Gush Shalom, o Bloco da Paz Israelense, solicita à cantora Achinoam Nini (“Noa”) que cancele seu concerto agendado durante os eventos do “Dia de Jerusalém”

Nota dos Editores: a despeito do rico debate entre os setores progressistas acerca da questão de um ou dois Estados na região, ilustramos esta importante matéria com a sugestiva logomarca do Gush Shalom (Bloco da Paz Israelense), um dos mais combativos grupos pacifistas israelenses.


(Nota à Imprensa, 7 de Maio de 2013) Gush Shalom solicita à cantora Noa que cancele sua performance nos eventos pelo “Dia de Jerusalém”. Não é apropriado que uma cantora que se identifica como pacifista participe de uma evento celebrando a ocupação e a opressão. O “Dia de Jerusalém” é uma data de celebração dos colonos, que dançam com bandeiras e entoam slogans racistas. (Nota à Imprensa, 7 de Maio de 2013)

Em uma carta entregue no escritório de Nini, Gush Shalom afirmou que “O município de Jerusalém divulgou o evento no qual seu concerto está agendado sob o título ‘Jerusalém celebra 46 anos desde sua libertação e unificação’. Este mesmo município se constitui em um gigantesco aparato de opressão aos palestinos que residem na Jerusalém Oriental, para os quais os principais serviços municipais são tratores que demolem suas casas. Jerusalém não foi nem libertada nem unificada. 46 anos atrás, regras de ocupação foram estabelecidas dirigidas aos mais de 200 mil habitantes palestinos na Jerusalém Oriental. O assim chamado “Dia de Jerusalém” é antes de tudo um feriado dos colonos e de seus amigos, dançando provocativamente com bandeiras da Velha Cidade de Jerusalém, entoando cânticos de provocação aos residentes árabes, e frequentemente passando das ameaças cantadas à violência propriamente dita. O que tem uma cantora identificada com o campo pacifista israelense a ver com um dia como este em que se celebra conquista e ocupação?”

Gush Shalom mencionou que, um ano atrás, Noa participou de uma cerimônia do Dia do Memorial Alternativo, cantando ante uma plateia de famílias israelenses e palestinas amigas. “Naquele momento, você encarou muito dignamente uma onda de ódio violento dirigido contra você pela extrema direita. Você então escreveu que aquela cerimônia onde palestinos e israelenses estiveram juntos ‘foi marcada pela unidade, pelo entendimento mútuo, pela empatia e especialmente pela paz. Todas as famílias amigas estiveram lá para manifestar sua escolha pela vida contra a morte. Eu sugiro que todos nos acalmemos e pensemos sobre como podemos romper o ciclo de atrocidades e ódio’.

Isto você escreveu um ano atrás – e o que mudou desde então? Por que você este ano canta em uma celebração da atrocidade? Quando chegar o dia da assinatura da paz entre o Estado independente de Israel e o Estado independente da Palestina, e Jerusalém se tornar uma cidade verdadeiramente pacífica e a capital de dois Estados – este sim será o Dia de Jerusalém, um momento que será digno de sua presença e da celebração”.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)