Economia europeia tem 1ª queda desde 2009

A Europa não resistiu à própria receita para superar a crise da dívida e registrou, no fim de 2011, contração de sua economia, pela primeira vez desde o auge da crise em meados de 2009. Entre outubro e dezembro, o bloco sofreu uma retração de 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados da Comissão  Europeia.

No ano, a expansão foi de 1,5% entre os 17 países da zona do euro e de 1,6% entre os 27 países da União  Europeia. Mas em 2011, pelo menos cinco países entraram em recessão e o Velho Continente só voltará a crescer em 2013.

Dados preliminares e analistas ainda indicam que essa retração continuou no início deste ano, apontando que a Europa já estaria passando pela segunda recessão em três anos.

A constatação só não é  mais dramática porque a contração da economia alemã não foi tão profunda quanto se temia. Esse resultado chegou a fazer as bolsas ganharem terreno e animou analistas que esperavam dados ainda mais sombrios. Mas por mais que a contração não seja tão profunda, ela é  uma constatação de que a estratégia do bloco fracassou para muitas das economias da região.

A economia da Alemanha, que representa um terço do PIB europeu, caiu 0,2% no ultimo trimestre de 2011. Os alemães, com uma taxa de desemprego de apenas 5,5%, sentiram a queda da demanda internacional. Mas, no ano, conseguiram crescer 3%. O mesmo resultado não se repetirá em 2012. Na melhor das hipóteses, os alemães crescerão apenas 0,7%. “A Alemanha não entrará  em nova recessão. Apenas deu uma pausa na recuperação”, apontou o banco ING.

Outro país que conseguiu se manter no campo positivo foi a França, ainda que com crescimento de apenas 0,2% e também sofrendo uma perda de ritmo na recuperação – se fosse excluído do cálculo o resultado do comércio exterior, a economia do país teria recuado 0,5%. França e Eslováquia foram os únicos países do bloco de 17 economias que mantiveram a taxa de crescimento, ainda que mínima. No ano, a França conseguiu crescimento de 1,7%, contra 1,4% em 2010.

Divisão. Os dados mostraram uma divisão clara na Europa, com os países mediterrâneos sofrendo os maiores prejuízos. Cinco países registraram o segundo trimestre consecutivo de retração, o que significa a entrada oficial em recessão. A queda mais acentuada foi da Itália, terceira maior economia da zona do euro, que entrou em recessão. A crise da dívida e os cortes sociais frearam o consumo doméstico e as empresas deixaram de investir. A contração no último trimestre de 2011 foi de 0,7%, bem acima do esperado e as previsões são de que essa recessão dominará grande parte de 2012.

Todos, até mesmo o governo, admitem que a recessão ocorre por causa das medidas de austeridade impostas pelo governo de Mario Monti. Sua meta é a de cortar 20 bilhões do orçamento. Para o Fundo Monetário Internacional, a Itália poderá sofrer contração de 2,2% neste ano.

O que mais preocupa é que, se os cortes afetam a economia real, o impacto na dívida ainda não conseguiu ser sentido. Segundo o Banco da Itália, a dívida do governo cresceu 4% em 2011, para 1,8 trilhão.

A Grécia jamais superou a recessão que começou em 2009 e no último trimestre de 2011, a economia recuou 7%, enquanto a dívida continua também em expansão. Portugal voltou a decretar recessão, com queda de 1,3%, duas vezes superior à  do terceiro trimestre. Analistas não descartam que Lisboa tenha de começar a pensa num segundo pacote de resgate, como fez a Grécia.

Outras economias que sofrem são as da Bélgica e da Holanda, ambas em recessão. No fim do ano, a economia holandesa contraiu 0,7%, além de 0,4% no trimestre anterior. O setor imobiliário e o consumo em queda foram os principais motivos.

A economia europeia deve continuar caindo até pelo menos março, o que deixa a UE oficialmente em recessão. A segunda recessão em apenas três anos seria também mais um sinal claro de que a Europa se descolou da trajetória de recuperação dos Estados Unidos que, no fim de 2011, cresceu 0,7%.

 


‘Liquidez do BCE afasta risco de contágio’, diz IIF

Valor Econômico

A liquidez abundante fornecida pelo Banco Central Europeu (BCE) e outros grandes bancos centrais, somada à  resiliência das economias dos EUA e dos emergentes e recessão menos severa na Europa, alimentam a percepção de que a crise da dívida soberana europeia e a crise bancária recuaram e o risco de contágio estaria contido.

É o que diz o Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa os maiores bancos do mundo, em relatório enviado a seus membros esta semana. “O sentimento de menos perigo e de firewall significa essencialmente que investidores agora parecem entender que, indiferentemente da austeridade fiscal funcionar na Grécia e em Portugal, o contágio nesses países será contido na medida em que outras nações com problemas vão ser bem sucedidas””, afirma.

Além da enorme liquidez dada pelo BCE, a “percepção de firewall”” em torno da Grécia é  reforçada pela decisão de Bruxelas de ativar já em junho o Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês) com capacidade de empréstimo de € 500 bilhões. O poder de fogo contra o contágio na zona do euro poderá ser ampliado, se o EFSF, o atual mecanismo europeu de socorro, continuar a funcionar justamente com o ESM.

Essa visão benigna será testada nas próximas semanas. Nos mercados financeiros da Europa, a situação da Grécia é vista como uma roleta russa entre políticos e líderes europeus. A Europa ameaça atrasar a liberação do segundo pacote de socorro de € 130 bilhões até a eleição geral grega em abril, mas ao mesmo tempo provavelmente dando a Atenas dinheiro suficiente para evitar o calote. Já a Alemanha ainda explora a possibilidade de colocar o dinheiro para os gregos numa conta controlada pela Europa. E junto com a Holanda e a Finlândia, a Alemanha cada vez mais parece preparada para deixar a Grécia dar o calote e sair da zona do euro.

O líder da direita grega Antonis Samaras enviou ontem às pressas uma carta aos líderes europeus se comprometendo com austeridade. Mas sua observação no começo da semana, de que renegociaria o pacote de rigor depois da eleição, afundou sua credibilidade.

Para analistas, mesmo se a Europa aceitar as promessas dos gregos, o colapso é tão grande na economia do país que outra reestruturação da dívida poderá ser exigida no médio prazo. “A Grécia está em fase terminal e todo mundo sabe disso””, afirma o economista Michael Derks, da consultoria FxPro, de Londres.

A economia grega poderá sofrer contração de 5% este ano, após ter declinado 13% nos últimos quatro anos. A coleta de impostos na Grécia caiu 7% em janeiro, ao invés de aumentar 8,9% como planejado, ilustrando a dificuldade de implementar o que assinou junto aos europeus.

Diante desse cenário, cresce a convicção de que a Grécia acabará sendo empurrada para fora ou tomando a porta de saída da zona do euro, agora que a União Europeia poderia conter o impacto de um calote desordenado grego.

 


Brasil sugere retomar acordo com Teerã

O Estado de S. Paulo

Para o governo brasileiro, a proposta de acordo formulada na visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Teerã, em maio de 2010, “continua sobre a mesa”. “Para nós, os termos do acordo turco-brasileiro-iraniano são os mesmos e continuam valendo”, diz o enviado da presidente Dilma Rousseff ao Oriente Médio, embaixador Cesário Melantonio Neto.

“A (negociação) não depende de nós, o Brasil não pode fazer isso sozinho”, afirmou ao Estado Melantonio. “Ela depende da comunidade internacional, de um grande número de países voltar a examinar essa proposta e das Nações Unidas. Mas o esforço conjunto feito pela Turquia, Brasil e Irã continua sobre a mesa.”

Ele admite que a oferta feita em Teerã  precisa ser atualizada. “Passaram-se dois anos e a proposta deve ser revista e coordenada com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Os volumes mudam, mas o que vale é o princípio”, defende.

O plano de 2010 previa a troca de urânio levemente enriquecido pela substância processada a 20%. O Irã  repassaria parte de seu estoque à Turquia e, em contrapartida, receberia de um terceiro país uma carga que pudesse ser utilizada no reator de pesquisa de Teerã.

A chamada “Declaração de Teerã” tinha por base uma oferta feita pelos EUA oito meses antes e recusada pelo Irã. Horas depois de Lula celebrar o acordo com o turco Recep Tayyip Erdogan e o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, os EUA afirmaram que a proposta havia perdido a validade, pois o Irã não suspendera o enriquecimento de seu urânio durante a negociação.

O desentendimento sobre o Irã azedou as relações entre os governos Lula e Barack Obama. Dois meses depois, o Conselho de Segurança da ONU adotou sua sexta resolução contra a república islâmica. O secretário-assistente de Relações Públicas do Departamento de Estado dos EUA, Mike Hammer, afirmou esta semana que Obama “pretende ouvir” a posição de Dilma sobre o programa iraniano quando os dois líderes encontrarem-se na Casa Branca, no dia 6 de abril. O governo brasileiro não reagiu oficialmente à informação e Melantonio não quis comentar o caso.

Conexão argentina. O anúncio feito ontem por Ahmadinejad pode fechar uma brecha importante usada na Declaração de Teerã.

O acordo turco-brasileiro referia-se ao fornecimento de urânio enriquecido especificamente ao reator de pesquisas de Teerã, equipamento doado em 1967 ao xá Reza Pahlevi pelos EUA. Com a Revolução Islâmica, em 1979, Washington cortou o suprimento de combustível nuclear. A Argentina, então, fechou um contrato com Teerã em 1987 para modernizar o aparelho e fornecer 120 quilos de urânio com o grau de enriquecimento necessário para fazer funcionar o aparelho.

O estoque fornecido pelos argentinos, entretanto, está praticamente esgotado. Com base nessa brecha, primeiro americanos e depois brasileiros e turcos tentaram “atrair” o Irã para um acordo de troca de urânio.

Ontem, Ahmadinejad afirmou que o reator de pesquisa de Teerã – alvo da proposta turco-brasileira – passará a ser abastecido com varetas de combustível produzidas no próprio país persa. Se o Irã realmente conseguir ser autossuficiente no abastecimento do equipamento, o acordo perderá parte de seu sentido. Especialistas, porém, duvidam que Teerã tenha alcançado esse estágio.

 


Argentina pune a YPF e eleva pressão sobre setor

Valor Econômico

O aumento da pressão do governo argentino sobre a petroleira YPF, controlada pela espanhola Repsol, derrubou ontem as ações da empresa nas bolsas de Buenos Aires e Madri, horas depois da divulgação de uma autuação fiscal da Afip, a receita argentina. Nos dois países as cotações da YPF puxaram para baixo o mercado de capitais. Na Espanha, a queda dos papéis da empresa foi de 1,29%, enquanto o índice IBEX35 foi negativo em 0,35%. Na Argentina, a ação da YPF caiu 4,06% e o índice Merval recuou apenas 0,01%.

A empresa ficou com as suas operações externas na Argentina suspensas até o pagamento de uma multa de US$ 8 milhões, segundo a agência governamental Telam. De acordo com a agência, a YPF é uma entre 300 empresas que estão sendo punidas pela Afip nos últimos dias.

A punição de ontem em si foi vista como pouco relevante por analistas, mas indicativa de uma ofensiva contra a companhia. “Para uma empresa como a Repsol, esta é uma autuação muito baixa, de pouco impacto operacional. O que fica claro é que o governo admite a existência de um problema concreto da Argentina na área energética e busca nas empresas um bode expiatório”, afirmou o consultor Daniel Montamat, que foi presidente da YPF entre 1988 e 1989, quando a empresa ainda era estatal. A YPF foi privatizada em 1992.

O governo pressiona a YPF para que amplie seus investimentos na exploração do campo de petróleo e gás não convencional de Vaca Muerta, na Província de Neuquén, na Patagônia argentina. Segundo fato relevante divulgado pela própria YPF nas bolsas de Madri e de Buenos Aires na semana passada, a reserva potencial de Vaca Muerta é equivalente a 22,8 bilhões de barris de petróleo, sendo 13,5 bilhões na área da concessão explorada pela empresa. É a terceira maior reserva não convencional do mundo, e no comunicado a YPF a compara ao pré-sal brasileiro em termos de impacto na economia. A empresa calculou um dispêndio de US$ 28 bilhões para perfurar 2.000 poços e aumentar em 50% a produção de petróleo do país, mas não fixou o tempo para realizar a despesa. Mencionou apenas que ela seria feita “nos próximos anos”.

Com um déficit comercial na conta de energia previsto para US$ 6 bilhões neste ano, caso o PIB do país cresça apenas 2%, o governo da presidente Cristina Kirchner tem pressa em tentar reverter a queda de reservas e acena com a possibilidade de encampar as áreas de exploração. Na semana passada, os governadores das Províncias produtoras de petróleo deram um ultimato a todas as petroleiras do país (universo em que a YPF detém 60% do mercado) para que estabeleçam metas de produção para as áreas de exploração. Na Argentina, o poder de concessão cabe aos governos regionais, e não ao nacional, mas a ação dos governadores contou com a orientação do ministro do Planejamento, Julio de Vido.

“O governo usa as Províncias para acenar com o fantasma da expropriação, mas o que busca na realidade é que a YPF mude a sua política estratégica de uso dos lucros”, opinou um executivo de uma empresa do setor.

A YPF mudou a sua composição acionária em 2008, quando um sócio argentino, o grupo Petersen, adquiriu em dois momentos 25% do capital da empresa. Por um acordo de acionistas, o novo sócio paga a aquisição aos vendedores usando os dividendos sobre os lucros da empresa, o que reduz a capacidade de investimento da YPF. No entanto, a empresa enviou um fato relevante às duas bolsas em que cotiza, anunciando ter investindo em 2011 13,3 bilhões de pesos argentinos no país, o que equivale a cerca de US$ 3 bilhões.

O governo intensificou também a pressão sobre a YPF na área de distribuição de combustíveis. Em janeiro, o vice-presidente Amado Boudou acusou as cinco empresas que dividem o mercado argentino de prática de cartel nas vendas de óleo diesel no mercado atacadista, um segmento em que a YPF é amplamente a empresa dominante. Ao responder, alguns dias depois, a YPF divulgou uma nota em que rechaçava a acusação do governo. Procurada por este jornal, a assessoria de imprensa da YPF informou que a empresa não iria se pronunciar no dia de ontem.

 


Comércio prevê  crescer 6% este ano, mesmo resultado de 2011

O Estado de S. Paulo

O ano começou aquecido para o comércio, especialmente para as lojas de eletrodomésticos e de aparelhos de áudio e vídeo. Aumento do salário mínimo de 14%, impacto da redução da taxa básica de juros, a Selic, iniciada em meados de 2011 e o ritmo ainda forte do mercado de trabalho devem sustentar o crescimento do comércio em 2012.

Em 2011, as vendas do comércio varejista ampliado, que inclui veículos e material de construção, tiveram alta de 6,6%, quase a metade do registrado em 2010, apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para 2012, economistas preveem crescimento de 6%, na prática, igual ritmo de 2011.

“Estamos tendo um fevereiro excepcional”, diz o supervisor geral das Lojas Cem, José Domingos Alves. Em janeiro, as vendas cresceram 9% em relação ao mesmo período de 2011 e, neste mês, a expansão até agora é de 21%.

Já na Lojas Colombo, o comportamento das vendas é o inverso do da concorrente. Segundo Cesar Siqueira Anderson, diretor de vendas, em janeiro a rede faturou 11% a mais ante o mesmo mês de 2011 e, em duas semanas de fevereiro, essa taxa anual de crescimento caiu para 6%.

Dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) confirmam a tendência captada pela Lojas Colombo. Em janeiro a média de consultas para vendas à vista e a prazo cresceu 4,5% ante o mês de 2011, após ter tido um acréscimo de 2,2% em dezembro na comparação anual.

“Na primeira quinzena deste mês, as vendas arrefeceram”, conta o economista da ACSP, Emílio Alfieri. O tamanho exato da desaceleração será conhecido hoje. Segundo ele, a antecipação das liquidações de fevereiro para janeiro mudou o comportamento do varejo. Por isso, agora a venda perdeu fôlego.

No entanto, como o carnaval caiu em março em 2011 e neste ano é em fevereiro, a perspectiva é de que a taxa de crescimento anual volte a se acelerar no mês que vem e o primeiro trimestre encerre com ritmo de vendas muito próximo do fim de 2011.

“O comércio deve manter o ritmo de 2011 neste início de ano e seguir em recuperação”, diz o economista da LCA, Paulo Neves. A consultoria projeta alta de 6% para o varejo este ano.

Projeção semelhante é feita pela Rosenberg Consultores. “Há condições para que o comércio cresça novamente perto de 6% em 2012”, diz Daniel Lima, analista. Ele aponta três fatores que devem dar suporte a essa tendência: desemprego baixo, alta da renda e do salário mínimo.

“Enquanto o emprego e a renda continuarem em alta não há risco de tropeço no consumo”, diz o economista da Fecomércio-SP, Altamiro Carvalho.

Mais otimista que seus pares e usando números da Fecomércio-SP, Carvalho acha que o crescimento do varejo em 2012 pode até ser maior que o obtido em 2011. De acordo com a entidade, que usa critérios diferentes do IBGE para apurar o resultado do comércio, as vendas cresceram 3,1% em 2011 ante 2010. “Para 2012, a expectativa é de uma alta de 4% a 5%”, prevê Carvalho.

Ele lembra que a confiança do consumidor continua alta. Em janeiro, ficou em 158,3 pontos. A média de janeiro a dezembro de 2011 foi de 156,3 pontos. Carvalho explica que boa parte da alta se deve à forte intenção de consumo, especialmente de bens duráveis, que aumentou 0,9% em janeiro. Além disso, o endividamento do consumidor diminuiu em janeiro (42,4% da renda) na comparação com o mesmo mês do ano passado (51,2%), apesar de ter crescido em relação a dezembro de 2011 (41,3% ).

 


PSDB articula fim das prévias para Serra ser candidato

O Estado de S. Paulo

Oito meses após anunciarem prévias para escolher o candidato a prefeito, líderes do PSDB começaram a atuar nos bastidores para derrubar a disputa interna, abrindo caminho para a candidatura do ex-governador José Serra à Prefeitura de São Paulo. A bancada tucana na Assembleia Legislativa divulgou nota ontem em que pede ao ex-governador que aceite o apelo de disputar e que o partido desista das prévias. A movimentação causou polêmica na legenda, que se divide sobre a realização das prévias.

Movimentos distintos apontavam uma ação para que não saia do papel a disputa interna, sobre a qual o governador Geraldo Alckmin chegou a dizer que era sua “obrigação moral” defender.

No Palácio dos Bandeirantes, já  se fala em compensações para os quatro pré-candidatos que colocaram seus nomes na disputa, marcada para o dia 4 de março.

Neste momento, no entanto, prossegue uma divergência de timing entre o governador e Serra, que ainda não resolveu se é candidato. Alckmin deseja que ele se decida antes das prévias. Mas, segundo interlocutores, Serra não dá indicativos de que resolverá até lá. Para aliados, é possível que estenda o processo até a convenção, em junho.

Além da nota da bancada, o presidente municipal do PSDB, Julio Semeghini, falou em “saída jurídica” para a questão.

“Estou sentindo um movimento para derrubar (as prévias). Mas isso só vai acontecer se me derrubarem no voto. Sou a favor das prévias e vou defendê-las até a última hora”, desabafou o presidente estadual tucano, Pedro Tobias. “A bancada considera as prévias um processo legítimo. Assim como considera o nome de Serra como candidato”, disse o líder do PSDB na Câmara Municipal, Floriano Pesaro.

No governo, avalia-se que dois dos pré-candidatos, os secretários Andrea Matarazzo (Cultura) e Bruno Covas (Meio Ambiente), abririam mão do processo. O “problema” seria o secretário José Aníbal (Energia) e o deputado Ricardo Tripoli. Estão em estudo compensações, como o fortalecimento da pasta de Energia, que abrigaria a de Saneamento. Tripoli poderia receber cargo de direção na campanha.

Data. Semeghini disse ontem não haver no estatuto data sobre as inscrições nas prévias, apesar de resolução interna, apoiada por ele, falar que o prazo era até o dia 14. Ele afirmou que a eleição interna será mantida e que os pré-candidatos do partido adquiriram direito de disputá-la e “ninguém vai poder tirar (isso) deles”. “Acredito que se houver qualquer interesse do Serra, será antes das prévias, pois ele terá de participar do processo.”

Alckmin disse ontem que a eleição interna está mantida, mas afirmou que, se Serra for o candidato, a legenda vai avaliar a questão. “Não tem nenhum fato novo. Se o ex-governador se dispuser a ser, e não tem essa definição, o partido vai avaliar.”

Desencontros. Assinada pelo líder do PSDB na Assembleia, Orlando Morando, a nota defendendo a candidatura de Serra diz que ele não deve disputar as prévias. “Acreditamos que um homem público da qualidade de Serra, com toda a sua vivência e experiência adquirida nos cargos públicos que ocupou, não tem que disputar prévias.” Tobias divulgou nota desautorizando Morando. “As prévias são um fato consumado”, declarou.

Os pré-candidatos também reagiram às investidas contra a disputa. “Acho um desrespeito”, declarou Tripoli. Aníbal afirmou, ainda, que “em nenhum momento” Semeghini “descredenciou as prévias”.

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