A greve dos trabalhadores das refinarias na França

Apoio aos trabalhadores de refinarias em greve!

O Partido Comunista Revolucionário da França (PCRF) expressa sua solidariedade fraternal e classista aos trabalhadores das refinarias petroquímicas em greve desde setembro pelo aumento geral dos salários e por melhores condições de trabalho.

Sua luta é claramente uma continuação daquelas iniciadas por diversos setores econômicos (hotéis, varejos, indústrias…). Essas lutas profundas contra o alto custo de vida se multiplicam e se intensificam com a alta dos preços, consequência do modo de produção capitalista, da especulação e concorrência entre monopólios, catalisada pela guerra na Ucrânia.

Enquanto a inflação dos preços atinge seu auge, os salários, ao contrário, nunca estiveram tão baixos. Por toda a França, as lutas tendo como motivo central a questão salarial provam que a luta de classe ainda está viva. Se, durante a crise sanitária da COVID-19, os capitalistas nunca lucraram tanto, agora, nossos milionários e bilionários nunca embolsaram tanto dinheiro: o aumento dos lucros é a tendência durante a crise climática e a guerra na Ucrânia!

Enquanto a inflação também afeta o preço do petróleo, os grandes monopólios petrolíferos como a Total Energies ou a ExxonMobil veem seus lucros explodirem, e essa riqueza enche os bolsos dos acionistas enquanto os salários são corroídos pela estagnação e pelo aumento dos preços.
A Total evidencia o cenário: 5,7 bilhões de dólares de lucro no segundo semestre do ano de 2022 contra 2,2 bilhões de dólares em 2021, no mesmo período, alcançando um lucro líquido recorde de 16 bilhões de dólares sob um faturamento, também recorde, de 205,9 bilhões de dólares.
Com a ExxonMobil não é diferente: 17,9 bilhões de dólares de lucro no segundo semestre de 2022 contra 4,1 bilhões em 2021, no mesmo período, obtendo, também, lucro líquido recorde de 23 bilhões de dólares sob faturamento de 286 bilhões de dólares.

Nas empresas, os trabalhadores são confrontados com seus patrões que esmagam os seus salários e com seus mandantes, os monopólios, que exigem o preço mais baixo para serem competitivos no mercado de concorrência próprio do capitalismo. Soma-se a isso a deterioração das condições de trabalho, porque os “custos” são cortados para manter as margens de lucratividade: os lucros acima de tudo!

Depois da crise sanitária, Emmanuel Macron e seu governo lançaram medidas anti-sociais como a destruição do Código do Trabalho, da medicina do trabalho e da inspeção do trabalho, o questionamento sobre a duração legal do trabalho, além de reformas como as de seguro-desemprego e de pensões, com intuito de permitir às empresas o aumento significativo de seus lucros e da exploração do trabalhadores.

Um passo foi dado por Macron e seu governo, ao decretar, em 12 de outubro, a requisição de grevistas [1], primeiro no depósito de combustível da refinária ExxonMobil de Port-Jérôme, em Seine Maritime, ameaçando se estender até a Total. Essa requisição constitui um grave atentado contra o direito de greve, que é garantido pela Constituição, e mostra que a burguesia monopolista viola sua própria legalidade em determinados momentos.

Ao mesmo tempo, tanto os monopólios quanto Macron e seu governo colocam, por meio de fake news e de intox [2] , os trabalhadores entre si, apresentando os grevistas como privilegiados. Dessa forma, a Total Energies apresenta o salário de 5 mil euros, mais que o dobro da média francesa em 2022, como sendo “a remuneração média” bruta mensal de um operador de refinaria, sendo que, na verdade, este não é o caso. É preciso relembrar que estes empregos exigem uma alta qualificação e que a expectativa de vida de certos cargos é sensivelmente inferior à média, como apontam diversos estudos.

Face aos ataques e às tentativas de divisão por parte da burguesia e de seu Estado, é o momento de reafirmar a unidade de toda a classe trabalhadora na luta pelo aumento geral do salário e por condições de trabalho e de vida, atentando-se à verdadeira raiz do problema: o capitalismo-imperialismo.

Nesse sentido, nosso Partido coloca a questão da propriedade privada dos meios de produção para que a classe trabalhadora se conscientize e a questione. A causa central de sua condição e de todas as crises decorre da propriedade capitalista: os trabalhadores vendem a sua força de trabalho para os patrões, e estes, por sua vez, se apropriam de toda a riqueza produzida! Colocamos, portanto, que o problema só pode ser resolvido com a expropriação dos capitalistas pela classe operária em luta geral contra o capitalismo e seu Estado, na construção do Socialismo-Comunismo e da ditadura do proletariado.

A luta corajosa dos trabalhadores do setor petrolífero deve receber o apoio dos trabalhadores de outras empresas da mesma área geográfica, por exemplo sob a forma de luta coletiva e com a população local ao redor de cada região. É importante que se construa uma frente comum eficaz para lutar pelos aumentos salariais e pela manutenção do emprego como ferramenta industrial. A vontade de apoiar e expandir o movimento, expressa através do chamado de greve interprofissional, lançado pela CGT, FO, Solidaires, a FSU [3] e as organizações juvenis para terça-feira, 18 de outubro, é um primeiro passo que não deve ficar sem futuro, mas caminhar em direção a uma mobilização geral.

Este é o sentido que o PCRF quis dar ao iniciar as campanhas sob a palavra de ordem “Acusemos o capitalismo”, e em particular sob “Contra a vida cara”, que pode ser encontrada aqui.

Notas:

[1] Nota de tradução:A requisição de grevistas significa, na prática, forçar os grevistas a trabalhar, sob pena de uso da força policial. Esta é uma movimentação do governo francês para enfraquecer o movimento de greve, qualificando-a como “bloqueio”.

[2] Nota de tradução: Técnica de desestabilização de adversários fornecendo informações falsas; desinformação.

[3] Nota de tradução: Conferência Geral do Trabalho, Força Operária, Solidários, Federação Sindical Unitária

Tradução: Gustavo Damião