase: “torno sua vida impossível, obrigo sua gente a emigrar, os recebo com os braços abertos e, depois, invado humanitariamente”. Para completar, militarmente também existem dados inquietantes: a presença do Comandante do Comando Sul na Colômbia, do movimento de tropas na fronteira amazônica do Brasil e Colômbia, outra vez com a desculpa migratória venezuelana. O ponto central de confluência destas preparações é a base móvel brasileira de Tabatinga, que foi inaugurada em novembro passado com os exercícios militares conjuntos dos EUA, Brasil, Colômbia e Peru, onde foram praticadas simulações de invasão “a um país sob domínio comunista”. Como nas velhas épocas.

Na sucessão intervencionista, logo foi a vez do embaixador ianque em Bogotá, Kevin Whitaker, que afirmou que a Venezuela necessita “uma saída democrática, institucional e rápida”. Em seguida, Santos e Uribe, cada a sua maneira, aplaudiram a oferta e enquanto o mandatário colombiano assegurava que não reconhecerá as eleições de abril, o paramilitar Uribe ateava mais gasolina ao fogo, apontando para uma intervenção militar “com o apoio colombiano”. Tudo isto no marco da reocupação territorial por grupos paramilitares colombianos em Cúcuta, em Catatumbo e outros pontos próximos à Venezuela. Isso sem mencionar a recente presença de soldados ianques na zona de Tumaco (a mesma onde no ano passado foram assassinados vários camponeses pelo ESMAD) e a intensa atividade de entrada e saída de homens e equipes das nove bases dos EUA na Colômbia.

Com toda precisão, o ex-militar e agora analista geoestratégico William Izarra fala que o “Operativo Tenazas” continua se fechando e menciona como territórios poderiam ser utilizados para uma intervenção em grande escala, além da Colômbia, a Guiana e as ilhas-colônias holandesas de Aruba, Bonaire e Curaçao, todos elas lugares onde os militares norte-americanos passeam como em casa.

Assim são as coisas, e com Trump ladrando, o mais lógico é que no plano interno se cerrem fileiras. Frente à esperada retirada da oposição da mesa de negociações de Dominicana, cumprindo uma ordem de seus amos imperiais, e com o aumento da escalada de bloqueio e guerra econômica imposta por Washington, seus cúmplices latino-americanos e da União Europeia, se impõe que o povo venezuelano se prepare para repetir a proeza vitoriosa de 31 de julho passado. Sem uma única dúvida, todos e todas estão convencidos de que em abril chega a segunda parte da mãe de todas as batalhas, e que diferente da encarada pelos Estados Unidos para massacrar o povo iraquiano em 1991, esta será para ratificar mais uma vez que a Revolução é necessária não só para assegurar a paz na Venezuela, mas para atiçar o fogo da rebeldia continental e mundial. Não, esta não será mais uma eleição de todas que o chavismo ganhou, mas respaldando unitariamente Maduro, será possível dar um soberano chute no traseiro naqueles que estão tentando fazer com que nossos povos, todos eles, regressem à Idade Média.

Agora, se por obra da impunidade da qual se vangloriam, Trump, Rajoy, Macri e Santos se animarem a adiantar planos e decidirem lançar direta ou indiretamente uma escalada militar, antes ou depois das eleições, no plano local venezuelano, não cabem dúvidas que, como assinalou Diosdado Cabello, sobre uma invasão disfarçada de ajuda humanitária: “É provável que vocês entrem, porém vamos ver como vão sair”. E no cenário continental terá chegado a hora de “fazer arder a pradaria”. Não são tempos de grandes discursos e de prometer solidariedade por rotina, já que na Venezuela se joga por décadas a sorte de Nossa América e do socialismo. No caso de ser fiel ao legado insurgente de Hugo Chávez é preciso demonstra-lo com as ideias, com o coração e pondo o corpo como fez o Eterno comandante.

Fonte:http://www.resumenlatinoamericano.org/2018/02/13/venezuela-bolivariana-el-punto-maximo-de-la-confrontacion-antiimperialista-por-carlos-aznarez/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

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