Viva o Saara livre!

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Partido Comunista dos Povos de Espanha: Viva o Saara livre!

Governo de traidores, monarquia traiçoeira!

O governo de Pedro Sánchez e a monarquia Bourbon colocam a Espanha de joelhos diante do imperialismo ianque e agem como lacaios submissos da monarquia marroquina sanguinária e corrupta. Os poderes do Estado se mostram incapazes de defender a soberania nacional e submetem o país ao que consideram poderes superiores na política internacional atual.

É mais um episódio na longa história de traições e crimes do colonialismo espanhol. Um ciclo histórico que se encerra com esta decisão do Governo de Pedro Sánchez, que pretende entregar o povo saharauí ao domínio absoluto de uma ditadura criminosa, violando os princípios mais elementares do direito internacional, bem como as responsabilidades da Espanha como poder naquele território, conforme consta da resolução da ONU sobre o referendo acerca da autodeterminação do povo saharauí.

Esta atuação política de Pedro Sánchez tem antecedentes históricos dramáticos, que agora são revividos. A Espanha, nos tempos coloniais, submeteu o povo cubano a uma brutal política de extermínio. Assim foi com Valeriano Weyler e a monarquia. Hoje, essa mesma Espanha aplica uma política de traição e extermínio contra o povo saharauí, que luta heroicamente pela sua autodeterminação e independência. Weyler é substituído hoje pelo Presidente do Governo, Pedro Sánchez, e da Regência, a monarquia de Felipe VI. Mas a responsabilidade criminosa é a mesma.

O Governo do PSOE-UP e a monarquia de Felipe VI mantêm há anos um silêncio total face aos crimes, desaparecimentos e torturas que o governo do Marrocos cometeu contra o povo saharauí; silêncio que os torna cúmplices e também responsáveis por essas ações criminosas. Hoje não são suficientes os pronunciamentos mornos da UP em relação a esta última decisão de Pedro Sánchez. Com a sua continuidade nesse Governo, são igualmente responsáveis por esta ação.

O Governo e a Monarquia humilham os povos de Espanha, rendendo-se às exigências de Mohamed VI, aceitando a “normalização” das relações e a próxima recepção do “ministro das colónias de Albare” na sua anunciada viagem ao Marrocos. A Espanha, que tem sido alvo de contínua chantagem do lado marroquino, desde a retirada do seu embaixador de Madri em meados de 2019, pretende atualmente apresentar a sua decisão como algo voluntário por parte do Governo.

O povo saharauí sente-se traído pela Espanha. Todas as promessas não foram cumpridas, todos os representantes do Governo os enganaram. Começando com Juan Carlos I em 1975, seguindo Felipe González em sua visita aos campos de refugiados em 1976, passando por todos os governos nestes anos e terminando hoje com Pedro Sánchez e Felipe VI, só há mentira, covardia e traição. Foi isso que a Espanha deu ao povo saharauí.

A explicação última que levou Pedro Sánchez a tomar esta decisão é a sua miserável submissão às estratégias do imperialismo ianque, e também do sionismo. O continente africano está em disputa entre as grandes potências mundiais. Os Estados Unidos chegaram tarde a este pulso internacional e têm uma posição desvantajosa, por isso hoje está tentando mover seus peões para fortalecer suas posições, recuperar o tempo e avançar sua política imperialista de controle das economias e recursos naturais do continente.

A formação de um “grande Marrocos” visa controlar a costa noroeste do continente, bem como o trânsito pelo Estreito de Gibraltar. Por esta razão, é previsível que esta estratégia expansionista marroquina não termine no Sahara Ocidental, mas se estenda também à Mauritânia, para ganhar o controle, através de um único país, de toda a costa continental desde Gibraltar até o próprio Golfo da Guiné, onde a Marinha espanhola já participa em tarefas de controle e vigilância, utilizando a sua base logística nas Ilhas Canárias.

A participação da Espanha na invasão do Mali insere-se nessa mesma lógica de expansão e pilhagem imperialista, que em sua época foi precedida pela guerra de destruição da Líbia (também com participação espanhola) e que, em última análise, ameaça uma Argélia com elevado sentido de defesa da sua soberania e rica em recursos energéticos estratégicos, de especial interesse para a UE.

As Ilhas Canárias, neste jogo de equilíbrios geopolíticos, pela sua natureza de plataforma estratégica para as comunicações civis e militares e pelos valiosos recursos minerais recentemente descobertos no seu fundo marinho, estão sujeitas a um cerco ameaçador. Desde janeiro de 2020, a Espanha já demonstrou a sua incapacidade de defender a mesma integridade territorial das Ilhas Canárias face às duas leis de delimitação das águas marinhas aprovadas por Marrocos, que invadem as águas do arquipélago das Canárias.

Publicado pelo PCPE em 20 de março de 2022

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