A UJC e o PCB mostraram a cara no Fórum Social Temático

É com emoção que tomo a liberdade de escrever esse breve relato da participação da UJC no Fórum Social Temático.

Em primeiro lugar, é preciso dizer que é revigorante encontrar os camaradas de outros estados, trocar informes, perceber o quanto temos crescido com qualidade. Camaradas realmente valorosos. Alguns com grande inserção na lutas sociais que se travam país afora e outros que, embora com pouca experiência por estarem iniciando a militância agora, esbanjam grande potencial. Todos comunistas sinceros e que anseiam pelo aprofundamento de nossa capilarização nas lutas, em diversas frentes e em suas variadas formas. Ali estava reunida a juventude, ou parte dela, que será o futuro de nosso PCB.

O Fórum, que se caracteriza pelo aparente caráter descentralizado, com centenas de atividades das mais variadas temáticas – que reproduzem, em grande medida, a fragmentação e a focalização em lutas específicas em nossos tempos de discursos pós-modernos -, esconde, na verdade, a hegemonização de sua direção por ONGS e setores atrelados ao governo. A bandeira por um “outro mundo possível”, naquele espaço, não passa de uma máxima esvaziada de um conteúdo que conteste, de fato, a atual ordem vigente. Ainda que se mencione o socialismo – com discursos redesenhados à esquerda, mas desmascarados pelas práticas concretas -, a denúncia da mazelas produzidas pelo capitalismo não desvela a essência de seu caráter predatório e tão pouco projeta a sua superação. Fala-se em desenvolvimento sustentável, em um claro preparo de terreno para o Rio +20,  o primeiro dos megaeventos que passarão a tomar conta do país a partir desse ano, cavando ainda mais espaços para a acumulação e a circulação de capital, para o acirramento da concentração das riquezas produzidas socialmente.

É nesse contexto que se deu nossa atuação. Conseguimos realizar duas atividades próprias no acampamento: um debate sobre a juventude trabalhadora, com os camaradas João, do MST e da UJC, e com Sidney, do Comitê Central do PCB e Secretário Nacional Sindical, que nos brindou com toda a sua experiência e trajetória de lutas, emocionando a todos em diversos momentos. Ali foi um passo importante para amadurecermos a necessária discussão sobre a organização dos jovens trabalhadores, que certamente dará passos mais largos no Congresso da UJC em julho.

A outra atividade foi o debate de universidade popular, no qual contamos com a participação de cerca de 50 pessoas, dentre camaradas – contando com a importante presença do PC Paraguaio -, contatos e aqueles que passavam pelo local. Uma expressiva atividade, que se insere no bojo de outras, como os seminários estaduais e nacional de universidade popular, os grupos de trabalho que temos a tarefa de tocar em nossos estados junto com outras forças e movimentos, enfim, mais uma atividade que traz consigo o esforço de tornar os debates sobre a UP um movimento contra-hegemônico concreto e orgânico.

Ainda houve uma terceira atividade própria, organizada pelos camaradas do Rio Grande do Sul, a Boemia Socialista, na qual pudemos nos confraternizar e estreitar ainda mais os laços também subjetivos que nos unem. Uma maravilhosa atividade, que contou com os camaradas paraguaios e, mais uma vez, com a conversa de toda militância com Sidney, que nos emocionou com histórias que nos preparam, em boa medida, para este ano em que enfrentaremos batalhas pela disputa de memória em torno dos 90 anos do partido. Não podemos nos furtar de defender a nossa história, que é também a história das lutas populares que se travaram e se travam nesse país. Trata-se, mais que nunca, de defender a atualidade e a necessidade da via revolucionária no Brasil, sob a hegemonia dos trabalhadores. Em suma é combater o reformismo e o dito “comunismo” para o capital.

Marcamos presença, ainda, na atividade da agenda Colômbia-Brasil, na qual pudemos conhecer um pouco mais das diversas formas de lutas que se travam naquele país, bem como as atrocidades que o Estado terrorista, em estreita articulação com as elites colombianas e os Estados Unidos provocam sobre os trabalhadores, camponeses, estudantes e todos aqueles que contestam a bárbara situação do país. Devemos nos solidarizar com o povo Colombiano e denunciar as inúmeras violações as quais são submetidos!

Conseguimos, ainda, acompanhar as reuniões e atividades da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, na qual já nos inserimos em alguns estados através de fóruns locais, como é o caso do Rio. A Frente protagonizou importantes ações no Fórum Mundial de Saúde e Seguridade que ocorria em paralelo ao Fórum Temático, pressionando e inserindo em sua pauta análises e propostas que se contrapõem aos rumos vigentes na saúde pública brasileira e ao seu claro desmonte, que segue à risca a cartilha do Banco Mundial.

A UJC e o PCB mostraram a cara. Divulgamos a nossa nota política da UJC, realizamos e nos inserimos em importantes  atividades e conseguimos realizar ações que se contrapunham ao caráter predominante do Fórum, apesar de todas as limitações. Mostramos, por fim, que o PCB está na luta! Revigorados, portanto, iniciamos o ano de 2012, um pouco mais preparados que antes para tocar as lutas que virão!

*Membro da Coordenação Estadual da UJC RJ. Militante da Base da Saúde PCB – RJ

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