GRÉCIA: MULTIDÕES PARTICIPARAM DAS MANIFESTAÇÕES DA PAME
A luta continuará, com maior determinação, nos locais de trabalho
(PARTIDO COMUNISTA DA GRÉCIA)
Enquanto no Parlamento os partidos burgueses indicavam ao povo baixar a cabeça, dobrar-se para a salvar os monopólios e estavam se preparando para votar o pacote de medidas selvagens contrárias aos interesses dos trabalhadores, contidas no terceiro memorando, no país inteiro se ouvia a voz de dezenas de milhares de grevistas e manifestantes de origem operária e popular: “Trabalhadores não aceitem a escravidão de hoje, as leis e os patrões não são necessários” e “Nenhum sacrifício pela plutocracia, que a oligarquia pague a conta da crise”!
Em Atenas, dezenas de milhares de manifestantes tomaram conta da Praça Syntagma pelo segundo dia consecutivo da greve. Depois de ocupar a Praça, na terça-feira, na tarde de quarta-feira, milhares de pessoas de toda a região da Ática partiram da Praça Omônia e se reuniram no centro da cidade, agitando bandeiras da PAME. Responderam à convocação, muitas federações setoriais de sindicatos como também sindicalistas que pertencem as fileiras da PAME e também trabalhadores autônomos, pequenos comerciantes (PAVESE), estudantes (MAS) e representantes dos movimentos de mulheres (OGE).
A manifestação se estendeu ao longo das ruas principais e da Praça Syntagma. As palavras de ordem não se calaram por um segundo sequer e, mesmo sob chuva torrencial, todos permaneceram em seus lugares e suas vozes se tornaram mais fortes.
Mais uma vez foi montada uma operação de intimidação e contra ela a manifestação da PAME se manteve organizada. O operação de intimidação obedeceu a um plano estatal de violência e repressão brutais, plano esse que a Secretária Geral do CC do KKE, Aleka Papariga, denunciou no Parlamento. Entre outros, Aleka Papariga assinalou: “a política implementada e as medidas que estão por vir estarão acompanhadas pela violência estatal, repressão, autoritarismo e é muito provável, inclusive, que vigore uma lei que já existe, mas devido à resistência popular não foi aplicada, que implica na intervenção das forças armadas quando ocorrerem greves, ocupações, etc.
A violência é ainda maior nos locais de trabalho. Vimos a violência na Praça Syntagma e a condenamos. Nos locais de trabalho passa desapercebido o fato dos patrões obrigarem os trabalhadores a usarem ônibus das empresas para chegarem ao local de trabalho e que os fazem trabalhar sob ameaças de demissão às duas horas da manhã antes que se formem os piquetes. Nenhum comentário sobre esses fatos. Infelizmente, na maioria das alas do Parlamento há uma sensibilidade seletiva. A violência será intensificada, isso sabemos muito bem. Não podem convencer sem o uso da violência. Desse ponto de vista a situação é muito grave. Vão encontrar pretextos para atacar as manifestações. E se não os encontrarem, vão criá-los e afirmamos isto muito conscientemente.
Diante do uso extensivo de gás lacrimogêneo e de bombas de água, os manifestantes reforçaram a determinação de luta e suas palavras de ordem. As forças da PAME se mantiveram organizadas durante horas até muito tarde nas ruas principais, nas proximidades e que circundam a Praça Syntagma apesar da chuva torrencial. Os manifestantes demonstraram, uma vez mais, que a luta classista organizada possui a força de derrotar os planos do estado burguês.
Os parlamentares do KKE, no Parlamento, deixaram claro o caráter classista das medidas e a Secretária Geral do CC do KKE, Aleka Papariga, entre outros, referiu: “O povo não deve, em nenhum caso, apoiar os interesses de uma parte dos grupos empresariais diante dos demais grupos. Isto significaria a derrota do movimento por longo tempo.” Em seu discurso, a SG do KKE apresentou os seguintes eixos básicos:
A ofensiva está unificada contra os trabalhadores assalariados, os trabalhadores autônomos e o campesinato pobre. O governo apresenta um projeto de lei em que almeja assegurar a recuperação da rentabilidade do capital e da especulação financeira.
A saída que favorece ao povo implica na abolição dos monopólios e na saída da Grécia da União Europeia. Isto significa a derrocada do poder político dos monopólios. Sem essa derrocada, não há saída para o povo.
Cabe assinalar que o debate no Parlamento sobre as novas medidas impopulares coincidiu com o 95º aniversário da Grande Revolução de Outubro. Assim, o Primeiro-Ministro Samaras, líder do partido direitista ND (Nova Dcmocracia), decidiu atacar o socialismo, o que fez com ódio e mentiras, falando em “totalitarismo” e “falta de democracia e de investimentos”. Em todo o caso, o ataque de Samaras, que recebeu uma resposta uníssona dos deputados do KKE, confirma uma coisa: que nas situações agudas da crise e da podridão do capitalismo, seu temor, em relação ao verdadeiro contrapeso que é a outra via de desenvolvimento começada com a construção socialista no século passado, lhes persegue mesmo quando dormem ou quando estão acordados…
Ademais, foi reveladora a atitude do partido SYRIZA no Parlamento. Centrando-se em questões procedimentais e com a propaganda sobre o “desvio” da democracia, defendeu outra fórmula de gestão do capitalismo pedindo ao governo que estabeleça “linhas vermelhas de negociação” e demonstrou sua paixão pela União Europeia ao mencionar que “a política da senhora Merkel é a que nos está isolando da União Europeia”. Essencialmente, sustentou que uma simples mudança governamental é suficiente para melhorar a vida dos trabalhadores, sem ruptura coma UE e com o sistema capitalista.
Finalmente, 153 votaram a favor do terceiro memorando que foi aprovado. Com base nesse resultado, foi anunciada a expulsão de seis deputados do PASOK e um da ND.
Mais mobilizações militantes serão levadas a cabo e em virtude disso a partir de hoje devemos fortalecer a luta em todos os locais de trabalho para que mais trabalhadores se tornem mais ativos e melhor organizados na luta pela derrocada da política impopular. Essa derrocada não se realizará somente através de greves e mobilizações; requer uma luta dura e longa até que o povo rompa totalmente com a UE e os monopólios.