MT: alvo da pandemia tem classe e tem cor

imagemNota Política do PCB-MT

Em todo Brasil o número de infectados que foram notificados pelo novo COVID-19 já ultrapassou 800 mil, mas sabemos que, com os casos subnotificados, o número real de pessoas contagiadas é bem maior. Por conta da política genocida do Presidente Bolsonaro, o Brasil ultrapassou 43 mil mortes por COVID-19, vitimando principalmente a população trabalhadora e negra. Ainda estamos longe de atingir o pico da doença, e o Brasil se coloca como novo epicentro do coronavírus no mundo.
As ações genocidas do governo Bolsonaro, que estimula e participa de manifestações para pôr fim ao isolamento social, colocam em risco a vida de milhões de brasileiros. O Brasil, dentre os países que mais casos têm de COVID-19, é o que menos realiza testes em sua população, evidenciando que estamos longe de identificar como a doença está se proliferando pelo país.

A população negra de nosso país tem sofrido de forma mais intensa os efeitos dessa pandemia. Por conta do histórico e estrutural racismo, ocupam os empregos mais precarizados e têm menor acesso a direitos trabalhistas e sociais.

Em Mato Grosso não tem sido diferente: já são mais de 5 mil casos confirmados de COVID-19 e mais de 175 óbitos até 15 de junho. Estamos em um período de pleno crescimento da doença; no último mês houve um crescimento de 525% de mortes por coronavírus, e o crescimento de casos confirmados é de 745% em todo Estado.

Na contramão do crescimento do contágio por COVID-19, o Governo do Estado de Mauro Mendes (DEM) e diversas prefeituras estão tomando medidas de flexibilização do isolamento social, permitindo a abertura de comércios não essenciais, shoppings, bares, restaurantes, academias, entre outros. Com isso, temos um aumento vertiginoso da proliferação do COVID-19, colocando em risco de colapso o SUS. Para piorar ainda mais a nossa situação, a disputa política entre o Prefeito da capital Emanuel Pinheiro (MDB) e o Governador Mauro Mendes (DEM) pela próxima disputa eleitoral coloca em risco toda população de nosso Estado.

Trabalhadores/as são os/as mais atingidos/as

Em Mato Grosso os que mais são atingidos pelo COVID-19 são os/as trabalhadores/as, contaminados/as em seus locais de trabalho: são centenas os profissionais da saúde, da assistência social, dos chamados serviços essências do comércio, entre outros. São eles que estão na linha de frete de combate à doença e assim sendo os mais expostos.
No CIAPS Adalto Botelho entre servidores e pacientes foram quase 30 infectados. Dois servidores deste local de trabalho foram a óbitos pelo COVID-19. O SISMA (Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde do Estado de Mato Grosso), que representa os trabalhadores da Saúde, já fez inúmeras denúncias sobre falta de EPIs (equipamentos de proteção individual) e casos de trabalhadores em situação de risco de contágio.

No frigorífico MAFRIG, em Várzea Grande, na última divulgação constataram 25 trabalhadores com COVID-19, sendo que uma trabalhadora foi a óbito. Na mineradora NEXA, localizada em Aripuanã, mais de 32 trabalhadores também testaram positivo. Mesmo assim continuaram com as atividades de mineração, colocando cada vez mais vidas de trabalhadores em risco.

Trabalhadores/as da Educação na rede estadual em vulnerabilidade

Milhares de trabalhadores/as contratados/as da Educação Estadual não tiveram seus contratos de trabalho renovados neste ano de 2020, por conta de uma manobra genocida do Governo Mauro Mendes, com o objetivo de penalizar esses/as trabalhadores/as e colocar a justificativa de que estão sem contratos por conta da última greve. Mostra claramente que esse governo não tem compromisso com a vida de milhares de famílias que, em tempos de pandemia, já estão há 5 meses sem receber salários. Foram realizadas as atribuições de todos servidores efetivos e, no dia de realizar a atribuição e efetivação do contrato dos servidores interinos, a SEDUC protelou e não a realizou, colocando em situação de vulnerabilidade milhares de famílias em todo o Estado.

Após pressão dos/as trabalhadores/as junto aos Deputados Estaduais, foi aprovado na Assembleia Legislativa um projeto de lei que concede uma ajuda de custo de 1.100,00 reais durante o período de pandemia a ser descontado depois dos servidores. O governador apenas sinalizou que iria vetar o projeto, pouco se importando com a vida de milhares de trabalhadores.

Avançar na construção do poder popular contra governos e patrões

Já é nítido o avanço do COVID-19 em Mato Grosso. É no local de trabalho onde os/as trabalhadores/as estão em contato com a doença e se infectando, assim é necessário manter o isolamento. Contudo, as ações genocidas da burguesia, dos Governos Federal/Estadual/Municipal ampliam gravemente os efeitos da crise sanitária.

Diante desse quadro, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) orienta os/as trabalhadores/as dos setores não essenciais a se organizarem, junto aos seus sindicatos e oposições sindicais para exigir a interrupção de suas atividades com a garantia de seus salários integrais, organizar greves para garantir a sua vida e de seus familiares. Já os trabalhadores/as dos setores essenciais, que exijam os EPIs (Equipamentos de proteção individual) e o cumprimento das regras sanitárias para a não proliferação da doença nos locais de trabalho.

Assim como as mulheres mostraram o caminho da resistência no ano eleitoral de 2018, agora o movimento negro, das periferias e as torcidas organizadas têm dado o tom da resistência antifascista, por liberdades democráticas e na perspectiva do Poder Popular.

Mobilizemo-nos contra patrões e governos que colocam o lucro acima da vida, não iremos nos intimidar perante esses ataques e seguiremos em luta em defesa da vida, de melhores condições de trabalho, pela garantia dos salários e pela defesa e fortalecimento das políticas sociais, com destaque para a defesa do SUS (Sistema Único de Saúde), uma de nossas principais armas de combate à pandemia.

Pelo Poder Popular na Construção do Socialismo!

Partido Comunista Brasileiro – Comitê Regional de Mato Grosso

Imagem: Manifestação em Cuiabá pede saída do presidente Jair Bolsonaro — Foto: Flávio Coelho/ TV Centro América