A ocupação israelense mantém violações contra Jerusalém

Ahed Tamimi, a adolescente convertida em símbolo da resistência palestina

Resumen Latinoamericano

Jim Fitzpatrick: ‘Ahed Tamimi, para mim, é o símbolo da nobreza frente à oposição’.

O artista irlandês Jim Fitzpatrick, o homem por trás da famosa gravura em vermeho e preto do Che Guevara, se inspirou em uma nova heroína, a adolescente palestina Ahed Tamimi

Fitzpatrick criou uma impressão de al-Tamimi segurando uma bandeira palestina sobre o símbolo da Mulher Maravilha, da DC Comics. Na impressão aparece escrito: “Existe uma verdadeira mulher maravilhosa”. A imagem pode ser encontrada em sua página web.

Ahed, de 17 anos, se converteu em um símbolo internacional da resistência palestina depois de sua prisão em dezembro do ano passado, que se produziu dias depois de um enfrentamento com soldados israelenses.

“Ahed al-Tamimi, para mim, significa nobreza frente à opressão. É somente uma menina”, declarou Fitzpatrick à web de notícias Newsweek.

“Quando tinha 15 anos, acho que ficaria petrificado. De onde for que obtenha sua coragem, chegou a todo o mundo. Só sou parte disso”. Declarou: “Tenho medo que a matem. E é por isso que estou fazendo isto”.

No incidente, que ocorreu em seu povoado natal Nabi Saleh, próximo de Ramallah, Ahed foi gravada por sua mãe, Nariman, gritando e empurrando dois soldados. Se vê Ahed chutando um soldado e golpeando o rosto, e ameaçando bater no outro. O vídeo se tornou viral e só quatro dias depois, na noite de 19 de dezembro, Ahed e sua mãe foram presas após os soldados assaltarem sua casa. Ahed declarou que o incidente aconteceu depois que ela viu um vídeo, no qual seu primo, de 15 anos, recebeu um disparo na cabeça com uma bala de borracha.

Ahed enfrenta 12 acusações, incluindo assalto, “incitação” e lançamento de pedras. Caso seja condenada, terá que cumprirá um longo período na prisão. O juiz Menachem Liberman, ordenou que o caso, levado a cabo por um tribunal militar, tramitasse de portas fechadas.

O juiz esclareceu a corte de diplomatas, jornalistas e partidários de Ahed. Liberman declarou que a intenção da medida era proteger a privacidade de Ahed, como menor de idade. A advogada da adolescente, Gaby Lasky, declarou que sua cliente estava disposta a renunciar a este direito.

“Este tribunal de ocupação teme que este caso seja má publicidade para Israel”, declarou a Sra. Lasky. “Depois de colocar Ahed sob detenção aberta em violação a seus direitos como menor de idade, o tribunal agora usa o falso pretexto de proteger estes direitos para se proteger das críticas que apresenta este caso”.

Fonte original: Monitor de Oriente


Um palestino morre sob detenção das forças israelenses

AlMayadeen – Um palestino de 33 anos, identificado como Yasir Omar Saradeeh, perdeu a vida em Ariha, na Cisjordânia ocupada, pouco depois que as forças de ocupação israelenses o detiveram na manhã desta quinta-feira, durante uma manifestação contra o regime de Tel Aviv.

O exército israelense informou à família de Saradeeh que o jovem palestino sofreu convulsões depois de inalar gás lacrimogêneo durante enfrentamentos registrados em Ariha (Jericó), segundo reportou a agência WAFA.

No entanto, testemunhos presenciais asseguraram que as forças israelenses foram impiedosas golpeando a vítima após detê-la. A família de Yasin Omar manifestou que este não tinha nenhum problema de saúde antes de sua prisão. Conforme denunciou a Sociedade de Prisioneiros Palestinos (SPP), uns 213 palestinos, inclusive Saradeeh, foram assassinados pelas forças de segurança israelense após serem presos, desde a ocupação de 1967.

Do mesmo modo, 75 morreram como resultado de assassinato premeditado, sete assassinados a tiros durante sua detenção, 59 por negligência médica e 72 por tortura, acrescentou a SPP.

Na jornada desta quinta-feira, também transcendeu que o município de Jerusalém aprovou a construção de 3 mil habitações fora da Linha Verde, no terreno entre o bairro de Gilo e a estrada dos túneis.

O vice-prefeito de Jerusalém expressou que “hoje é um dia histórico para a cidade” ocupada.

A ocupação israelense continua suas violações contra Al Quds (Jerusalém)

HANAA MAHAMEED

A ocupação israelense continua suas violações contra Al Quds (Jerusalém) e seus habitantes através de seu novo plano de segurança no portão Al Amud, complicando a vida cotidiana dos filhos desta cidade sagrada.

Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch? v=EKet3oEA80U


A ocupação israelense continua suas violações contra Al Quds (Jerusalém).

A qualquer transeunte pode parecer estar entrando em uma base militar e não na velha cidade, repleta da vida de uma sociedade civil palestina. Uma impressão que a ocupação israelense trata de planejar minuciosamente através de suas novas medidas militares neste local tão histórico.

A memória se remonta há pouco anos, evocando o momento em que filmávamos aqui as vivências cotidianas das pessoas. Nunca pensamos que isso pudesse converter-se tão rápido em um documento histórico do lugar. Bab Al Amud, ou o Portão de Damasco, foi construído na época romana e adquiriu sua estrutura atual durante a época autônoma. Para os que habitaram Al Quds recentemente, Bab Al Amud representa uma praça para fazer as compras, relaxar e vislumbrar a paisagem da velha Al Quds.

Dispositivos, plataformas, sombras, câmeras e torres de segurança da Ocupação vigiam e monitoram cada movimento ou murmúrio que ocorrem aqui. Porém, a deformação e o vandalismo do patrimônio e da história é um assunto mais das tantas violações israelenses. Realmente dói muito ouvir hoje o ruído dos trabalhos militares mais alto que as vozes dos vendedores e dos habitantes e turistas que têm tantas histórias com este lugar e tantas vivências gravadas nas memórias dos palestinos. E pior ainda são as suspeitas de que estes atos sejam justamente uma introdução para algo oculto ainda mais complexo.

Das prisões a Gaza: o sistema punitivo de uma ocupação ilegal

Apesar da ilegalidade da ocupação, Israel mantém trancadas algo em torno de 6.000 pessoas palestinas. As organizações de direitos humanos reclamam a aplicação da Convenção de Genebra em território ocupado. As pessoas detidas são prisioneiras de guerra, porém Israel não entende assim. Desde 15 de fevereiro, os e as encarceradas do regime de detenção administrativa boicotarão os julgamentos dos tribunais israelenses.

Artigo de ISABEL PÉREZ – 20 de fevereiro de 2018

O jovem palestino Mustafa Al-Moghrabi diz não lembrar o que aconteceu minutos depois de um grupo de colonos israelenses começar a agredi-lo. Mustafa acabara de rezar na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, quando os colonos se correram em sua direção. No entanto, o vídeo do jovem deitado no solo, convulsionando e sangrando será lembrado pela opinião pública durante muito tempo.

[Advertência: este vídeo contem imagens que podem ferir a sensibilidade]: https://www.youtube.com/watch? v=p4tqUc4BfPc

“Foram 10 ou 15 colonos. Eu saia da mesquita e ouvi que me diziam algo. Virei para ver o que diziam. Até que não vi o vídeo, não soube o que tinha me acontecido”, explica o jovem em uma entrevista.

Tanto ele como sua família sabem que dito grupo não será detido pelas autoridades israelenses, que mantêm os territórios palestinos da faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, sob ocupação desde 1967. Neste regime, a entidade ocupante, Israel, aplica um sistema judicial desigual e injusto para a população nativa palestina. Para esta, julgamentos, independentemente de se são menores de idade. Para as pessoas judias que colonizam as terras e habitam vários dos assentamentos ilegais nos territórios palestinos, um sistema civil.

Colocar um véu ante a opinião pública

Ahed Tamimi é o rosto dos mais de 350 meninos e meninas palestinas trancadas em cárceres israelenses, que devem passar por julgamentos militares. Em 13 de fevereiro passado, mais uma vez, o julgamento voltou a atrasar sua sentença. A sessão, além disso, foi a portas fechadas.

“Isso não está certo. Necessitamos que os meios de comunicação e as pessoas vejam o que está ocorrendo”, explicou o pai de Ahed ante as câmeras que gravaram a menina prisioneira. “Não confiamos nesta corte, tampouco neste sistema. Tememos o que tenham preparado para Ahed e sua mãe”.

Até o momento, todas as sessões tinham sido públicas. A defesa de Tamimi, a advogada e defensora dos direitos humanos israelense Gaby Lasky, disse que a razão pela qual o tribunal decidiu celebrar a sessão a portas fechadas é o medo da opinião pública.

“O tribunal tem medo que a gente vença, entre e veja o que está acontecendo: a infração sistemática dos direitos dos e das meninas palestinas”, explicou Lasky na saída do julgamento. “Ahed tem direito de resistir à ocupação. Isso não é uma conduta criminosa. Hoje apresentamos declarações preliminares dizendo que a ocupação não é legal e, por isso, a legitimidade deste tribunal é questionável”.

Ahed pode pegar 12 anos de prisão por “resistir à ocupação”, isto é, participar de protestos e marchas em seu povoado, Nabi Saleh na Cisjordânia. Ahed foi detida em 19 de dezembro de 2017, após esbofetear um soldado israelense nos arredores de sua casa, pouco depois de saber que seu primo Mohamed, de 15 anos, tinha sido baleado na cabeça e estava em coma em um hospital.

Boicote aos julgamentos por detenção administrativa

Apesar da ilegalidade da ocupação Israel mantém trancafiadas aproximadamente 6.000 pessoas palestinas em cárceres existentes tanto no território palestino ocupado como em Israel. A população palestina se vê forçada a defender-se dentro de um marco legal criado para favorecer a detenção e a proposta de lei segue avançando na Knesset, inclusive a execução de pessoas palestinas. As organizações de direitos humanos não deixam de repeti-lo: em território ocupado deveria ser aplicada a Convenção de Genebra. As pessoas detidas são prisioneiras de guerra, porém Israel não entende assim.

Desde de quinta-feira, 15 de fevereiro, tal e como apontou o Clube de Prisioneiros e Prisioneiras da Palestina, os e as encarceradas em regime de detenção administrativa boicotarão os julgamentos dos tribunais israelenses. Assim como está ocorrendo com Ahed Tamimi, suas sentenças entre as grades da ocupação sofrem contínuos prolongamentos. Os que faz com que uma detenção administrativa que, a priori, dura um, dois ou três meses, se converta em uma condenação de anos. Isto provoca o decaimento do estado psicológico das e dos prisioneiros ao desconhecer totalmente o que pode acontecer.

“Começaremos u boicote aberto a todos os tribunais de detenção administrativa porque cremos que o núcleo da resistência a esta política provém do boicote a este sistema jurídico israelense” – reza o comunicado do boicote – “Chamamos os meios, os comitês jurídicos e públicos a que nos apoiem nesta campanha”.

A detenção administrativa permite a Israel encarcerar a gente palestina sem que esta tenha direito a uma defesa justa, mantendo as acusações em segredo, uma prática de contravenção das leis internacionais.

Gaza, a prisão ao ar livre, agoniza

Nos últimos sete dias, as forças israelenses feriram 45 civis palestinos, incluindo 17 menores, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, segundo indica o Centro Palestino para os Direitos Humanos (PCHR).

“Vinte e seis foram feridos na Faixa de Gaza, entre eles, 10 menores e 2 pescadores”, aponta o Centro. “Na Faixa de Gaza, as forças israelenses continuaram seus ataques contra pescadores, pondo em perigo suas vidas e sua única forma de subsistência”.

Os organismos internacionais e locais alertam sobre a perigosa situação que se vive na Faixa de Gaza, cuja economia poderia ser derrubada em um período de dois meses se as condições e o bloqueio não foram solucionados.

Os protestos ocorrem em toda a Faixa. Algumas vezes são jovens que vão à Linha Verde, outras são agricultores, comerciantes ou estudantes que realizam manifestações nas imediações das inacessíveis passagens fronteiriças.

Na passagem Beit Hanún-Erez, administrada por Israel, se alcançou o recorde de menos permissões outorgadas para casos médicos. Em uma nota de imprensa conjunta, o Centro Al Mezan para os Direitos Humanos, Anistia Internacional, Human Rights Watch, a britânica Ajuda Médica para a Palestina (MAP) e a israelense Médicos pelos Direitos Humanos, denunciaram que em 2017 morreram 54 pessoas enquanto esperavam uma permissão israelense para sair para tratamento.

“Vemos que Israel nega ou atrasa cada vez mais o acesso ao tratamento de câncer e outras enfermidades, tratamentos que salvam vidas fora de Gaza. Vemos um número surpreendentemente alto de pacientes palestinos que morrem, enquanto o sistema de saúde de Gaza está submetido a meio século de ocupação e uma década de bloqueio”, disse Aimee Shalan, diretor executivo da MAP.

O Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários em territórios palestinos ocupados (OCHA, sigla em inglês) assinala que o total de dias em 2017 que o Egito abriu a passagem de Rafah foram 36. Recentemente, se abriu de novo durante três dias e com restrições, porém a lista de espera ascende a mais de 20.000 pessoas, incluindo casos humanitários.

Fonte original: AraInfo.org


Palestina: Informe da ONU critica duramente o negócio da ocupação: fazer dinheiro com os assentamentos

O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas (ODHNU) publicou, na semana passada, a atualização de sua investigação para elaborar uma base de dados de empresas envolvidas nos assentamentos ilegais de Israel nos territórios palestinos ocupados, segundo o ordenado por uma resolução do Conselho de Direitos Humanos da ONU, adotada em março de 2016.

O informe revela que identificaram 206 empresas, em sua maioria israelenses ou estadunidenses, envolvidas em atividades diretamente vinculadas aos assentamentos ou que constituem processos que “permitam e apoiem seu estabelecimento, expansão e manutenção”.

La actualización, sin embargo, no incluye el listado de dichas empresas y solicita “más recursos” para completar el trabajo y contactar incluso con las 206 empresas. Solo así, según el informe, la oficina podría “proporcionar en una actualización futura los nombres de las empresas dedicadas a las actividades enumeradas”.

Intensa pressão estadunidense e israelense

O fato dos nomes das empresas não terem sido publicados é uma vitória para Israel, ainda que não por muito tempo. O informe é um acontecimento positivo, sobretudo frente à intensa pressão exercida por Israel e pelos Estados Unidos sobre o Escritorio do Alto Comissionado das Nações Unidas pelos Direitos Humanos, com o propósito de paralisar a elaboração da base de dados.

Antes de se votar em março de 2016, em Genebra, o mandato para a elaboração da base de dados, tanto Israel como os Estados Unidos exerceram “intensos esforços diplomáticos” para bloquear a resolução. Em agosto de 2017, as informações publicadas nos meios de comunicação estadunidense e israelenses constatavam que estavam intensificando as pressões bloquear sua publicação.

É lamentável que ainda não se tenha publicado a base de dados completa com os nomes das empresas, a atualização é em si importante por várias razões. Em primeiro lugar, o informe do Escritório do Alto Comissionado das Nações Unidas para os Direitos Humanos estabelece que os assentamentos são uma grave violação do direito internacional e um empreendimento intrinsecamente discriminatório.

“Os assentamentos estão alterando extraordinariamente a composição demográfica do território palestino ocupado e ameaçam fundamentalmente o direito dos palestinos à autodeterminação”, afirma o informe, citando “o profundo impacto dos assentamentos” nos direitos humanos dos palestinos.

“As violações dos direitos humanos associadas com os assentamentos são onipresentes e devastadoras, e afetam todas as facetas da vida palestina”, continua o informe, citando as restrições à liberdade de religião, de movimento e à educação, assim como ao direito palestino à terra e à água, ao acesso aos meios de subsistência e ao direito a um nível de vida digno.

Opor-se à impunidade

Os assentamentos não são, pois, um mero assunto a ser resolvido mediante negociações; destacar a gravidade do delito que supõem e seu impacto constitui uma tarefa essencial para opor-se a sua impunidade.

Em segundo lugar, o informe aborda alguns dos argumentos que se esgrimem para justificar os assentamentos ou a cumplicidade das empresas que operam neles, em concreto, a afirmação de que os assentamentos israelenses “proporcionam trabalho às famílias e contribuem para estimular a economia palestina”.

O Escritório do Alto Comissionado das Nações Unidas para os Direitos Humanos assinala que este argumento “não reconhece que a presença de assentamentos no território palestino ocupado, que é ilegal, serve para oprimir a economia palestina e para reduzir as oportunidades de que as empresas palestinas prosperem. Por exemplo, “o setor agrícola, que é a medula espinhal da economia palestina, está em retrocesso permanente desde 1967 pela desapropriação de terras e a proibição de que os agricultores palestinos acessem às áreas agrícolas, aos recursos hídricos e aos mercados comerciais”.

Além disso, a colonização de Israel e as restrições impostas aos palestinos em 60% da Cisjordânia, conhecida como Área C, “reduziu significativamente os terrenos disponíveis para o uso do setor privado palestino” e contribui para uma “crise de desemprego permanente”.

En otras palabras, es el plan israelí de ocupación y creación de asentamientos el que crea las condiciones económicas que obligan a “miles de palestinos en paro a buscar trabajo en Israel y en los asentamientos, en actividades manuales de baja cualificación y baja retribución”.

Todos os setores envolvidos

Finalmente, e inclusive ainda que não se nomeie empresas concretas, o informe da ODHNU deixa uma coisa muito clara: o Estado de Israel e cada setor da economia israelense são responsáveis e cúmplices dos assentamentos.

“A ODHNU adverte que a atividade empresarial desempenha um papel determinante como facilitadora do programa geral de colonização mediante assentamentos, porque contribui com o confisco de terras por parte de Israel e com o traslado de sua população através do desenvolvimento comercial”, disse o informe.

“A participação empresarial nos assentamentos inclui as principais indústrias e setores”, acrescenta, entre elas o banco, o turismo, a segurança privada, os imóveis, a tecnologia, a construção, as telecomunicações, a agricultura, o transporte e a produção.

Ainda que esta informação não seja nova, resulta muito útil que o informe da ODHNU o explicite tão claramente. A mensagem é rotunda: se nos opusermos aos assentamentos, se apoiarmos a prestação de contas [de Israel] pelas graves violações do direito internacional e dos direitos humanos, não tem sentido restringirmos nosso boicote a algumas frutas e verduras cultivadas pelos colonos.

Como escrevia um preocupado colunista no jornal israelense Yedioth Ahronoth, em março de 2016, a base de dados de negócios poderia “causar graves problemas”, porque “a lista de empresas israelenses que trabalham nos assentamentos é longa e inclui a maioria do setor empresarial”.

Uma oportunidade para avançar na exigência de prestação de contas

Portanto, ainda que não dê nomes, o novo informe da ODHNU é uma oportunidade para a campanha de boicote: põe ênfase nas violações dos direitos humanos intrínsecas ao projeto colonial dos assentamentos, destrói os argumentos de que estes beneficiem os trabalhadores palestinos e destaca a responsabilidade do Estado de Israel e de quase todas as principais indústrias e setores israelenses.

Como o expressou o Comitê Nacional Palestino do BDS, “ainda que este informe da ONU não vá o suficientemente longe, constitui um passo positivo que confirma a necessidade de nosso trabalho de base”.

Nas palavras da Human Rights Watch, a ONU e seus Estados membros devem agora “alocar os recursos necessários” para que o Escritório do Alto Comissionado para os Direitos Humanos “publique os nomes daqueles que continuam operando nos assentamentos”. A medida em que a administração Trump e o Governo israelense trabalham conjuntamente para enfraquecer as instituições internacionais, esta é uma oportunidade para avançar na exigência de prestação de contas que não devemos perder.

Ben White é o autor de Israeli Apartheid: A Beginner’s Guide and Palestinians in Israel: Segregation, Discrimination and Democracy. Escreve no Middle East Monitor e seus artigos foram publicados pelo Al Jazeera, Al Araby, Huffington Post, Electronic Intifada, The Guardian’s Comment is Free e outros.

Fonte original: http://www. middleeasteye.net/columns/un- report-deals-blow-illegal- israeli-settlements-1924286442

Tradução para Rebelión: Loles Oliván Hijós.

Fonte: Kaosenlared.net


Ahed Tamimi, a adolescente convertida em símbolo da resistência palestina

Esta jovem “demasiado perigosa” para Israel para estar em liberdade até o fim de seu julgamento, desconhece quanto tempo resta no cárcere de Sharón, ao norte de Tel Aviv, onde espera em uma cela junto a outras menores que um tribunal militar israelense decida sobre as doze acusações que sofre.

María Sevillano Nabi Saleh (Cisjordania)

EFE

Incluem atacar as forças de segurança, atirar pedras, participar de manifestações violentas, ameaças e incitação, algunas baseadas em fatos ocorridos há dois anos e que, segundo sua advogada, Gabi Lasky, só foram evidenciados em represália pelo vídeo no qual esbofeteia um soldado na porta de sua casa em Nabi Saleh, na Cisjordânia ocupada, que se torou viral assim que difundido.

Para Lasky, Israel pretende com este caso “dissuadir” outros jovens de seguirem seu exemplo.

Porém, seus atos e, também, sua detenção levaram a convertê-la em um símbolo de identidade do ativismo palestino, que os jornais comparam com Joana D’Arc, Anne Frank ou Nelson Mandela.

Ahed passa as horas na prisão lendo novelas, preparando-se para o “tawjihi” –exame de acesso à universidade –, fazendo esporte e, sempre que pode, busca a companhia de sua mãe, Nariman, presa no mesmo centro por cinco delitos, que também inclui agressão a soldado.

Seu pai, Basem, um ativista e ex-prisioneiro de Israel, não as visitou porque não conseguiu obter uma permissão para entrar no país.

O evento com os soldados gravado em vídeo é só o último de uma série de enfrentamentos entre a jovem de longos cabelos loiros – chamativa nesta zona – e as forças de segurança israelenses.

Após a dura experiência da Segunda Intifada, Nabi Saleh se somou, em 2009, ao movimento da “resistência não violenta”, com o vértice de seus protestos em manifestações contra a apropriação da colônia judia de Halamish de um manancial usado pelos residentes do povoado durante gerações.

Este contexto colocou Ahed, uma menina de 9 anos então, frente a frente com a ocupação: prisões, soldados nas ruas, canhões de água com odor nauseante, granada de estrondo, gás lacrimogêneo, balas recauchutadas e até munição real, como a que matou seu tio Rushdie, de 31 anos, em 2012.

Nabi Saleh se converteu em um ícone ao qual ativistas e curiosos de todo o mundo, que passavam pela Cisjordânia, se aproximavam para conhecer a família que já constitui a história recente da Palestina.

Os Tamimi foram retratados em 2013 no artigo do New York Times que apresentava se não seria nessa pequena localidade de 600 habitantes, rodeada de assentamentos, onde estouraria a Terceira Intifada.

Os chamativos cabelos, os olhos claros, o rosto transformado pela ira de Ahed foram difundidos nos meios durante anos, assim como o restante das crianças do povoado, que por decisão do clã, foram incluídos nas atividades de protesto, “para ajudar a processar sua realidade”.

Assim, ali os menores impedem ou presenciam as prisões de familiares ou enfrentam os soldados armados.

Ante eles, Ahed mostra uma inteireza e seriedade impróprias de uma adolescente que nas horas livres joga futebol ou organiza coreografias da Rihanna com sua prima Jana, outra ‘menina-fenômeno’ da localidade que, com onze anos, é conhecida como “a jornalista mais jovem do mundo”.

Sua atitude lhe valeu menções de honra do presidente palestino, Mahmud Abás, e do primeiro ministro turco, Recep Tayip Erdogan, e inspirou o artista irlandês Jim Fitzpatrick, autor do icônico retrato em preto e branco do Che Guevara, para convertê-la em uma heroína de pôster sob a legenda: “Existe uma Wonder Woman real”.

O caso mobilizou escritores, artistas e acadêmicos dos EUA, entre eles Rosario Dawson e Angela Davis, é seguido nas redes sociais sob a hastag #FreeAhed e deu visibilidade à situação de 330 menores palestinos trancafiados em cárceres israelenses.

“Sempre diz o mesmo quando perguntam o que quer ser”, diz seu pai, que acredita que esta jovem “tímida, calada, valente e forte” se tornou famosa, entre muitas razões, porque com seus olhos azuis e seu cabelo loiro, “golpeia a mentalidade ocidental”.

Ilustração: Ahed Tamimi, uma adolescente palestina de 17 anos que quer ser jogadora de futebol e que cumpre hoje dois meses em uma prisão após esbofetear um soldado, se converteu em um símbolo da resistência de seu povo contra a ocupação israelense.

Fonte original: https://www.efe.com/efe/espana/cronicas/ahed-tamimi-la-adolescente-convertida-en-simbolo-de-resistencia-palestina/10013-3529947

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)