O carnaval virou um negócio muito lucrativo
O festejo que hoje é chamado de carnaval, que significa “festa da carne”, surgiu na Europa no século XI e era caracterizado pelo hábito de comemorar a chegada da quaresma. Diante da perspectiva de passar quarenta dias em abstinência de carne, os cristãos fartavam-se de comidas e festas entre o domingo e a “terça-feira gorda”. Na quarta, revestiam-se de cinzas, evocando que do pó viemos e para o pó retornaremos, e ingressavam no período em que a Igreja celebra a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo.
Em Portugal, o costume era de pregar peças e a brincadeira recebia o nome de Entrudo, que quer dizer “início”, Essa festa foi introduzida no Brasil pelos portugueses, provavelmente já no século XVI. No Brasil, o Entrudo consistia num folguedo alegre, mas violento. No Rio de Janeiro, as brincadeiras de ruas eram descontroladas. Havia duas maneiras de brincar: o Entrudo Familiar e o Entrudo Popular.
O Entrudo Popular consistia em brincadeiras violentas e grosseiras nas ruas do Rio de Janeiro. Seus principais atores eram os escravos, e sua principal característica era o lançamento mútuo de todo tipo de líquidos, como água, lama e urina.
O Entrudo Familiar acontecia dentro das casas senhoriais. Era caracterizado por brincadeiras usando limões de cheiro que as pessoas lançavam uma nas outras. Os limões de cheiro eram bolotas de cera contendo líquidos.
A partir dos anos 1830, uma série de proibições tenta acabar com o Entrudo. Combatido como brincadeira selvagem ele continuou a existir, com esse nome, até o final do século XIX, e existe ainda hoje no espírito das brincadeiras carnavalescas mais agressivas, como a “pipoca” do carnaval baiano, o “mela-mela” da folia de Olinda ou o “Clóvis” nos subúrbios do Rio.
Muito antes das escolas de samba e dos blocos carnavalescos, os brasileiros já tinham contato com os desfiles fora da época do carnaval, em procissões religiosas ou cortejos reais. Com as sociedades carnavalescas esse hábito se estabelece definitivamente nos dias da folia
Nos anos de 1970, no auge da ditadura militar, os desfiles carnavalescos entram na era do luxo, riqueza e grandiosidade, perdendo a espontaneiadade de festejo popular. Artistas, principalmente da Rede Globo, aproveitam-se da festa unicamente para se promoverem.
Em 1984, é construído no governo Brizola, em tempo recorde, a magnifica obra do Sambódromo, onde os desfiles passaram a acontecer. Oscar Niemeyer assina esse conjunto arquitetônico. Darcy Ribeiro, Brizola e Oscar criam no Sambódromo, em baixo das arquibancadas, também uma escola para ser usada durante o ano.
Hoje, o desfile das escolas de samba e dos blocos carnavalescos internacionalizou-se e ganharam um caráter puramente empresarial. Enfim, na era das privatizações até o carnaval foi vendido. O festejo popular atual virou um negócio muito lucrativo.