PCB presente em atividade do PRCF!

No dia 14 de setembro de 2013, o camarada Victor Neves esteve representando o PCB no Encontro Internacionalista organizado pelo Polo de Renascimento Comunista na França (Pôle de Renaissance Communiste en France – PRCF). Além da organização anfitriã e do PCB, estiveram presentes ao Encontro o Partido Comunista de Cuba, o Partido Argelino da Democracia e do Socialismo e o Partido Comunista da Dinamarca.

A atividade ocorreu por ocasião da festa do jornal l’Humanité, que tem lugar anualmente durante três dias na França e reúne o conjunto da esquerda francesa para debates, feiras e atividades culturais. Este foi um importante espaço para o estreitamento dos laços com o PRCF, organização que cumpre papel imprescindível na França teimando em manter erguidas as bandeiras da luta comunista, da independência da classe trabalhadora e do internacionalismo proletário.

Na ocasião, nosso representante na atividade fez a seguinte intervenção:

“Camaradas,

Em primeiro lugar gostaria, em nome do Partido Comunista Brasileiro,  de agradecer o convite.

Nós, militantes do PCB, nos irmanamos com todos os Partidos Comunistas que, ao redor do mundo, mantêm erguida a bandeira da emancipação humana. Esta fraternidade entre os comunistas, que seria uma obviedade em outros tempos, nos nossos se tornou uma espécie de “proclamação do impossível”, que teimamos e sempre teimaremos em fazer. Afinal, o possível já foi cantado e decantado em verso e prosa, e o poema resultante não é dos mais belos que já se viu… Vivemos em um estado de coisas em que a barbárie se aprofunda visivelmente. Um estado em que o imenso progresso material nos centros do capitalismo gera a mais descarada miséria nas periferias. Um estado, por fim, em que estas periferias também se reproduzem no interior dos próprios centros, como testemunhamos hoje na França e mesmo no Brasil.

Tal nível de desenvolvimento material tem preço elevadíssimo para o conjunto dos trabalhadores. Aqueles que ocupam os melhores postos na divisão social e técnica do trabalho devem se apoiar sobre os ombros cansados de quem trabalha em condições mais penosas, e todos são forçados a sacrificar o desenvolvimento de suas potencialidades e a enorme riqueza espiritual, tornada possível pelo desenvolvimento das forças criativas humanas, às exigências do capital…

Isto significa que todos os dias todos os trabalhadores do mundo se confrontam com a necessidade de sacrificar seus sonhos por um prato de lentilhas (pouco importa que sejam lentilhas douradas…); de se amesquinhar; de descer ao desumano; de se portar em relação ao outro como em relação a um adversário, quando não um inimigo, quando não um “não-humano” que pode – e deve – ser descartado; de desconfiar de tudo que não seja “evidente por si”, que não seja cotidianamente medíocre e repetitivo; de repudiar, portanto, o surpreendente e a beleza, apenas porque são coloridos demais para essa vida em tons de cinza e de vermelho – mas não do nosso vermelho, aquele da transformação revolucionária, mas sim deste vermelho vergonhoso do sangue derramado.

Vemos isso cotidianamente no Rio de Janeiro, cidade dita “maravilhosa” para poucos, onde mesmo entre trabalhadores reina a divisão e o apoio difuso (por vezes passivo, por vezes ativo) aos massacres cotidianamente perpetrados pelo Estado contra os trabalhadores mais pobres e, portanto, “mais perigosos” porque são os que têm menos a perder.

Vemos isso também aqui na França, na indiferença de grande parte da população, inclusive da classe trabalhadora, às agressões imperialistas perpetradas pelo governo francês há tantos anos, das quais a última amostra é esta vergonhosa iniciativa de intervenção militar na Síria. Saúdo aos camaradas do PRCF por sua posição firme e franca contra isso – e fico feliz em informar que também o PCB repudia veementemente mais esta manobra das potências imperialistas e de sua “Organização Terrorista do Atlântico Norte”, a OTAN, que tem custado tantas vidas e feito correr o sangue de tantos trabalhadores sírios.

Nós, comunistas do PCB, declaramos nossa amizade fraternal ao PRCF e saudamos este encontro. Fazemos isso em nome de nosso projeto comum: uma sociedade em que o vermelho seja sangue nas veias, pulsante e alimentando a criatividade; em que o amarelo não seja covardia, mas a cor dos instrumentos com que construímos nossos sonhos e realizamos nossos desejos; em que a estrela da liberdade, enfim, não seja apenas retórica na cabeça de uma estátua em uma praça em que os carros ocupam o lugar dos homens, mas o brilho nos olhos de cada um e de cada uma, plenamente humanos numa sociedade plenamente humana – uma sociedade comunista.

Saudações fraternais a todos e a todas,

Victor Neves, em nome do Partido Comunista Brasileiro”.