Gaza volta a ser alvo de ataques israelenses

imagemResumen Latinoamericano

Os acontecimentos ocorridos na Faixa de Gaza e ao sul de Israel desde a última sexta-feira, dia 09/11, não permitem determinar se Benjamín Netanyahu optará por uma intervenção militar de grandes dimensões. É uma opção que o primeiro ministro israelense tem sobre sua mesa e que conta com um amplo apoio de seu gabinete.

Os acontecimentos das últimas horas na Faixa de Gaza e Israel ressaltam um novo desgaste, de considerável gravidade, nessa zona onde a violência é endêmica, desgaste que pode provocar uma próxima confrontação militar direta entre Israel e Hamás, a organização islâmica que governa Gaza desde 2007.

A última escalada se agravou no domingo à noite, quando um comando do exército israelense penetrou na Faixa de Gaza em uma operação que acabou fracassada. Sete combatentes palestinos e um tenente coronel druso israelense, Mahmud K., foram mortos.

Das distintas informações colhidas, algumas não oficiais, se depreende que a inusual incursão do comando tinha por objetivo capturar um chefe militar do Hamás ou matá-lo, o que por fim ocorreu. Entretanto, o comando foi detectado e perseguido pelos milicianos palestinos, o que obrigou a aviação a correr em seu socorro.

Este incidente, seguido da réplica do Hamás e da contrarréplica de Israel ao longo da segunda-feira, coincide com a aplicação de uma nova estrategia por parte do primeiro ministro Benjamín Netanyahu, e que consiste em aliviar pontual e muito brevemente a dramática situação dos mais de dois milhões de habitantes de Gaza.

Há que assinalar que a incursão de domingo aconteceu enquanto Netanyahu falava em Paris, ao participar dos atos relativos ao centenário da Primeira Guerra Mundial, o que precipitou seu regresso imediato, abortando bruscamente a visita europeia.

Esta circunstância tem suscitado algumas questões, a primeira das quais é determinar se Netanyahu estava ciente da inusual operação ou se foi decidida de maneira unilateral pelo titular da Defesa, Avigdor Lieberman, sem contar com o primeiro ministro.

Netanyahu e Lieberman têm mostrado, nos últimos meses, divergências com respeito à política a seguir em Gaza, divergências que se agudizaram nos últimos dias. Lieberman é partidário de levar a cabo uma operação militar de grande envergadura, enquanto que Netanyahu prefere se poupar, agora que em Israel se fala de uma iminente convocatória eleitoral que se poderia realizar nas próximas semanas.

Na última quinta-feira entraram na Faixa de Gaza 15 milhões de dólares em dinheiro, com o qual o Hamás pagou somente uma ínfima parte dos salários que deve a seus funcionários. O dinheiro foi doado por Qatar, um país que não mantém relações oficialmente com Israel, porém contou com a aprovação de Netanyahu. Outros ministros têm declarado que esse dinheiro é uma “espécie de suborno que algumas pessoas pagam a malfeitores”.

Além disso, também com o consentimento de Netanyahu, Qatar tem financiado a entrada em Gaza de caminhões de combustível israelense. Com este combustível se conseguirá dar um alivio aos hospitais e às famílias, que, a partir de agora, se esta medida se mantiver, verão um aumento no tempo da eletricidade até chegar às doze horas diárias.

Estas duas medidas não vão resolver os problemas de Gaza, que são muitos e graves, porém, é um gesto autorizado por Netanyahu com a mediação do Egito. Naturalmente, o presidente Abdel Fattah al Sisi não se havia atrevido a ter uma iniciativa deste tipo sem contar com o consentimento prévio de Netanyahu. Mas se Netanyahu estava a par da operação de domingo, isto significa que quer marcar suas distâncias com o Hamás e que a atuação do comando poderia ter por finalidade provocar o Hamás a uma escalada de violência, uma tática de provocação que Israel pratica frequentemente, tanto em Gaza como na Cisjordânia ocupada.

Com um Hamás cujas atuações se parecem cada vez mais com as do Hezbolá libanês, cabe perguntar se se está caminhando para uma confrontação ao estilo da de 2014. Recordemos que, desde que os protestos se iniciaram em março último, mais de 200 palestinos foram mortos e mais de 200.000 ficaram feridos sem que Hamás tenha conseguido nenhuma contrapartida salvo o gesto já comentado.

As duas partes têm corrido riscos antes de chegar ao último gesto. Hamás tem sido acusada de colaborar com Israel em detrimento dos interesses dos palestinos. A acusação tem partido do presidente da Autoridade Nacional Palestina Mahmud Abás, o qual, por sua parte, impôs duras sanções contra o Hamás, mas colabora estreitamente com Israel na Cisjordânia.

Por sua parte, Netanyahu tem que aguentar a pressão dos ministros partidários de uma intervenção armada de grandes dimensões. A proximidade de umas eleições que se anunciam no ambiente pode fazer que Netanyahu reconsidere sua atitude com Gaza ou que a mantenha, em função do que creia mais adequado para seus interesses.

Na sexta-feira passada o Hamás reduziu o lançamento de globos incendiários contra Israel de maneira significativa, uma prática que enfurece os israelenses. No entanto, um palestino incendiou uma estufa depois de cruzar a fronteira. Este tipo de ações não deixam claro até que ponto o Hamás está a favor de um acordo de longa duração com Israel, que é o que Netanyahu tem assinalado, segundo suas próprias declarações.

Uma guerra de grandes proporções é uma aventura tanto para o Hamás como para Israel, pois nenhuma das duas partes pode estar segura de que vencerá de uma maneira folgada. Hamás teve quatro anos para preparar um novo conflito e provavelmente pode surpreender o exército israelense em mais de uma direção.

Fonte: Eugenio García Gascón, Público – Espanha

As forças israelenses preparam-se para uma ofensiva massiva terrestre em Gaza

O exército israelense começou a reforçar suas posições ao longo da fronteira de Gaza na segunda à noite, depois de que, segundo informes, o exército recebeu luz verde para atuar contra os militantes do Hamas se o lançamento de foguetes contra as comunidades do sul de Israel continuasse. Registraram-se colunas de caminhões que transportavam veículos blindados rumo à fronteira, justamente quando as FDI advertiram ao Hamas sobre uma resposta de «punho de ferro» ao bombardeio mais rigoroso de Israel desde a guerra de Gaza de 2014.

«Residentes de Gaza, observem detidamente as imagens de Protective Edge em 2014: uma imagem vale mais que mil palavras», escreveu o general Kamil Abu Rokon, coordenador de atividades governamentais nos territórios (COGAT), no Facebook em idioma árabe, indicando que o Hamas havia «cruzado uma linha vermelha» com seus ataques a Israel.

Israel ainda tem que anunciar sua resposta oficial sobre a explosão sem precedentes de violência que se presenciou na segundo depois que mais de 300 foguetes foram disparados contra Israel. Hamas disse que foi uma represália contra uma operação de assassinato durante a qual as FDI ingressaram duas milhas dentro de Gaza.

Segundo os informes, após uma longa reunião de quatro horas com funcionários da defesa, o primeiro ministro Benjamin Netanyahu foi persuadido a dar às FDI «luz verde» para lançar uma operação militar de grande escala em Gaza. O anúncio oficial da resposta do governo se realizará nesta terça, depois da reunião de Netanyahu com o gabinete de segurança.

Até o momento, as FDI atacaram mais de 70 objetivos do Hamas e da Jihad Islâmica Palestina em Gaza utilizando aviões, helicópteros e tanques, sem chegar a uma invasão transfronteiriça de grande escala. A estação de televisão Al-Aqsa do Hamas, localizada no coração da cidade de Gaza e da oficina de inteligência militar da organização militante, estavam entre os objetivos dos ataques israelenses. Três palestinos foram confirmados mortos pelos bombardeios das FDI.

Do lado israelense, ao menos uma pessoa morreu logo que um edifício residencial em Ashkelon foi alcançado por um projétil. Dezenas de pessoas ficaram feridas no sul de Israel por causa dos foguetes que conseguiram evitar o sistema antimísseis Iron Dome.

A última grande invasão israelense em Gaza começou em julho de 2014, quando as FDI lançaram a Operação Borda Protetora com o objetivo declarado de deter os ataques com foguetes em território israelense. Estima-se que o conflito de sete semanas de duração ceifou mais de 2.100 vidas palestinas, com outros 10.000 feridos na ofensiva.

OLP responsabiliza Israel pela escalada violenta em Gaza

RAMALAH (Ma’an) – A Organização pela Libertação da Palestina (OLP) responsabilizou Israel pelo que descreveu como “a escalada perigosa na Faixa de Gaza assediada”, nesta terça-feira.O Departamento de Diplomacia e Política Pública (PDDP) da OLP emitiu um comunicado em que diz: “Israel é completamente responsável pela grave escalada que instigou na Faixa de Gaza e pela destruição gratuita e o terror que tem causado”.

O DPDP denunciou o ataque israelense contra as estruturas civis, afirmando que “dois milhões de palestinos que sofrem o cerco ilegal de Israel durante os últimos 12 anos têm sido atacados e não têm onde buscar refúgio”.

“O ataque deliberado de Israel contra as estruturas civis, incluídos os edifícios residenciais e uma estação de televisão, são crimes de guerra, e Israel deve enfrentar as consequências de suas ações”.

A declaração continuou: “O governo israelense de direita tem se sentido à vontade para agir assim em virtude do fracasso da comunidade internacional para fazer cumprir a responsabilidade”.

O DPDP pediu à comunidade internacional “assumir suas responsabilidades legais e morais para enfrentar a agressão israelense e garantir a proteção da população civil palestina”.

A declaração concluiu: “A liderança palestina está comprometida a defender nosso povo e seus direitos a viver em paz, segurança e liberdade, utilizando todas as ferramentas diplomáticas e legais disponíveis. A liderança palestina também continuará seus esforços sérios com a ajuda do Egito e outros. partes interessadas para lograr a reconciliação e a unidade“.

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