Esporte cubano é o campeão das américas

imagemLeonardo Griz Carvalheira – militante do PCB de São Paulo

Os Jogos Panamericanos de 2019, realizados em Lima no último mês, evidenciam a superioridade da política cubana para o esporte em relação ao restante do continente. O quadro de medalhas sempre apresentado pela mídia é um típico exemplo de números e estatísticas que dizem pouco ou quase nada se não são analisados corretamente. Explico: o quadro de medalhas ranqueia os países de acordo com o número absoluto de medalhas de ouro conquistado por cada país. Porém, esse quadro não diz absolutamente nada a respeito da qualidade dos desportos desenvolvidos em cada país, já que há uma disparidade de população impossível de ser ignorada, caso se queira extrair algo de útil dos números dos Jogos. Portanto, um dado relevante deve necessariamente levar em conta a população de cada país e relacionar com seu quadro de medalhas. É claro que, em casos de países muito pequenos, essa relação matemática pode ser desproporcional, mas para casos de populações consideráveis, é um dado chave. Vejamos.

No ranking pelo número absoluto de medalhas por país (imagem 1), vemos exatamente o país mais populoso, os EUA, no topo, com 120 medalhas de ouro e 293 no total, para uma população de 327 milhões de habitantes; o segundo mais populoso, o Brasil, com 208 milhões de pessoas, vem logo em seguida, com 55 ouros e 171 medalhas somadas; em terceiro lugar, temos o México, de 129 milhões, exatamente o terceiro país mais populoso do continente, com 37 ouros e 136 medalhas no total; é apenas no quarto lugar que o “ranking” de medalhas destoa da lista de países mais populosos, com o Canadá, país de 35 milhões de habitantes, em quarto lugar, sendo apenas o sexto país mais populoso, com 35 ouros; finalmente, em quinto lugar, o 13º país mais populoso, Cuba, com seus 11,2 milhões de habitantes, aparece com 33 ouros e 98 medalhas no total.

Portanto, os EUA, com uma população quase 30 vezes maior que a de Cuba, aparece com apenas 4 vezes mais medalhas de ouro. Daí a necessidade de acrescentar um dado e alguns cálculos para conseguirmos extrair alguma informação relevante deste quadro de medalhas. Para isso, basta acrescentar o dado da população dos países e relacioná-lo com o número de medalhas. Assim, podemos observar com muito mais precisão a eficiência do esporte de cada país. Podemos verificar quantas medalhas (de ouro e no total) os países conseguiram obter relacionadas com a população, a saber: quantas medalhas de ouro por milhão de habitantes (número de medalhas dividido pela população em milhões) (imagem 2); para quantos habitantes em média se encontra um vencedor dos Jogos (cálculo inverso do anterior); quantas medalhas no total por milhão de habitantes (medalhas/população); para quantos habitantes se encontra uma medalha (população/medalhas) (imagem 3).

Os resultados são rankings completamente diferentes. Cuba lidera em todos. Pegando apenas os países com mais de 2 milhões de habitantes, Cuba aparece em primeiro com quase 3 medalhas de ouro e quase 9 medalhas no total para cada milhão de habitantes apenas nesses Jogos de 2019. Isso equivale a um ouro de 2019 para cada 340 mil cubanos, e uma medalha a cada 115 mil! É um número impressionante. Praticamente uma medalha para cada bairro do país, somente neste ano!

Para se ter uma ideia geral, considerando toda a população das Américas (998,8 milhões de pessoas) e todas as medalhas distribuídas nos Jogos, chega-se a uma média de 0,42 ouros por milhão de habitantes (um ouro para cada 2,4 milhões de habitantes) e 1,35 medalhas por milhão de pessoas (uma para cada 740 mil). Assim, os países grandes (EUA, Brasil e México, os três com mais de 100 milhões, os três primeiros no primeiro ranking) estão abaixo da média de medalhas do continente.

O engano do primeiro “ranking” é tanto que esconde na verdade um rendimento pífio dos seus primeiros colocados. Levando em conta a população e o número de medalhas de ouro, os EUA ficariam em 11º lugar entre os 23 países com mais de 2 milhões de habitantes e em 8º entre os 15 países com mais de 10 milhões. Lá, para cada milhão de habitantes obteve-se 0,37 medalhas de ouro, isto é, uma medalha de ouro para cada 2,7 milhões de pessoas (quase 10 vezes mais que Cuba, primeiro colocado). Considerando todas as medalhas, os EUA caem para a 16ª posição entre 23 países, com 0,9 medalhas por milhão (uma a cada 1,1 milhão, também 10 vezes mais que Cuba).

As posições do Brasil são vergonhosas, desperdiçamos completamente o enorme talento esportivo do nosso povo. Os números falam por si. Nem merece comentários agora. Nosso esporte engatinha. Não cabe aqui analisar a devastação que o capitalismo causa nos esportes brasileiros.

Enfim, podem-se extrair dados muito mais conclusivos com apenas um dado a mais na interpretação. Queremos destacar aqui algo completamente ignorado por toda a mídia: Cuba é o campeão das Américas! Esse fato é incontestável, a não ser que se considere que a “ditadura dos Castro” esteja manipulando o quadro de medalhas.

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