Quem ganha com o desemprego?

imagemUm retrato dos grandes capitalistas

Gabriel Landi Fazzio

Entre os anos de 2014 e 2019, o desemprego no Brasil mais do que dobrou. Mais de 27,6 milhões de trabalhadores já sofrem com a falta de emprego – isso em um país com 105 milhões de pessoas em condições de trabalhar (a chamada “população economicamente ativa”).

Com a Reforma Trabalhista aprovada no governo Temer, além da redução dos direitos trabalhistas, aumentou o número de vagas de empregos “intermitentes” (com menos horas de trabalho e menores salários). Além disso, com a falta de creches públicas, milhões de mães e pais não conseguem emprego, por não terem com quem deixar seus filhos durante o horário de trabalho. Sabemos que, nesse caso, as mulheres são as mais afetadas.

Para nós, trabalhadores, essa situação é desesperadora. Mas os grandes capitalistas fazem festa – os banqueiros, os grandes industriais, os grandes patrões do comércio, do transporte e dos serviços.

No fim de julho, o jornal “Folha de São Paulo” ofereceu um exemplo perfeito disso. O presidente do Itaú, Candido Bracher, deu uma entrevista asquerosa: não só defendeu a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência, que prejudicam os trabalhadores, como COMEMOROU os atuais níveis de desemprego. Segundo ele, o desemprego permite um crescimento econômico sem inflação, já que temos um “fator de produção sobrando tanto”. É a velha esperteza de falar difícil pra defender absurdos.

Esse banqueiro sabe, como todo grande empresário, que quanto maior o desemprego, mais fácil fica para impor sobre os trabalhadores um salário de miséria e condições de trabalho cada vez piores. Quanto menor a oferta de empregos, menor o poder dos trabalhadores para exigir salários melhores. Quanto maiores as filas de pessoas em busca de emprego, mais provável que os trabalhadores aceitem ganhar pouco, para ao menos ganhar algo.

Os grandes capitalistas estão bem unidos em torno do governo Bolsonaro-Mourão-Guedes, um governo marionete dos interesses dos ricos.

Para enfrentar essa situação e defender seus interesses, a classe trabalhadora só pode contar com sua própria força. Somos nós que fazemos o país funcionar e que produzimos a riqueza da nação, que os burgueses, os donos dos grandes meios de produção, sugam até a última gota. Só vamos virar o jogo com a luta e a organização independente da classe trabalhadora, sem conciliação com os exploradores do povo. Nessa luta, é especialmente importante retomar para as mãos dos próprios trabalhadores os sindicatos, boa parte dos quais hoje se vendem aos grandes patrões e governos da vez.

Por isso defendemos a redução da jornada de trabalho para, no máximo, 35 horas semanais. Mantendo os atuais salários, essa medida criaria imediatamente mais postos de trabalho.

Basta! Queremos uma economia que beneficie a maioria trabalhadora da sociedade, e não a minoria milionária!

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Quem leva vantagem:

-Os grandes empresários da cidade e do campo, que podem pagar salários cada vez menores. São os capitalistas que empregam muitas dezenas de trabalhadores, as vezes centenas, e lucram milhões às custas do trabalho mal pago de seus empregados.

-Os banqueiros, que enriquecem mais quanto mais a população se endivida.

Quem perde:

-Os trabalhadores, que não conseguem arcar com o aumento do custo de vida e são forçados a aceitar empregos precários, com baixos salários, ou a fazer todo o tipo de “bicos”.

-Os pequenos empresários, que dependem do consumo popular e vivem sempre no limite da falência.

A situação:

-Desempregados (que o governo admite) – 13 milhões

-“Subocupados” (trabalham menos de 40h por semana) – 6,4 milhões

-“Desalentados” (nome que o governo dá pra quem cansou de gastar dinheiro procurando emprego sem sucesso) – 8,1 milhões

-“Indisponíveis” (por exemplo, mães ou pais que deixam o emprego para cuidar dos filhos) – 3,3 milhões.

Total: 27,6 milhões de trabalhadores

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE)