Luta pela soberania das Malvinas não é argentina, é latino-americana
O deputado do Parlamento Latino-americano – Seção da Venezuela (Parlatino), Carolus Wimmer, destacou que “a luta pela soberania das ilhas Malvinas não é argentina, mas sim latino-americana”. “A América Latina deve unir-se, alçar uma só voz e defender seu território como região, não isoladamente”.
O parlamentar do Partido Comunista da Venezuela (PCV) recordou que desde a assinatura do Tratado de Lisboa, em 2007, ficou documentado, ao substituir a frustrada Constituição Europeia, que “as Ilhas Malvinas, Sandwich do Sul, Geórgia do Sul, os espaços marítimos circundantes e o setor antártico argentino”, são considerados britânicos pelos 27 membros da União Europeia (UE).
“Qualquer reclamação da Argentina ao Reino Unido no que tange a soberania das Malvinas, será percebida pela Europa como uma ação direta contra a discutida autonomia de seu Tratado”, explicou.
No entanto, Wimmer afirma que o problema não é só de soberania. A Grã-Bretanha decidiu militarizar o antártico argentino, instalou uma base militar e enviou embarcações nucleares para realizar “exercícios”, sob a liderança do Príncipe William, da Inglaterra.
“A América Latina é vítima de uma séria ameaça inglesa. Não há necessidade de efetuar exercícios militares na única região do planeta que carece de guerra e conflitos armados”, argumentou Wimmer.
Acrescentou que o envio do Príncipe possui um único objetivo: qualificar qualquer intromissão argentina nos exercícios como um atentado ou insulto à coroa da Inglaterra.
Assim, o deputado Wimmer conclama os organismos supranacionais da região a “exercerem pressão diplomática contra esta intenção neoliberalista inglesa, que viola a autodeterminação dos povos latino-americanos”.
Na união está a força
A União das Nações Sul-americanas (Unasur), a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe (Celac), deram seu apoio à Argentina. Não obstante, Wimmer considera que este respaldo não deve ficar apenas nos papeis, mas que devem se intensificar com ações concretas.
“A Unasur deve proibir a entrada de barcos europeus com a bandeira ilegal das Malvinas em águas sul-americanas”, enfatizou. Também afirma que os 32 países da Celac devem condenar esta ocupação ilegal e apoiar a Argentina na Organização das Nações Unidas (ONU), na denúncia de violação de uma de suas resoluções.
A resolução 31/ 49, adotada pela ONU em 1º de dezembro de 1976, insta as duas partes a se absterem de modificar unilateralmente a situação nas Ilhas até encontrarem uma solução pacífica.
“A Inglaterra violou esta resolução e a ONU parece não se importar. Tampouco os Estados Unidos (EUA), país que se declara como um ávido defensor das resoluções da ONU, porém somente quando estas o favorecem”, apontou.
Ouro negro
Os interesses do Reino Unido e dos EUA transcendem o militar, geoestratégico e neocolonial. Estão mais próximos do interesse econômico, já que faz apenas dois anos da descoberta de uma reserva do bem chamado “ouro negro” nas Malvinas.
Desde então, a Inglaterra, irmã menor dos EUA em seus planos hegemônicos, – ainda que no século XVIII tenham tentado colonizá-los –, explora o petróleo de forma ilegal e sem esperar a arbitragem da ONU.
A União Europeia e os EUA avalizam a exploração e a invasão militar inglesa, ainda que a ONU não a declare legal. Então, como o Tratado de Lisboa pode estar acima da Carta das Nações Unidas, se a Europa é apenas um integrante do máximo organismo mundial?
O deputado do PCV no Parlatino destaca que o informe de Rattenbach, que a Argentina anunciará em breve, revelará que os argentinos sempre foram um povo pacífico, mesmo depois de sua expulsão das Malvinas pelos ingleses, há algumas décadas.
“Meu voto é para que a América Latina unida impulsione uma saída pacífica que nos permita recuperar um território que histórica e legalmente nos pertence”, concluiu o parlamentar.
Tradução: Maria Fernanda M. Scelza (PCB)