Sindicatos vão à Justiça contra leilão de aeroportos

O governo começa a enfrentar resistências dos trabalhadores ao leilão de concessão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília. Na última quinta-feira, os funcionários do setor entraram com uma ação popular na 8.ª Vara da Justiça Federal, em Campinas, pedindo a suspensão do processo de concessão.

O leilão para a concessão dos três aeroportos está marcado para a próxima segunda-feira, na Bovespa, em São Paulo. O Tribunal de Justiça Federal informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não houve decisão sobre o assunto, o que será feito após análise da manifestação da Advocacia Geral da União (AGU), protocolada ontem. Na defesa, a AGU demonstra que a concessão não põe em risco o patrimônio público, como alega a ação popular.

Segundo o advogado José Antônio Cremasco, que assina a ação popular, não faz sentido a União conceder os três aeroportos, que são lucrativos, para a iniciativa privada e deixar com a Infraero apenas os deficitários.

O advogado critica ainda a liberação de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de até 80% do investimento total para a vencedora do leilão, assim como a obrigatoriedade de um operador estrangeiro. “Não faz sentido conceder à iniciativa privada os aeroportos mais produtivos e ainda liberar dinheiro do BNDES para estrangeiro”, afirmou Cremasco.

Nova ação. Além dessa ação popular, a base de Guarulhos do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina) decide até sexta-feira se também entrará na Justiça pedindo a suspensão do leilão do aeroporto internacional de Guarulhos. O presidente da entidade na região, Francisco Lemos, participou ontem de reunião, em Brasília, com a Infraero.

Em dezembro do ano passado, o Sina chegou a fechar um acordo com o governo para assegurar alguns benefícios aos funcionários da Infraero, após o leilão dos aeroportos. Dentre as garantias acertadas estão a estabilidade de cinco anos, limitada ao ano de 2018, e o incentivo financeiro para os trabalhadores da Infraero que migrarem para as concessionárias que vencerem o processo de concessão. Na época, Lemos ressaltou que, mesmo com esse acerto, a categoria era contrária ao leilão dos três aeroportos.

 


Governo alemão confirma: Berlim quer ocupar Atenas e talvez Lisboa

Agência Lusa

O número dois do governo alemão defendeu ontem que se os gregos não cumprirem os objetivos, então terá  de ser imposta de fora uma liderança, a partir da União Européia. Na véspera da cimeira européia, Philipp Roesler tornou-se no primeiro membro do governo alemão a assumir a paternidade da idéia segundo a qual a troco de um segundo programa da troika, um comissário europeu do orçamento seria investido de funções governativas em Atenas, retirando ao governo legítimo funções essenciais.

Numa entrevista ao jornal “Bild”, o número dois de Merkel afirma: “Precisamos de maior liderança e monitorização relativamente à implantação das reformas. Se os gregos não estão a ser capazes de conseguir isto, então terá de haver uma liderança mais forte vinda de fora, por exemplo, da União Européia”.

O governo grego ficou em estado de choque com a ameaça da próxima ocupação. O ministro grego das Finanças pediu à Alemanha para não acordar fantasmas antigos –  a Grécia esteve ocupada pelas tropas nazis durante a II Guerra. “Quem põe um povo perante o dilema de escolher entre assistência econômica e dignidade nacional está a ignorar algumas lições básicas da História”, disse Venizelos, lembrando “que a integração européia se baseia na paridade institucional dos estados-membros e no respeito da sua identidade nacional e dignidade”. “Este princípio fundamental aplica–se integralmente aos países que passam por períodos de crise e têm necessidade de assistência dos seus parceiros para o benefício de toda a Europa e zona euro em particular”.

O documento que defende a ocupação de Atenas foi divulgado pelo “Financial Times”. Está lá escrito que para ter acesso ao segundo programa de resgate, a Grécia terá de ser obrigada “a transferir a soberania nacional para a União Européia, em matéria de orçamento, durante algum tempo”. O texto sugere que “um novo comissário do orçamento nomeado pelo eurogrupo ajudará a implementar reformas”. “O comissário terá largas competências sobre a despesa pública e um direito de veto contra decisões orçamentais que não estejam em linha com os objetivos orçamentais e a regra de dar total prioridade ao serviço da dívida”.

Segundo a Reuters, esta tentativa alemã  de governar Atenas pode ser estendida a outros países, como Portugal. Uma fonte do governo alemão disse à agência que esta proposta não se destina apenas à Grécia, mas a outros países da zona euro em dificuldades que recebem ajuda financeira e não são capazes de atingir os objetivos que acordaram.

A verdade é que Angela Merkel chega hoje à cimeira em Bruxelas com uma crescente pressão interna para não continuar a emprestar à Grécia o dinheiro dos contribuintes alemães. A proposta para ocupar Atenas é vista como uma resposta à cada vez maior resistência dentro do seu partido ao financiamento da crise do euro. “Se os gregos não avançarem com o programa de reformas, não pode haver mais ajuda”, disse Horst Seehofer, o líder bávaro da CSU, parceiro da CDU de Merkel.

Ontem, o deputado europeu Paulo Rangel admitiu que em Portugal todos os riscos são possíveis. “Quando vemos os sinais de alarme crescerem, o que eles documentam não é  tanto a idéia de que Portugal pode entrar em bancarrota, é mais profundo do que isso. Se não houver uma solução sistêmica para a zona euro, os países mais vulneráveis, entre os quais Portugal, vão sofrer e pode-se gerar uma situação de descontrolo”, disse. Rangel reagiu violentamente à “idéia de propor a nomeação de um comissário para tratar das matérias orçamentais da Grécia”.  “Seria o princípio do fim, e insustentável para a democracia européia, a nomeação de um governador para um território do império, como fez Napoleão”, disse. Rangel defendeu o avanço para o federalismo: “Precisamos de caminhar para uma federação que trate os Estados em paridade, porque o que temos hoje é uma constituição aristocrática, de uns países com mais peso do que outros”.

 


Banco Original, do JBS, negocia compra do Rural

O Estado de S. Paulo

O Banco Original, dos mesmos donos do frigorífico JBS, negocia a compra do Banco Rural. O “Estado” apurou que uma auditoria encomendada pela família Batista, do JBS, nas contas do Rural, está em fase final. Se a operação for adiante, o que até ontem ainda não era certo, o Original poderá  dobrar de tamanho.

Procurados por meio de suas assessorias de imprensa, o Original e o Rural não confirmaram as negociações.

O mercado financeiro é uma das grandes apostas da família Batista. No ano passado, o grupo comprou o Matone, um pequeno banco do Rio Grande do Sul que enfrentava problemas patrimoniais. Financiados pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), os Batista juntaram o Matone com o Banco JBS – que já era seu – e formaram o Original.

De acordo com fontes do mercado, nos últimos tempos outras instituições já se aproximaram do Rural, mas desistiram porque não houve acordo em torno do preço. Já  o Original está com o cofre cheio, por conta do empréstimo de R$ 1,85 bilhão que recebeu do FGC no ano passado, para a compra do Matone.

O dinheiro emprestado pelo FGC, um fundo mantido pelo mercado financeiro para socorrer bancos e clientes em caso de dificuldade, tinha dois objetivos: resolver os problemas do Matone e dar suporte para que o Original pudesse crescer.

O raciocínio é que a incorporação do Rural, uma instituição de médio porte e até um pouco maior do que o Original em volume de ativos, pode acelerar esse processo. De acordo com os balanços de setembro do ano passado, o Rural administra R$ 4,6 bilhões em ativos totais e o Original, R$ 4,3 bilhões.

Foco. O Rural vem enfrentando problemas de imagem há vários anos, em razão de seu envolvimento em escândalos recentes como o caso Banestado (investigação sobre remessas ilegais de recursos para o exterior) e o mensalão do governo Lula. Além disso, está com o índice de Basileia – base para definir a quantidade de recursos que um banco pode emprestar – muito apertado, o que exigiria uma injeção de capital para que a instituição possa continuar crescendo.

Já o Original é um banco à procura de um novo foco. Concentrado no financiamento a pecuaristas, o banco está de olho no chamado middle market, o mercado de pequenas e médias empresas, área em que o Rural tem experiência, equipe e uma projeção razoável entre as instituições de médio porte. O próprio frigorífico JBS, na fase de crescimento, era cliente do Rural.

A política de expansão na área financeira faz parte de uma estratégia maior da família Batista, que formou o maior grupo frigorífico do mundo com financiamento e apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os Batista estão diversificando seus negócios. Além do banco, estão construindo a maior fábrica de papel do mundo no Mato Grosso do Sul e investindo na área de higiene e limpeza.

 


Bancos devem pedir € 1 trilhão ao BCE em novo leilão emergencial

Valor Econômico

Os bancos europeus estão se preparando para recorrer ao esquema de financiamento emergencial do Banco Central Europeu (BCE) em busca do dobro da quantia fornecida pela instituição em seu leilão de estreia de dezembro, de €489 bilhões, numa nova evidência do aperto de liquidez que passa o setor.

Vários dos maiores bancos da zona do euro disseram ao “Financial Times” que poderão duplicar ou triplicar sua solicitação de recursos no leilão de curto prazo do BCE, marcado para o dia 29.

“Os bancos não se mostrarão tão tímidos nesta segunda vez”, disse o diretor de um banco da zona do euro no Fórum Econômico Mundial de Davos. “Devíamos ter feito mais da primeira vez.”

Três principais executivos de bancos, que pediram para não ter seus nomes divulgados, disseram estar planejando uma participação duas ou três vezes maior desta vez.

O Goldman Sachs disse aos clientes que no leilão deste mês os bancos poderão solicitar o dobro do valor requerido em dezembro, quando mais de 500 instituições captaram €489 bilhões. “Eles poderão totalizar facilmente mais €1 trilhão em fevereiro”, disse um alto dirigente do setor. “Poderá  ser bem mais do que isso, se as coisas piorarem para os mercados.”

Sob a gestão do novo presidente Mario Draghi, o BCE lançou sua linha de crédito de recursos de curto prazo em dezembro para evitar o aperto de crédito que se aproximava, diante dos €230 bilhões em bônus bancários por vencer com resgate no primeiro trimestre de 2012, enquanto os mercados de bônus permanecem, na maioria, fechados para novas emissões.

Os bancos atribuem a Draghi o mérito de ajudar a desestigmatizar a operação de repasse de recursos de curto prazo pelo BCE, ao convencer o maior número de instituições possível a participar. Até então os bancos fugiam desses esquemas de apoio por medo de parecerem frágeis.

Os dirigentes dos bancos preveem que um maior número de bancos captará recursos no leilão deste mês, estimulados pela participação generalizada observada na última vez, bem como pela promessa de montantes ilimitados de dinheiro barato – com uma taxa de juros de apenas 1%.

Analistas sugerem que os bancos podem ter usado parte desse dinheiro para investir em bônus soberanos de maior rendimento da zona do euro, contribuindo para reduzir o custo da tomada de empréstimos para vários governos em dificuldades da zona do euro, como Itália, Espanha, Irlanda e Grécia.

Mas ontem os rendimentos da periferia da zona do euro subiram, de modo geral, puxados pelos receios que cercam o plano de resgate da Grécia. O retorno dos bônus de 10 anos de Portugal avançou mais de dois pontos percentuais, para 17,26%, uma vez que um número cada vez maior de investidores prevê que o país ficará  inadimplente.

Os bancos italianos dominaram a demanda por dinheiro em dezembro, segundo dados reunidos pelo Morgan Stanley.

Os dirigentes das instituições espanholas, francesas e alemãs disseram que foram grandes tomadores também. Até  o Royal Bank of Scotland (RBS) lançou mão do programa, em busca de €5 bilhões em liquidez, por meio de sua subsidiária holandesa.

 


Bovespa tem o melhor mês de janeiro dos últimos seis anos

O Estado de S. Paulo

A Bovespa teve o melhor janeiro dos últimos seis anos. O resultado do primeiro mês de 2012 (11,13%) só perde para a variação de janeiro de 2006, quando a valorização foi de 14,73%. A alta colocou o investimento em ações no topo do ranking de rentabilidades mensal. O dólar, por sua vez, assumiu a lanterna da listagem, com queda de 6,63%.

Quem acompanhou o desempenho dos investimentos no ano passado ficou surpreso com a atual configuração do ranking. A Bolsa, por exemplo, perdeu 18,11% no acumulado de 2011, enquanto o dólar ganhou 12,3% no ano. Tais números, segundo especialistas, são importantes para que os investidores percebam o tamanho da oscilação – e do risco – das duas modalidades de aplicação.

Um dos motivos da reviravolta, dizem analistas de investimentos, é a melhora do cenário externo. “As notícias vindas da Europa e dos Estados Unidos melhoraram o humor dos mercados”, comenta Fábio Colombo, administrador de investimentos. Leandro Ruschel, diretor da corretora Leandro & Stormer, concorda com Colombo e acrescenta que a forte queda do ano passado também contribuiu para esse fôlego no início do ano.

Há ainda quem diga que janeiro é um mês que costuma ser positivo. “Há uma certa boa vontade dos investidores por ser início de ano. É um movimento psicológico”, emenda André Massaro, educador financeiro.

Ninguém se arrisca a dizer se a alta da Bovespa vai continuar. Para Colombo, que tem perfil mais conservador, é hora de o investidor iniciar vendas gradativas dos papéis para embolsar esse lucro. Ruschel, que tem apetite ao risco, sugere que estratégias mais elaboradas sejam feitas pelos investidores. Massaro prefere não indicar um caminho, mas deixa o alerta: “O panorama mundial não é dos melhores. As coisas podem piorar de uma hora para outra e, se isso ocorrer, a Bolsa também irá para baixo.”

A rentabilidade de todas as aplicações da renda fixa, por sua vez, superaram a inflação medida pelo IGP-M (0,25%).

 


China bloqueia supercargueiros de minério da Vale

Valor Econômico

A China publicou uma declaração crítica questionando a segurança de navios muito grandes, o que significa um choque para as aspirações da Vale, mineradora brasileira de minério de ferro que vem tentando obter permissão para que sua frota de grandes cargueiros de minério atraquem no país.

Os supercargueiros da Vale de minério de ferro foram apelidados de “Valemax” e têm convés do tamanho de três campos de futebol. Os navios tornaram-se um motivo de preocupação para a mineradora porque eles não receberam as autorizações necessárias para atracar nos portos da China, maior consumidor mundial de minério de ferro.

Apesar de um navio “Valemax”, o Berge Everest, ter sido autorizado a descarregar no porto de Dalian em dezembro, o comunicado do Ministério dos Transportes chinês diz que os portos não poderão mais decidir caso a caso se navios de grande porte podem ser admitidos.

Embora Pequim não tenha mencionado especificamente a Vale, os chineses vão endurecer as restrições para todos os navios de grande porte, inclusive a frota “Valemax”. Em um desses navios, o Vale Beijing, ocorreu recentemente um vazamento misterioso enquanto embarcava sua primeira carga no Brasil, levando alguns especialistas na China a questionarem a segurança dessa frota.

“Não estamos otimistas sobre a situação da segurança das operações portuárias para navios de grande porte, especialmente as operações de atracação de navios de supergrande porte, cujas dimensões excedem os padrões de projeto permitidos”, disse o Ministério dos Transportes em um comunicado. “Levando em conta os consideráveis perigos ocultos, decidimos ajustar o sistema de gestão portuária no que diz respeito à atracação de navios de grande porte”.

Para contornar essas restrições, a Vale vem rapidamente desenvolvendo planos para que sua frota “Valemax” desembarque o minério de ferro em outros polos de distribuição fora da China, como as Filipinas e a Malásia, onde o minério de ferro poderia ser transferido para navios menores, que seriam então autorizados a atracar na China.

Os obstáculos que a China tem oposto à frota “Valemax” é a mais recente perturbação em meio a antigas tensões entre a China e as maiores mineradoras de ferro do mundo – BHP Billiton, Rio Tinto e Vale – também conhecidas como “as três grandes”.

A China comprou mais de metade do minério de ferro comercializado mundialmente no ano passado. Mas as siderúrgicas chinesas com frequência mantêm um relacionamento conturbado com as três grandes mineradoras de ferro, rotineiramente acusadas de práticas monopolistas, ou de conspirarem para elevar os preços do minério de ferro, por organizações do setor siderúrgico.

Os ataques contra a frota “Valemax” foram encabeçados pela Associação dos Armadores Chineses, muitas de cujas empresas membros viram seus lucros despencar em meio à crise na navegação mundial. A Associação de Armadores disse que a frota “Valemax” vai agravar o excesso de capacidade no setor de transportes e pode ser insegura.

Um porta-voz da Vale em Xangai recusou-se a comentar as informações.

 


CSN adquire fábrica na Alemanha

Valor Econômico

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), comandada pelo empresário Benjamin Steinbruch, fechou ontem a compra de uma siderúrgica de aços longos do grupo espanhol Alfonso Gallardo situada na Alemanha. O valor da operação, conduzida pela subsidiária espanhola CSN Steel, foi de € 482,5 milhões (US$ 634 milhões, ou R$ 1,1 bilhão). A aquisição inclui a distribuidora Gallardo Sections.

O negócio marca a entrada da CSN, tradicional fabricante brasileira de aço plano, com usina em Volta Redonda (RJ) no mercado dos chamados aços longos, produto usado na construção civil e em aplicações industriais. A operação é também mais um avanço da siderúrgica em seu processo de internacionalização: a companhia já tem operações nos Estados Unidos e em Portugal.

Nesse segmento, no momento a CSN constrói uma unidade com capacidade para 500 mil toneladas por ano, voltada para vergalhões e barras, também em Volta Redonda. Após atrasos causados nas obras civis, a unidade deve ficar pronta no último trimestre deste ano. Com isso, passará a competir no Brasil com Gerdau, ArcelorMittal e Votorantim.

A aquisição da siderúrgica alemã  ocorre alguns meses depois que a CSN suspendeu, em meados de setembro, a aquisição que envolvia também ativos de cimento e aço na Espanha. Na época, em meados de setembro, justificou a desistência do negócio a “descumprimentos contratuais” por parte do grupo Gallardo.

“Ficamos com a joia da coroa”, disse, por telefone, da Alemanha, Juarez Saliba, diretor-executivo de novos negócios e de fusões e aquisições da CSN. Ele explicou que as negociações com o grupo Gallardo foram retomadas no fim de outubro e concentrara-se especificamente nos dois ativos alemães – a siderúrgica Stahlwerk Thüringen (SWT) e a distribuidora de aço Gallardo Sections.

A SWT, observou Saliba, é voltada para atendimento dos mercados alemão e de países do Leste europeu, justamente os que se encontram em melhora situação devido à crise da Zona do Euro. “A usina está rodando com 80% da capacidade instalada”, firmou. Segundo a CSN, o ativo maior diversificação de mercados de atuação que a concorrência, atendendo não só a construção não-residencial, mas focada também nas áreas industriais de equipamentos, engenharia e transporte.

A SWT, situada na cidade de Unterwellenborn, na província de Thüringen, no centro do país, é especializada na fabricação de perfis médios e pesados, com capacidade instalada de produção de 1,1 milhão de toneladas por ano. Esses produtos são destinados, por exemplo, à fabricação de construções metálicas, como edifícios, mezaninos, estádios, pontes, viadutos, passarelas, fundações, contenções, galpões, pontes rolantes.

A siderúrgica alemã opera à  base de sucata, com fornos elétricos. Segundo a CSN, tem localização favorável para compra da matéria-prima – 70% são oriundos de um raio de 70 a 100 quilômetros. Junto com a distribuidora, a empresa emprega 450 pessoas.

Com o novo ativo, a CSN atinge uma capacidade instalada de produção de aço – plano e longo – de 6, 7 milhões de toneladas por ano. A partir de 2013, com a nova usina de Volta Redonda, salta para 7,2 milhões de toneladas.

Segundo Saliba, a CSN contou com financiamento de € 120 milhões por parte de sete bancos que eram credores do grupo Gallardo para fechar o negócio. A empresa vai desembolsar € 320 milhões do seu caixa e assumir dívida da SWT de aproximadamente € 40 milhões.

O diretor informou que não haverá  mudança na gestão da SWT. “É uma operação enxuta, com padrão alemão, com dois executivos – um diretor industrial e um administrativo-financeiro, que serão mantidos”. Destacou que ao fazer essa aquisição, a CSN comprou também expertise no segmento de aços longos. “Os alemães vão nos ajudar, nos próximos oito meses, com treinamento, a formar o pessoal para nossa usina de aços longos em Volta Redonda”, afirmou.

A operação de compra do ativo europeu – deixando de lado uma cimenteira e outra usina de vergalhões na Espanha, um mercado em crise – ocorre um mês após o grupo argentino Techint entrar no capital da Usiminas, concorrente da CSN. Steinbruch tentou, via mercado de capitais e diretamente, assumir o controle da siderúrgica mineira, mas não teve sucesso.

 


Desemprego na Europa é recorde

Correio Braziliense

O desemprego na Zona do Euro alcançou um recorde histórico, atingindo 10,4% da população economicamente ativa (PEA) em dezembro de 2011. Segundo cálculos da agência de estatísticas Eurostat, 16,5 milhões de pessoas estavam desempregadas na Europa em dezembro, 20 mil a mais do que no mês anterior.

Trata-se do oitavo mês consecutivo em que o índice alcançou e superou o limite dos 10% na Zona do Euro. Um recorde já havia sido atingido em novembro, depois que a Eurostat revisou para 10,4% o resultado do mês, ante 10,3% divulgados em um primeiro momento.

A Espanha continua sendo o país com o maior índice de desemprego, com 22,9%, igual ao do mês anterior e à frente da Grécia (19,2%). A Áustria se mantém com o mais baixo, 4,1%, seguida de Holanda (4,9%) e Luxemburgo (5,2%).

Na França, o desemprego atingiu 9,9% da PEA, aumentando em relação a novembro (9,8%). Na Alemanha, manteve-se nos 5,5%. No conjunto da União Europeia (UE), em dezembro, o nível permaneceu estável, mas a Eurostat revisou para cima o indicador de novembro (9,8%).

Para impulsionar o crescimento e o emprego na Zona do Euro, os 27 dirigentes da UE se reuniram na segunda-feira em Bruxelas. Mais do que medidas concretas para frear os flagelos de recessão e desemprego, os europeus acordaram um pacto que consagra a austeridade fiscal na região. Apenas Grã-Bretanha e República Tcheca ficaram fora do tratado, que responde a uma exigência de disciplina da chanceler alemã, Angela Merkel, em troca de maior solidariedade financeira.

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