Ataque anticomunista do governo Maduro

Ataque anticomunista durante a mensagem anual do presidente Maduro à Assembleia Nacional

Tribuna Popular – Partido Comunista da Venezuela

COMUNICADO

O Presidente da República, Nicolás Maduro Moros, assumiu o comando do ataque anticomunista mais brutal deste século na Venezuela. No último dia 15 de janeiro, durante a apresentação da mensagem anual perante a Assembleia Nacional, Maduro, aproveitando a sua investidura como chefe de Estado, atacou de forma caluniosa e oportunista o Partido Comunista da Venezuela (PCV), reivindicando a intervenção judicial no PCV como uma conquista do seu governo no ano que terminou recentemente.

O roubo da sigla do partido político mais antigo do país foi envolto numa falsa retórica anti-imperialista e contou com sorrisos e aplausos dos representantes empresariais, da oposição política de direita e de ninguém menos que a presidenta do Supremo Tribunal Federal de Justiça, que assinou a aberração jurídica por meio da qual um grupo de mercenários, a serviço da cúpula do Governo-PSUV, foi imposto como a “nova” direção do PCV.

Maduro admitiu que não podia tolerar que o símbolo mais poderoso da luta dos trabalhadores venezuelanos por seus direitos, o Galo Vermelho, criticasse a política governista de ajuste neoliberal, aplicada em detrimento da maioria do país e em benefício de alguns empresários que saquearam e saqueiam à vontade a riqueza nacional, sob a sombra do Governo do PSUV. Óbvio que ele não disse nada sobre seus correligionários, Tareck El Aissami ou Hugbel Roa, nem sobre a colossal conspiração em prol da corrupção de que é protagonista de seu partido.

Embora o presidente apresentasse com entusiasmo os números do crescimento, anunciou a milhões de trabalhadores e trabalhadoras que os salários – os mais baixos do planeta – permaneceriam congelados e que – no caso da Administração Pública – teriam de se contentar com um bônus que não tem impacto sobre os benefícios laborais, como férias, gratificações, aposentadoria e auxílios sociais, favorecendo apenas os interesses do setor empresarial público e privado. Isto é, o Governo do Partido Socialista Unido da Venezuela não só destruiu os rendimentos dos trabalhadores, mas também lançou o futuro da classe trabalhadora num abismo.

É claro que o PSUV não atua sozinho: a sua lua-de-mel com a Federação empresarial (Fedecámaras), frações da oposição de direita e o governo dos Estados Unidos lhe permite um quadro de ação bastante amplo, caracterizado não apenas pela destruição das condições de vida de um povo, que é forçado a realizar múltiplos trabalhos informalmente para sobreviver, mas por causa de uma política de criminalização e judicialização das lutas operárias e populares.

Enquanto Maduro discursava na Assembleia Nacional, do lado de fora, nas ruas de Caracas e de inúmeras cidades do país, os professores exigiam o reajuste salarial, a restituição dos direitos violados e a discussão sobre sua convenção coletiva. O presidente não só ignorou este clamor, como também zombou dos manifestantes, tentando fazer crer que as miseráveis bonificações que oferece são um substituto ao direito constitucional a um salário digno.

Isso tudo demonstra a justeza e a validade das propostas do Acordo Unitário do PSUV-PCV assinado em 2018 pelo presidente Maduro e que hoje é rasgado pela virada neoliberal do governo. Não obstante, apesar dos ataques, da censura e da perseguição, o legítimo Partido Comunista da Venezuela não baixará as suas bandeiras. Seguiremos de pé: somando forças e organizando as lutas.