Todo repúdio à ação golpista contra o Partido Comunista da Venezuela

O Partido Comunista Brasileiro (PCB) se une aos Partidos Comunistas e Operários de todo o mundo para manifestar seu mais veemente repúdio às agressões golpistas perpetradas pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e pelo governo Nicolás Maduro contra o Partido Comunista da Venezuela. No dia 10 de julho, pessoas não filiadas ao PCV, financiadas e organizadas pela vice-presidência do PSUV, deram entrada à representação junto ao Tribunal Superior de Justiça requerendo a intervenção no PCV e a nomeação de uma direção ilegal, violando totalmente a independência política do PCV, as resoluções aprovadas no XVI Congresso deste Partido, a Lei dos Partidos Políticos e os direitos democráticos estabelecidos na Constituição Nacional venezuelana.

Conclamamos as organizações revolucionárias e democráticas a denunciar esta ação ilegal e golpista orquestrada pelo governo venezuelano contra o valoroso Partido Comunista da Venezuela. Todo apoio e solidariedade ao PCV!

Reproduzimos abaixo reportagens produzidas pelo Jornal Tribuna Popular, órgão oficial do Partido Comunista da Venezuela, disponíveis na página https://prensapcv.wordpress.com/:

Mercenários a serviço do Psuv solicitam ao STJ intervenção no Partido Comunista da Venezuela
Caracas, 10-07-2023 (Prensa PCV).

O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) avançou para uma nova fase de agressão contra o Partido Comunista da Venezuela (PCV). Na última segunda-feira, 10 de julho, um grupo de mercenários a serviço do PSUV solicitou ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) a intervenção judicial no partido Galo Vermelho. Conforme se denunciou 24 horas antes à opinião pública nacional e internacional, o objetivo desta ação é usurpar a sigla e a personalidade jurídica do Partido Comunista da Venezuela.

“Hoje, este grupo mercenário recorreu ao STJ para solicitar a nomeação de uma Junta ad hoc que entregue o PCV a vulgares negociantes e traficantes da política”, denunciou em uma declaração de imprensa o Secretário Geral do Comitê Central, Oscar Figuera. “Desde o PCV decidimos enfrentar esta manobra antidemocrática de forma política, jurídico-legal e na frente de massas, bem como no âmbito nacional e internacional”, afirmou Figuera.

O líder da organização política mais antiga do país qualificou os operadores do plano de assalto orquestrado pelo PSUV como “pessoas que a história jogará na lata de lixo” e advertiu: “não terão uma oportunidade de se justificar perante o nosso povo, porque com a sua conduta se tornaram mercenários e traficantes da política.” O PCV alertou o Supremo Tribunal de Justiça para esta configuração e reiterou que “este grupo de mercenários, que não são membros do PCV, não possuem habilitação jurídica para ingressar com ações judiciais perante o STJ em nome do partido ou de militantes”.

O porta-voz que protagonizou o “falso positivo” perante o STJ chama-se Henry Parra, que em 2021 rompeu publicamente com o Partido Comunista da Venezuela para se juntar ao PSUV. A delegação foi completada por um vereador do partido Somos Venezuela no município de Obispos, Robinson García; o funcionário do PSUV no governo do estado de Monagas, Griseldys Herrera e o também militante do PSUV, Johan Coraspe. “Esperamos que a Corte Suprema de Justiça não seja usada nesta manobra antidemocrática”, disse Figuera.

“Dizemos aos mercenários que com sua ação não impedirão que o Partido Comunista da Venezuela continue enfrentando a política neoliberal da direção do Governo-PSUV”, alertou o secretário-geral depois de lembrar que o PCV manterá sua consistente posição anti-imperialista. “Não nos impedirão de continuar promovendo e acompanhando as lutas dos trabalhadores da cidade e do campo e avançando na política de ampla unidade de ação operária, sindical e popular para enfrentar a investida do capital contra os direitos dos trabalhadores venezuelanos.”

“Eles não impedirão que o Partido Comunista continue nas ruas, exigindo um salário para se viver com dignidade; exigindo respeito ao direito de organização sindical e aos acordos coletivos; exigindo respeito aos direitos democráticos do povo”, acrescentou. Figuera reiterou que o Partido Comunista continuará cumprindo a razão de sua existência: “que é lutar para derrotar o regime capitalista de exploração e avançar com a classe trabalhadora e o povo venezuelano na construção da nova sociedade baseada no socialismo científico; não na improvisação, não na mentira, não no cinismo, não na corrupção, não na repressão, não na negociação com os setores do capital, não com a entrega dos interesses do país ao imperialismo”.

“Nesta linha se manterá o Partido da Venezuela: na solidariedade com os povos indígenas; solidariedade com os movimentos camponeses em luta; solidariedade com o movimento popular de resistência; sempre em solidariedade com a luta da classe trabalhadora e do povo trabalhador venezuelano. A classe trabalhadora e o povo venezuelano podem estar certos de que continuam contando – em quaisquer condições – com o glorioso Partido Comunista da Venezuela, o partido que há 92 anos ergue bem alto as bandeiras do anti-imperialismo e as bandeiras do socialismo-comunismo”, concluiu.

Cronologia mínima da intervenção do PSUV no PCV

No final de 2021, o vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, começou a usar o seu programa de televisão para promover a notícia de uma suposta divisão nas fileiras do PCV. Cabello garantiu que recebeu cartas nas quais militantes comunistas apoiavam a virada antipopular do governo e seu pacto com a oposição de direita. Essa escalada de agressões se agravou após o exitoso 16º Congresso Nacional do PCV (realizado em novembro de 2022), quando a mais alta liderança dos comunistas venezuelanos ratificou a linha de enfrentamento e demarcação com relação à política neoliberal do Governo de Nicolás Maduro.

Dada a coesão e unidade interna do PCV, a partir de fevereiro deste ano, a direção do PSUV optou por contratar pessoas e a disfarçar sua militância com vestimentas e símbolos do Gallo Rojo para fazer crer à opinião pública que havia descontentamento naquilo a que chamavam “bases do PCV”. Os atores desta farsa têm percorrido o país para realizar “assembleias” financiadas com recursos do Estado e abrir caminho para a intervenção no partido político mais antigo do país.

 

Quem é Henrique Parra, agente do PSUV que solicitou a intervenção judicial no PCV?

14 de julho de 2023 – Tribuna Popular

Por: Neirlay Andrade

Na segunda-feira, 10 de julho, por meio de uma espetacular exibição da mídia, na entrada do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), o país testemunhou como um punhado de rostos aparentemente desconhecidos, declarando-se as “bases” do Partido Comunista da Venezuela ( PCV), exigiram a intervenção judicial no PCV.

Perante as câmaras desta campanha organizada pelo Ministério das Comunicações e Informação, apareceu um homem que dizia ser militante comunista há 50 anos e qualificava a direcção do PCV de “ilegítima” e “ilegal”. Seu nome é Henry Parra e há alguns meses acompanha o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, em comícios do governo.

Não é a primeira vez que Parra se aproxima de membros da diretoria do PSUV. Já em 2021 havia anunciado publicamente sua renúncia ao PCV para apoiar a candidatura de Freddy Bernal a governador do estado de Táchira. Naquela época, ele se dizia um “militante vitalício”, como fez em 10 de julho do lado de fora do STJ. E como se fosse um roteiro banal, afirmou então desconhecer a linha política do PCV, construída coletivamente na XV Conferência Nacional. Depois disso, ficou confinado a um cargo burocrático na região até seu reaparecimento em abril deste ano, quando anunciou a intenção de “resgatar” o PCV.

Desde então, Parra se juntou ao plano de assalto junto com outros operadores políticos de Diosdado Cabello, que percorreram o país oferecendo dinheiro e cargos a militantes comunistas para se juntarem à sua aventura. Seu fracasso foi retumbante; prevaleceu a unidade interna do PCV e eles foram obrigados a organizar um falso congresso com militantes ativos do PSUV para fazer a opinião pública acreditar que as chamadas “bases” do PCV estavam em desacordo com sua liderança e a linha traçada pelo XVI Congresso Nacional do Partido.

O que este congresso aprovou para desencadear este ataque antidemocrático em que Parra tem uma participação ativa? Pois bem, o conclave comunista venezuelano resolveu em novembro do ano passado romper definitivamente com a política antioperária e antipopular do presidente Nicolás Maduro. A direção do PSUV esperava que o XVI Congresso Nacional causasse um colapso interno dentro do PCV, mas a verdade é que foi unanimemente acordado avançar com o reagrupamento das forças revolucionárias e populares para enfrentar a ofensiva neoliberal em curso.

A partir desse momento, aumentou a virulência dos ataques de representantes do PSUV. Semana após semana, Diosdado Cabello fez uso de seu flagrante controle sobre a mídia estatal para assegurar sem argumentos que o PCV tinha compromissos com o imperialismo. As arengas de falso patriotismo não faltaram nesta campanha de difamação na televisão. No entanto, foi o próprio Parra quem surpreendentemente admitiu em um vídeo produzido por laboratórios de propaganda do governo que “o PSUV quer a sigla do PCV”.

Claro, isso não é segredo: à medida que se aproximam as eleições e cresce a rejeição ao governo do presidente, o PSUV se empenha em neutralizar qualquer força que se oponha a ele para criar uma oposição dócil, sem se importar com os métodos para tal fim. Assim, temos Henry Parra, alguém que já rompeu publicamente com o PCV pelo menos duas vezes, mais uma vez se autoproclamando comunista e exigindo o julgamento do partido mais antigo do país, como já aconteceu com outras organizações de esquerda e, claro, da direita.

Os minutos de Parra diante das câmeras de televisão na última segunda-feira não foram isentos de ambiguidades. Seu suposto meio século de militância comunista não o livrou de imprecisões senão de erros intransponíveis. Por exemplo, garantiu que não poderia ir ao “tribunal disciplinar” do PCV para “pedir justiça”, mas essa figura não existe nos estatutos do partido Galo Vermelho, cuja instância máxima de recurso de decisões é nada menos que o próprio congresso.

Este não foi o único erro de Parra. A reiterada invocação das “bases do PCV”, tantas vezes usadas no jargão governamental, deixou de lado o órgão fundamental e regular da militância política comunista: a célula. A razão é clara: nem Parra nem seus cúmplices pertencem a nenhuma organização de base, já que não são militantes do PCV. O engraçado do dia (que não torna a situação menos perigosa) foi que o Sr. Parra não soube explicar seu “plano de resgate”. Olhando para os lados com alguma ansiedade e com a língua embaraçada, nomeou-se membro de uma “comissão organizadora” que “não teve outra alternativa senão recorrer ao STJ para interpor recurso de proteção constitucional”.

E o que especificamente eles estavam pedindo? Um jornalista teve que vir em socorro para ajudá-lo a soletrar a frase “junta ad hoc”. Mas não havia apenas erros e imprecisões; ele também recorreu a mentiras em sua declaração. Seguindo os padrões promovidos pelos robôs do governo nas redes sociais, Parra denunciou uma inexistente aliança entre o PCV e a oposicionista de extrema-direita María Corina Machado. Quais são as evidências ou argumentos que apoiam tal abordagem? Nenhuma, é apenas “uma ideia que está surgindo”, disse ele.

Seguidor do estilo goebbeliano de fazer propaganda do PSUV, Parra garantiu que o PCV “desconhece o bloqueio” e o papel da política dos Estados Unidos que “deixou passar fome” (sic) o povo. No entanto, é inegável o papel que o PCV tem desempenhado no movimento comunista internacional como promotor de importantes campanhas de solidariedade mundial para com a Venezuela face às agressões imperialistas. É também do conhecimento público que o PCV pediu prisão para todos os que promoveram a ingerência estrangeira no país ou furtaram bens nacionais.

Este personagem pretende substituir as nove décadas de tradição anti-imperialista do PCV pelo mantra estupefato “tudo o que Nicolás disser”. Sua atuação está mais próxima das marionetes que às vezes discutem com o governo em frente aos microfones, fingindo uma falsa autonomia, mas que votam cegamente nos projetos do PSUV na Assembleia Nacional. Não sem razão, alguns começaram a chamá-lo de Henry “escorpião” Parra.

Protestos perante o STJ em repúdio à intervenção judicial no PCV

Caracas, 14-07-2023 (Redação Tribuna Popular)

Nesta quinta-feira, 13 de julho, representantes de diversas organizações políticas e sociais se posicionaram em frente ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) em rejeição ao pedido de intervenção no Partido Comunista da Venezuela (PCV). Na segunda-feira passada, um grupo de pessoas ligadas ao Partido Socialista Unido da Venezuela pediu ao Judiciário que imponha ilegalmente uma junta “ad hoc” para dirigir o PCV. Este fato é o ponto culminante de uma campanha orquestrada pelo vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, e que envolveu o uso de mercenários disfarçados com os símbolos do PCV para fazer crer à opinião pública que os comunistas venezuelanos apoiam o governo neoliberal de Nicolás Maduro.

“Viemos dar o nosso abraço ao Partido Comunista para impedir que se realize esta manobra do Governo e do PSUV. Esperamos que essa manobra suja que busca intervir no PCV não tenha êxito”, disse o jornalista Manuel Isidro Molina, presidente do Movimento Popular Alternativo. “Vamos continuar defendendo nas ruas a dignidade do Partido Comunista da Venezuela e a dignidade do povo venezuelano em luta”, acrescentou.

Por sua vez, o líder revolucionário Rafael Uzcátegui alertou que, com a judicialização do PCV, “retiram nosso direito constitucional de participação e liderança, tiram a possibilidade de mudanças pela democracia”. “Querem acabar com o PCV porque pretendem liquidar as instituições revolucionárias; liquidar o passado. O presidente Nicolás Maduro não tem história, não tem memória que possa exibir como revolucionário; precisa se equiparar a uma esquerda que não existe e liquidar tudo que indique o acúmulo de valores revolucionários”, denunciou Uzcátegui.

Gustavo Martínez, líder do Marea Socialista, lembrou que sua organização foi a primeira a ser banida pelo governo de Nicolás Maduro e que seu rumo autoritário foi posteriormente aprofundado. “Devemos rejeitar este ato arbitrário, antidemocrático e arrebatador do governo de Nicolás Maduro contra o PCV”, disse Martínez, que também defendeu “a defesa das organizações políticas da classe trabalhadora”.

Oscar Figuera: “O PCV continuará vivo e este governo autoritário passará”

O secretário-geral do Comitê Central do PCV, Oscar Figuera, expressou o agradecimento da militância comunista às organizações promotoras da ação solidária perante o STJ e reafirmou o compromisso do Galo Vermelho de “unir todas as lutas em defesa dos direitos do povo”. “Estamos diante de um novo pacto de Punto Fijo entre os setores burgueses que controlam o governo do presidente Nicolás Maduro e setores da oposição que também concordam com o pacote neoliberal que está sendo aplicado; ao mesmo tempo temos que enfrentar as forças do imperialismo que levam a cabo uma política direta de agressão contra o povo venezuelano”, explicou Figuera. O dirigente garantiu às forças aliadas presentes que a decisão da militância comunista é “defender a existência do Partido Comunista da Venezuela, seja qual for a decisão que tome uma instituição do Estado burguês”.

“Vamos manter a existência do PCV e continuaremos lutando porque não é a primeira vez que o Partido Comunista é banido: fizeram isso nos tempos de Pérez Jiménez; fizeram-no nos tempos de Betancourt e Leoni. O Partido Comunista nasceu clandestinamente no tempo de Gómez e todos esses governos passaram e o Partido Comunista está aqui hoje e vai continuar vivo, porque esse governo autoritário também vai passar”, concluiu.

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Fontes: