Sergipanos começam organizar o Bloco Operário Popular para derrotar o social-liberalismo do PT
Evento aconteceu na noite de ontem na Universidade Federal de Sergipe e reuniu dirigentes, militantes, simpatizantes do PCB, PSOL, PSTU, estudantes e professores da instituição do ensino, pesquisa e extensão dos sergipanos
A Universidade Federal de Sergipe (UFS), Campus de São Cristóvão abriu suas portas e reuniu na noite de ontem, 09, em Ato Político que constitui atividade do calendário comemorativo pelos 90 Anos do PCB, dirigentes, militantes, filiados, simpatizantes deste e dos partidos de esquerda PSOL e PSTU, estudantes e professores daquela instituição de ensino, pesquisa e extensão.
Na ocasião o professor Antônio Carlos Mazzeo, membro do Comitê central do PCB discorreu para um público que compareceu ao Auditório do Departamento de Geografia sobre “Organizar o Bloco Operário e Popular para derrotar o Social-Liberalismo do PT”. Argumento que defende os comunistas desde a realização do XIV Congresso Nacional realizado em novembro de 2009 no Rio de Janeiro.
A Mesa Redonda que contou com a participação dos representantes do PSOL, Aléxis Pedrão e do PSTU, Zeca Oliveira, foi coordenada pelo professor Leonardo Dias, Secretário Político do Comitê Regional do PCB, que, preservando as diferenças e expressando as convergências dialogaram sobre esta necessidade histórica de construção da unidade sem abrir mão de seus princípios.
Em sua exposição, Mazzeo sugeriu que “o Bloco Proletário-Popular a ser construído deve priorizar a organização e a luta, e como mote essencial, o socialismo”, disse. Para ele, “nas contradições da luta de classes do Brasil hodierno ou organizamos a classe com unidade revolucionária, ou seremos responsáveis por mais uma derrota do proletariado”, completou. “Esse é o nosso desafio. Essa é a tarefa”, concluiu.
O representante do PSOL, Aléxis Pedrão, concordando com as argumente comunista lembrou que o seu partido “está conseguindo a resistência, mantendo as bandeiras que o PT deixou cair”, disse. Avaliando o governo do PT ele disse que “para implementar os programas de transferências de renda, não mexeu nos lucros do capital, a exemplo do Itaú, Monsanto, mas remanejou aquele destinado aos trabalhadores”, afirmou.
Avaliando a conjuntura internacional, o representante do PSTU, Zeca Oliveira entende que “existe uma situação revolucionária no mundo, a partir das manifestações em diversos países”, enquanto que no Brasil “as mobilizações são de cunho econômico, não políticas e que diante disse temos preocupação em criar estruturas vazias, logo devemos pautar a unidade na ação, para mais na frente pensarmos na frente única”, avaliou.
Discordando dos argumentos do representante do PSOL, Lucas Gama, do Comitê Regional do PCB disse que “não existe uma situação revolucionária nas eclosões da Ásia e Oriente Médio, pois estas não conseguem sair de sua redoma, o que existe é uma desestruturação do capital em escala mundial”, avaliação esta reforçada pelo militante comunista Pedro, que fez sua intervenção na seqüência.
90 Anos do PCB
O Ato ocorrido na Universidade Federal de Sergipe, que tem um cunho e dimensões históricas, deu seqüência às atividades que estão sendo realizadas ao longo desta semana pelo PCB em Sergipe e que tiveram início na quinta-feira, 08, com a palestra “Esquerda, Religião e Democracia”, promovido pelo partido, tendo como público alvo os estudantes do curso de Ciências da Religião daquela instituição.
Mestre em Sociologia e Doutor em História Econômica pela USP, o professor Antônio Carlos Mazzeo (ele está acampado na instituição), também proferiu palestra sobre “As Ciências Sociais na Contemporaneidade”. Desta atividade, promovida pelo Departamento de Ciências Sociais, se integraram estudantes e professores deste e de outros cursos, além de militantes, simpatizantes dos partidos que integram a Frente de Esquerda em Sergipe.
A História do Partido Comunista Brasileiro
A passagem de Mazzeo em Sergipe se conclui neste sábado, quando falando para os comunistas sergipanos, ministrará um Curso Especial sobre “A História do PCB: 90 Anos de Lutas”, que terá início às 18 horas e se estende até às 18 horas, no Auditório do Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas (CCET) da UFS, devendo atrair dirigentes, militantes, simpatizantes da capital e interior de Sergipe.
Sinfonia Inacabada
Natural de São Paulo, Antônio Carlos Mazzeo publicou os livros “Estado e burguesia no Brasil” (Cortez, 1997), “Sociologia política marxista” (Cortez, 1995), “Burguesia e capitalismo no Brasil” (Ática, 1995) e “Sinfonia Inacabada: a política dos comunistas no Brasil” (Boitempo, 1999). Sobre esta obra, confira a sinopse que expõe o coração de tamanha contribuição cuja leitura é bastante e sempre atual:
“No final dos anos 1970 e no início dos 1980 deste século, as movimentações operárias do ABC paulista abrem perspectiva para a construção de um pólo democrático-popular que possibilitaria o aprofundamento da democracia brasileira em dimensões jamais vistas.
Se os setores de esquerda aglutinados em torno da vanguarda operária, e que posteriormente formariam o Partido dos Trabalhadores -PT, não conseguem construir essa alternativa, o Partido Comunista Brasileiro, até então hegemônico dentro do movimento operário, também não se mostra capaz de compreender a importância dessas manifestações e tem sua política derrotada no movimento de massas ao insistir em manter prática calcada nos velhos instrumentais analíticos de sua “teoria do Brasil”.
A construção da teoria da revolução em “etapas”, feita pelo Komintern – a Internacional Comunista -, a influência dessa Internacional no PCB e nas orientações da esquerda brasileira, assim como a incapacidade dos socialistas e comunistas de entender as novas dimensões sociopolíticas do Brasil são analisadas em Sinfonia inacabada que, ao fazer uma exposição abrangente da política dos comunistas, faz também uma análise crítica de toda a esquerda brasileira.”
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