A Semana no Olhar Comunista – 0027

 


O desabamento de três prédios no centro do Rio de Janeiro deveu-se, muito provavelmente, de acordo com as informações que vem sendo divulgadas, à irresponsabilidade da empresa contratada para uma obra, que não a registrou e, sem o adequado apoio técnico, desrespeitou princípios elementares da engenharia civil. No entanto, o ocorrido trouxe à tona problemas de fundo como a falta de fiscalização – as prefeituras, em geral, dispõem de poucos fiscais e quadros técnicos para isto –, da falta de registros das plantas e projetos e da obrigatoriedade de haver fiscalização periódica nas edificações, além da precariedade e lentidão da mobilização e organização de “gabinetes de crise” capazes de gerir catástrofes com agilidade. Se esta tragédia ganhou manchetes de jornais e exposição na TV, muitas outras acontecem quase diariamente, nas regiões de moradia de trabalhadores de baixa renda, pela inexistência de apoio técnico gratuito para a construção, reforma e ampliação (os “puxadinhos”) das habitações, que deve ser um direito de todos.

 


Indústria brasileira atinge ápice da desigualdade

A indústria brasileira vem crescendo menos que o conjunto da economia e, nos últimos anos, vem ocorrendo uma forte retração de alguns de seus setores enquanto outros se expandem rapidamente. Entre os principais que “encolheram” estão os de equipamentos de comunicações e material eletrônico – menos 36% em 38 meses –, têxtil, calçados e artigos de couro, e máquinas, equipamentos e material elétrico, que declinaram cerca de 20%. Entre os que mais cresceram, estão os de bebidas (21,50%), equipamentos médico-hospitalares (11,72%) e perfumaria, higiene e limpeza (10,56%), conforme dados do IBGE.

O crescimento do consumo interno de bens não duráveis e com dificuldades de importação são as principais explicações para a expansão dos setores mencionados, ao passo que a desproteção às importações é uma das causas mais importantes das quedas observadas. Como pano de fundo, a sobreposição da tendência geral do capitalismo de desenvolver-se caoticamente, e sob a política econômica neoliberal que não baliza ou ordena o desenvolvimento e expõe a economia brasileira ao mercado mundial, fazendo o jogo das grandes empresas internacionais, que realocam a produção nos países que mais lhes convém.

 


A terra é dos paraguaios

O conflito entre sem-terra paraguaios (“carperos”) e o Agrobusiness verde-amarelo ganha contornos cada vez mais tensos no Paraguai. Em conflitos recentes, os “carperos” vem alegando que as terras são do estado paraguaio, terras públicas, e que foram ocupadas ilegalmente pelos “brasiguaios”, os fazendeiros brasileiros. O presidente Lugo, em sua campanha, prometeu uma reforma agrária mas não peitou o Congresso para concretizá-la. As ocupações são uma das formas de luta utilizados pelo movimento, que já entrou, inúmeras vezes, com processos na justiça.

O conflito ganhou dimensões de crise diplomática entre Brasil e Paraguai. É hora de apoiar os trabalhadores paraguaios, é hora de o governo brasileiro pagar parte da dívida histórica que o Estado brasileiro tem com o povo paraguaio e reconhecer a justeza e a legalidade do pleito dos sem terra daquele país.

 


Bye bye, verdinhas

Em 2011, a remessa de lucros das transnacionais instaladas no Brasil para o exterior bateu todos os recordes e foi a maior em 64 anos: foram US$ 38,1 bilhões enviados para as matrizes, 25% a mais que em 2010. E o “mercado” tem a expectativa de que essas remessas cresçam ainda mais neste ano, ao lado da redução do investimento estrangeiro.

A soma enviada como remessa estourou as contas do balanço brasileiro e serviu para que o consumidor brasileiro socorresse, em larga medida, as companhias européias. Em notícia divulgada pela Folha de S. Paulo, ficamos sabendo que os números não foram ainda maiores porque “as empresas resolveram segurar mais os recursos no Brasil – campeão mundial de juros – para melhorar seus rendimentos e, consequentemente, o balanço”. Enquanto isso, o nível de desemprego bate recorde atrás de recorde na Zona do Euro…

 


Outro recorde: juros consomem R$ 236,673 bilhões

A taxa Selic mais alta, não podia dar em outra, elevou as despesas com o pagamento dos juros da dívida pública em 2011: segundo o Banco Central (BC), com o aumento de R$ 41,304 bilhões no ano passado, foram recorde os R$ 236,673 bilhões (5,72% do PIB) enviados diretamente aos banqueiros e financistas. Em 2010, os gastos com juros foram “menores”, de “apenas” 5,18% do PIB.

Isso significa que estamos a caminho da libertação? Não se anime: o déficit nominal de 2011 soma R$ 107,963 bilhões (2,61% do PIB), acima dos R$ 93,673 bilhões (2,48% do PIB) de 2010.

Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva…

 


Brasil tem 2,318 milhões de desempregados

A pesquisa de Emprego e Desemprego feita pelo Dieese em conjunto com o Seade não deixa dúvidas: o total de desempregados no Brasil em 2011 era de 2,318 milhões de pessoas. A taxa de desemprego soma 9,1% na metodologia da pesquisa, calculada sobre a população economicamente ativa (PEA) e não a total, e desnuda o discurso oficial de que o país caminha para o pleno emprego – mesmo que seja “sub”.

 


“Perdeu, playboy!”

O diretor do banco britânico Royal Bank of Scotland (RBS), Stephen Hester, foi obrigado a abrir mão de um “bônus” de R$ 2,7 milhões após pressões políticas no parlamento britânico que chegaram a atingir o primeiro-ministro David Cameron.

No início da crise, em 2008, o RBS foi um dos bancos britânicos que mais precisaram de ajuda do governo para não quebrar. Na ocasião, o governo assumiu 82% de seu controle. Por isso, o anúncio de que Hester receberia este “bônus” provocou forte indignação entre os britânicos, que começam a viver sob uma economia no vermelho – e grandes cortes no gasto público, com congelamento dos salários de policiais e enfermeiras.

Haja óleo de peroba.

 


Montadoras, as eternas “queridinhas”, ficam livres do aumento no IPI

Está no Diário Oficial da União: o governo liberou uma lista de montadoras do aumento de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) até o final do ano. As eternas queridinhas do Planalto, responsáveis pelo alienante sonho de consumo do automóvel zero – e que tornam o ir e vir nas cidades brasileiras uma tarefa cada vez mais estressante para a maioria absoluta da população – poderão assim elevar suas taxas de lucro. Confira quem ganhou o “presentinho”:

– Agrale

– Hyundai

– Fiat

– Ford

– GM

– Honda

– Iveco

– MAN

– Mitsubishi

– Mercedes-Benz

– Nissan

– Peugeot Citroën

– Renault

– Scania

– Toyota

– Volkswagen

– Volvo

– International Indústria Automotiva da América do Sul