A crise do capital e o novo liquidacionismo

Nota Política do Partido Comunista Brasileiro (PCB)

Com o avanço da crise do capitalismo e o acirramento das lutas interimperialistas, bem como as dificuldades da esquerda revolucionária em fazer frente à ofensiva do capital, diversos problemas se manifestam na luta de classes e fazem com que segmentos internos, em alguns partidos, procurem fazer a luta para dentro e não na sociedade.

São setores internos que perderam a perspectiva de intervenção na luta junto à classe trabalhadora, se voltam para os aparelhos partidários e para militâncias virtuais, no sentido de tentar exercer algum papel político.

Diante dessa lógica, várias ofensivas fracionistas estão ocorrendo em Partidos Comunistas, a exemplo do Partido Comunista da Venezuela, inclusive colocando em risco sua existência legal; já ocorreu no Partido Comunista dos Povos de Espanha, Partido Comunista da Alemanha, Partido Comunista da Itália; tentativa semelhante no Polo da Reconstrução Comunista Francesa, entre outros.

Não pode ser motivo de comemoração nenhuma a existência de fração que estimule a divisão no interior de organizações que procuram, cada uma de acordo com suas especificidades e em consonância com suas realidades específicas, enfrentar todas as formas com que o capital desfere, na cena política atual, seus ataques à classe trabalhadora. Em alguns países, a forma política do capital se reveste de algum reformismo de baixa intensidade, em outros, crescem os movimentos fascistas. Por isso, o fortalecimento das organizações comunistas, através de seu trabalho de base, se faz tão urgente e necessário.

O que todos esses movimentos fracionistas têm em comum não é uma divergência de cunho teórico, muito menos na condução da atuação concreta na luta de classes. A semelhança no fracionamento é a luta pelo controle do aparelho partidário à revelia de seus processos congressuais e de debates democráticos. Além disso, algumas práticas são recorrentes nessa postura fracionista.

Esta ação parte de uma pequena militância com pouca inserção de luta real na sociedade e com intenso engajamento nas redes sociais, muitas vezes, tomando esse espaço como “o espaço” privilegiado de lutas. Forjam supostas divergências teóricas e/ou programáticas e, ao invés de apresentar o debate político nos fóruns e instâncias internas próprias para o debate, preferem apresentar suas verdades recortadas da luta de classes e sem mediações com o mundo real. Essa prática conforma um verdadeiro debate estéril, nos moldes de um marxismo vulgar, uma vez que, nos 280 caracteres de um Tweet, pretendem impor sua visão, em vez de pautarem, dentro do processo próprio do marxismo-leninismo, a construção coletiva, tanto política, quanto teórica.

Por fim, utilizam a técnica de “ganhar um debate sem ter razão”, típica do espaço propiciado pelas redes sociais e a fragmentação da internet para mobilizar engajamentos e impor narrativas típicas da pós-verdade.

Um pequeno grupo fracionista, nesse momento, tenta operar a mesma prática no interior do PCB, numa luta interna desqualificada em busca do controle do Partido. Para isso, usam o mecanismo de recortar e colar, publicizando uma falsa polêmica que desvirtua o sentido da democracia interna, e ferem o centralismo democrático.

O PCB, em sua longa presença na história do Brasil, sempre venceu aqueles que, por engano ou oportunismo, procuraram de forma individualista e fracionista, construir um novo liquidacionismo para mudar os rumos do seu papel revolucionário.

Nossa militância deve se manter alerta e vigilante contra qualquer tentativa de divisionismo, aos ataques fracionistas nas redes sociais, com disseminação de cizanias e especulações vazias, daqueles que tentam semear mentiras e calúnias contra o Partido e seus órgãos de direção.

A luta de classes no Brasil seguirá tendo no PCB um operador político revolucionário, organizado e firmemente ancorado no marxismo-leninismo. Com nossos 101 anos de existência, seguimos afirmando:

Não é mole não, é impossível acabar com o Partidão!

17 de julho de 2023
Comissão Política Nacional do Comitê Central do PCB