Chile: acusações por rapto de menores durante a ditadura
Resumen Latinoamericano
El Clarín de Chile
Na Corte de Apelações de Santiago, o Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) interpôs cinco queixas-crimes contra os responsáveis pelo desaparecimento forçado de meninos/as no período de 1973-1990. O Instituto também apresentou 10 denúncias por casos de menores de idade raptados.
Sobre as acusações, trata-se dos casos de Cecilia Arévalo Bascuñán, que deu à luz a um menino no Hospital de Quilpué, em 1980. Segundo ela recorda, foi um parto normal, onde escutou e viu chorar seu bebê. Porém, momentos depois, disseram que ele tinha nascido com o T de cobre [Dispositivo Intrauterino – DIU] preso em uma das nádegas. Assim, o levaram para retirá-lo e vesti-lo. Duas horas depois comunicaram que seu filho tinha falecido.
A segunda acusação aborda o rapto de que foi vítima Carmen Lizama Castillo, que estando detida no ano de 1982, no Cárcere de Temuco, por motivos de militância política, tiraram-lhe o filho, Marcelo Alejandro Hernández Lizama, que naquela época tinha um ano e meio. Ela acusa a Carabineros pelo rapto.
O terceiro caso é o de María Cecilia Sagüés, que em 1977, com 21 anos, ingressou ao Hospital Regional de Antofagasta para dar à luz a seu bebê de seis meses e meio de gestação, produto de um rompimento da bolsa amniótica. Pode ver seu filho apenas um par de minutos, constatando que se encontrava vivo e são.
No dia seguinte, em uma situação extremamente confusa, o pessoal do Hospital solicitou a seu marido que reconhecesse o menino. No entanto, ao chegar ao centro assistencial, mostraram-lhe os cadáveres de uma mãe e seu filho. Enquanto isso, por outro lado, a doutora a cargo do procedimento, convidava María Cecilia a ver seu filho. Em poucos minutos seu marido lhe comunicou que o menino estava morto. Ninguém deu nenhuma resposta sobre o que realmente tinha acontecido.
Outra situação apresentada à Corte foi a vivida por Carmen Ortega Mardones, que deu à luz a seu filho em 2 de fevereiro de 1979. Era final de gravidez e, de acordo com os exames do pré-natal, o menino apresentava bom peso. Essa noite ficou hospitalizada sem receber nenhum tipo de atenção, entrando na sala de parto na madrugada, momento no qual se sentiu enjoada, motivo pelo qual os médicos a doparam. Ao despertar, informaram que seu filho nasceu morto por ter nascido de pé. Nunca permitiram vê-lo, tampouco entregaram algum documento. Apenas pediram que assinasse sua alta médica, dando-lhe uma ficha onde se lê: “criança viva”.
O último caso corresponde à Juana Elena Díaz Martínez que, em 1977, com 17 anos, ingressou grávida ao Hospital Félix Bulnes, onde deu pariu Elizabeth. No terceiro dia de vida da bebê, Juana recebeu a visita de uma parteira, que sem motivo algum disse que “era muito jovem ter filhos”. Horas depois, Juana foi informada que sua filha tinha morrido. Ao perguntar a razão, as enfermeiras indicaram que o falecimento se deu por uma insuficiência respiratória.
As dez denúncias apresentadas se baseiam em casos em que as pessoas raptadas perceberam, com o passar dos anos de sua difusa história familiar, e em situações onde as famílias puderam rastrear o paradeiro de seus filhos/as perdidos.
Em março passado, o INDH já tinha apresentado quatro queixas-crimes por casos de rapto de menores de idade, as quais se encontram em investigação por parte do ministro em visita à Corte de Apelações de Santiago, Mario Carroza, que questiona mais de 500 adoções irregulares por estrangeiros durante os mesmos anos.
Fonte: http://www.resumenlatinoamericano.org/2018/05/11/chile-querellas-en-la-corte-de-apelaciones-de-santiago-por-sustraccion-de-menores-durante-la-dictadura/
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)