PCB-Alvorada (RS): sobre o massacre de 14 de junho

imagemPartido Comunista Brasileiro – PCB de Alvorada (RS)

Nos solidarizamos com as vítimas do Massacre de 14 de Junho em Alvorada. O que deveria ter sido uma greve geral – direito constitucional e instrumento de luta dos trabalhadores – tornou-se um festival de violências de todo o tipo contra nosso movimento: aconteceram desde agressões físicas à marginalização por meio da grande mídia, sobretudo os grupos RBS, SBT e Record.

Gostaríamos de mencionar os nomes dos companheiros Egídio Tavares, Cleusi Coelho e Rodinei Rosseto, alguns dos principais alvos da Brigada Militar: foram linchados, agredidos no rosto, espancados no chão, com requintes de sadismo, em atos análogos às torturas que ocorreram durante a ditadura empresarial-militar de primeiro de abril de 1964. Também houve bombas jogadas no rosto de uma senhora, que ficou com queimaduras na face.

Além do uso de balas de borracha, bombas e sprays de pimenta foram lançados contra os manifestantes, a menos de um metro de distância. Os soldados usaram apetrechos de repressão fora dos padrões para, aos gritos de “Bolsonaro”, reprimir a greve geral contra a reforma da previdência, pela educação e por emprego.

Saudamos a coragem demonstrada por muitas pessoas, como a professora Nadir Duarte, que chegou a desafiar os raivosos soldados da Brigada Militar sozinha, impedindo o trânsito de um ônibus da SOUL, erguendo a bandeira do CPERS.

Chamamos a atenção para a irregularidade dos procedimentos adotados pela polícia militar à ocasião, como a violência aplicada na detenção de um senhor de 65 anos, que esteve sentado em frente a um ônibus durante o protesto, conduzido pela Brigada para dentro da propriedade da SOUL, onde foi exposto à toda sorte de humilhações e xingamentos de policiais e prepostos da empresa de ônibus; ou a divulgação mentirosa de ofensas à integridade física de um policial através de uma pedrada supostamente arremessada por um manifestante. Ora, ainda não foram divulgadas provas dessa acusação, como não serão, pois tal pedrada não existiu, havendo fortes evidências de que o ferimento se produziu por acidente provocado pela má utilização dos próprios instrumentos de repressão à disposição da BM.

A greve geral em Alvorada, por outro lado, nos mostra a organização crescente da esquerda mais combativa na cidade, por que devemos fazer nós, por nossas mãos, tudo o que a nós nos diz respeito. Não podemos esperar pelas eleições, para resolver os nossos problemas! Não podemos depender de salvadores ou salvadoras da pátria, para nos defender diante dos ataques que nossa classe sofre!

Por isso, nós do Partido Comunista Brasileiro, Célula Alvorada RS, defendemos que o 14 de junho deve ser registrado na história das lutas sociais e políticas na nossa cidade. As pessoas que foram vítimas da repressão policial, bem como todos que foram destemidos na entrada da garagem da SOUL, devem ser sempre lembrados! E não conhecemos melhor forma para isso, senão for criar um Bloco de Lutas chamado 14 de Junho, que não vise eleições, mas que seja uma frente de massas permanente, unindo partidos e organizações políticas de esquerda, para defender os interesses da classe trabalhadora (empregada e desempregada) e da juventude, que seja aberta também para pessoas dispostas para as lutas, e que sejam independentes.

Na nossa concepção, o Bloco de Lutas 14 de Junho significará uma reformulação do Comitê Alvoradense contra as Reformas Trabalhista e da Previdência de Michel Temer, com maior participação popular. Contará com moradores de cada canto de Alvorada. Criará o lastro social de nossas organizações nas vilas, bairros e ocupações em nossa cidade.

É essencial lembrar que o presidente Jair Bolsonaro já sofreu inúmeras derrotas: além de recentemente arregar para os russos e cair nas pesquisas de opinião sobre seu governo, o texto da sua reforma da previdência foi alterado quanto aos ataques contra as mulheres, os trabalhadores rurais, o Benefício de Prestação Continuada, e referente ao sistema de capitalização, que foi retirado. Logo ele também não irá mais servir para os grandes capitalistas do Brasil. Contudo, devemos interferir na política nacional desde nosso local de moradia. Sabemos que podemos muito mais, até mesmo derrubar o presidente, junto com sua reforma da previdência: ela não nos interessa, porque não nos beneficia!

Contra a Reforma da Previdência!

Em defesa dos nossos direitos e das liberdades democráticas!

Pelo Poder Popular e pelo Socialismo!