PCV: sanções propiciam balcanização da política

imagemTribuna Popular – Partido Comunista da Venezuela

Sanções propiciam balcanização da política e ressurgimento de correntes de ultradireita na Venezuela

PCV saúda informe da relatora da ONU e reitera exigência de fim imediato e sem condicionamentos das medidas coercitivas criminais imperialistas contra a Venezuela

O Partido Comunista da Venezuela (PCV) apoia as conclusões preliminares do relatório apresentado pela relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Alena Douhan, após sua visita à Venezuela, onde observa que “as sanções fortaleceram os problemas já existentes e têm contribuído para a perda dos direitos humanos da população”, e, portanto, exige que os Estados Unidos e a União Europeia suspendam essas medidas coercitivas unilaterais impostas ilegalmente para promover mudanças políticas por meios não democráticos no país.

Os efeitos destas medidas, como aponta o documento, têm sido devastadores principalmente nos setores mais vulneráveis da sociedade: pessoas que vivem em extrema pobreza, mulheres, crianças, trabalhadores da área da saúde, pessoas com deficiência ou enfermidades crônicas e as populações indígenas.

O impacto negativo das medidas coercitivas associadas às crises gerado pela decadência do modelo rentista monoprodutor, pelos erros nas políticas de planejamento econômico e desvios como a corrupção e a ineficiência na gestão do Estado venezuelano, têm causado a migração forçada de milhares de compatriotas, a fuga de cérebros e de mão de obra qualificada, o que contribui para o colapso de nosso sistema produtivo, que hoje mostra indicadores terríveis apenas comparáveis aos de países atingidos por guerras imperialistas.

Consideramos que a situação atual não só viola os direitos humanos, incluindo os direitos à vida, alimentação, saúde e desenvolvimento, mas também afeta seriamente o exercício dos direitos democráticos, ao promover uma balcanização da política por meio da qual interesses conflitantes disputam o controle das instituições, dos recursos financeiros e do poder do Estado, gerando tensões que impedem a realização de um diálogo transparente e amplo que inclua todos os setores da sociedade para a solução de conflitos internos. Também alertamos que a agudização de contradições na esfera econômica e política está trazendo como consequência a acentuação de correntes filofascistas e de extrema direita no cenário político.

Respaldamos a exigência da relatora aos Governos do Reino Unido, Portugal e Estados Unidos e aos bancos correspondentes a fim de descongelar ativos do Banco Central da Venezuela para a compra de medicamentos, vacinas, alimentos, equipamentos médicos, peças de reposição e outros bens essenciais necessários à garantia das necessidades humanitárias agravadas pela pandemia de Covid-19. Desde 2015, quando o governo Obama declarou a Venezuela como uma ameaça incomum e extraordinária à segurança interna dos Estados Unidos, o Partido Comunista da Venezuela (PCV) e o movimento comunista internacional lançaram inúmeras campanhas contra a aplicação e pela cessação das medidas coercitivas como instrumento de ingerência em nosso sistema democrático.

Além disso, os trabalhadores e as trabalhadoras sofrem as consequências da crise capitalista mundial no cenário pós-pandêmico, agravada pela complexa situação econômica interna e pelas medidas coercitivas ilegais impostas pelo imperialismo. A perda quase total do valor do salário, cujo montante hoje não cobre nem 1% da cesta básica, expõe 90% da população em nível de pobreza extrema e faz com que a população dependa cada vez mais de subsídios e ajudas governamentais, de remessas e atividades informais e ilegais para sobreviver, assim como também anula as conquistas operárias e populares obtidas no processo de libertação nacional nos últimos 20 anos.

O debate salarial deve considerar a situação gerada pelas medidas coercitivas, mas estas não devem servir de pretexto para não colocar no cenário atual a necessidade de um amplo consenso sobre a recuperação da renda das famílias venezuelanas que inclua todos os setores, mas especialmente os trabalhadores e não apenas o governo e as lideranças empresariais. É cada vez mais claro que não há saída da crise a favor do povo dentro dos limites do sistema capitalista, e por isso é necessário buscar soluções que contemplem a visão dos trabalhadores do campo e da cidade, dos setores populares, que hoje são maioria no país e não estão representados nas medidas neoliberais elaboradas a partir da Lei Antibloqueio, que busca apenas atrair capitais fáceis e dinheiro rápido, e não a reativação produtiva do país.

Nessas condições difíceis e complexas, o Partido Comunista da Venezuela (PCV) clama à continuidade da unidade popular de trabalhadores, camponeses, comuneros e das camadas médias empobrecidas, para avançar na defesa de seus direitos e na promoção da produção nacional, continuar avançando rumo à formação de uma ampla frente anti-imperialista nacional e mundial que continue promovendo o ativismo para exigir das potências imperialistas o fim das medidas coercitivas. Só assim o povo venezuelano poderá, sem qualquer coerção, praticar o exercício democrático e encontrar consensos para superar o conflito que existe e se exacerbou hoje na vida econômica, política e social do país.

O Partido Comunista da Venezuela (PCV) e o movimento popular revolucionário venezuelano não só exigem o fim das medidas coercitivas, mas também que ações sejam tomadas para garantir a indenização pelos danos causados à nação, a reintegração de bens de propriedade do Estado venezuelano que foram despojados pela ingerência estrangeira e a cessação da impunidade contra aqueles que cometeram crimes contra a humanidade e contra o povo, solicitando a aplicação de sanções como meio de pressão política.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Fonte:

https://prensapcv.wordpress.com/2021/02/14/pcv-sanciones-propician-balcanizacion-de-la-politica-y-resurgimiento-de-corrientes-de-ultraderecha/