A obra de Witzel: 5 crianças assassinadas em 2019

imagemMARÉ VIVE

5 crianças mortas em 2019, até agora, pela política de segurança dessa cidade. Foram 434 mortes apenas no primeiro TRIMESTRE do ano. Política de segurança que não mantém a segurança de ninguém dentro das favelas, que destrói famílias, mata crianças, que faz os moradores não terem paz.

Muitas vezes somos questionados, atacados com discurso de que defendemos bandidos e que odiamos a polícia e as coisas não são bem assim. Defendemos qualquer vida, ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém. E odiamos essa conjuntura que faz um trabalhador apontar a arma pra outro, sem o menor preparo, e matar. Infelizmente nossos governantes não dão apoio nem treinamento suficiente para os agentes policiais e o que acontece é isso que vemos todos os dias: discurso de ódio, operações policiais falhas e desenfreadas, pessoas machucadas e mortas. “Olho por olho, dente por dente”.

Uma política que incita a morte, que faz disparos de helicópteros em cima de casas e escolas, que faz dias de operações com invasões a domicílios e abuso de autoridade, que mata crianças nunca vai dar certo.

Fica mais uma vez a pergunta que ecoa nas nossas cabeças: quantos de nós precisarão morrer para que essa guerra acabe?

Salvem nossas crianças. Respeitem a favela. Nossos mortos têm nome.

Jenifer Cilene Gomes. 11 anos. https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/02/15/mae-de-menina-morta-por-bala-perdida-na-zona-norte-do-rio-chega-ao-iml-amparada-por-familiares.ghtml

Kauan Peixoto. 12 anos https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/03/18/parentes-de-menino-morto-na-chatuba-rj-acusam-a-policia-ficaram-catando-as-capsulas-todinhas.ghtml

Kauan Rosário. 11 anos. https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/05/16/menino-baleado-na-vila-alianca-em-bangu-tem-morte-cerebral.ghtml

Kauê Ribeiro dos Santos. 12 anos. https://oglobo.globo.com/rio/familia-rebate-policia-sobre-morte-de-garoto-no-complexo-do-chapadao-menino-trabalhador-23937084

Ágatha Félix. 8 anos. https://oglobo.globo.com/rio/morre-crianca-de-8-anos-baleada-no-complexo-do-alemao-23965018

#marevive


NOTA DA OABRJ SOBRE A MORTE DA MENINA ÁGATHA NO COMPLEXO DO ALEMÃO

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Estado do Rio de Janeiro, lamenta profundamente a morte da menina Ágatha Vitória, de oito anos, no Complexo do Alemão, na noite de sexta-feira. A morte de Ágatha vem se somar à estatística de 1.249 pessoas mortas pela polícia nos oito primeiros meses do ano. Um recorde macabro que este governo do Estado aparenta ostentar com orgulho.

A OABRJ lamenta profundamente que a média de cinco mortos por dia pela polícia seja encarada com normalidade pelo Executivo estadual e por parte da população. A normalização da barbárie é sintoma de uma sociedade doente.

A OABRJ lamenta profundamente que horas antes da morte de Ágatha o governador tenha dito, conforme relatou a imprensa, que promoveria um “combate e caça nas comunidades”.

As mortes de inocentes, moradores de comunidades, não podem continuar a ser tratadas pelo governo do Estado como danos colaterais aceitáveis. A morte de Ágatha evidencia mais uma vez que as principais vítimas dessa política de segurança pública, sem inteligência e baseada no confronto, são pessoas negras, pobres e mais desassistidas pelo Poder Público.

A defesa do direito à vida é o princípio mais básico do ser humano e deveria ser o norte de qualquer governo civilizado. Uma política de segurança pública sem planejamento de inteligência atenta contra a integridade da população, e da própria polícia, e afronta os parâmetros básicos de civilidade.

Por meio de sua Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária, a OABRJ está à disposição da família de Ágatha e de familiares de outras vítimas da violência do Estado.

Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2019.