Maduro negocia com os EUA e mantém política antipopular
Tribuna Popular – Partido Comunista da Venezuela
O Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista da Venezuela (PCV) denunciou nesta segunda-feira (11/09) que o Governo do Presidente Nicolás Maduro está negociando com a administração estadunidense enquanto o povo venezuelano suporta o peso de medidas coercitivas unilaterais.
A afirmação foi feita a propósito das últimas declarações do deputado do PSUV, José Gregorio Vielma Mora, que assegurou que a direção governamental “sofre” por não conseguir aumentar os salários. “O deputado José Gregorio Vielma Mora esconde cada vez menos o seu caráter servil frente a interesses alheios às aspirações e necessidades do povo venezuelano, mas agora tenta disfarçá-lo com uma linguagem lamentável”, disse Neirlay Andrade, membro do Birô Político do PCV.
A dirigente comunista sustentou que “os vencimentos e salários foram atacados precisamente pela política que este Governo leva a cabo e que figuras como José Gregorio Vielma Mora defendem com unhas e dentes”. “É claro que nesta história de condescendência não faltam alusões diretas às medidas coercitivas unilaterais que o imperialismo mantém contra o nosso povo”, acrescentou.
Andrade destacou o uso que a liderança do governo faz para justificar suas ações políticas enquanto a família trabalhadora paga pelas consequências. “As chamadas sanções – amplamente denunciadas pelo Partido Comunista da Venezuela – têm repercussões nas condições de vida da família trabalhadora venezuelana, mas não nos bolsos da liderança do PSUV, composta por setores enriquecidos ligados a casos de corrupção”, explicou ela.
A integrante do Birô Político lembrou que de vez em quando uma figura do comboio ministerial “deixa a cúpula do partido no poder ou é transferida para algum outro cargo como prêmio de consolação, até desaparecer finalmente da cena pública, como é o caso do caso de Tareck El Aissami, responsável junto com seus antecessores pelos casos de corrupção e falência da indústria petrolífera venezuelana”.
Uma política de duas caras
Para o PCV, as declarações de Vielma Mora demonstram a duplicidade de critérios da política governamental. “Enquanto o povo venezuelano suporta o peso das sanções, o Governo de Nicolás Maduro mantém relações secretas com a administração de Joe Biden, sem informar o povo venezuelano.”
O Partido do Galo Vermelho afirmou que tanto estas negociações com os Estados Unidos como as que mantém “com organizações políticas de direita, tradicionalmente associadas à oligarquia ou à burguesia e que até participaram em eventos golpistas, configuram um cenário cada vez mais evidente, cada vez mais claro, de um novo pacto de elites”.
“Este novo pacto de elites tem exemplos muito concretos”, disse Andrade, referindo-se ao recente anúncio da criação de uma grande zona econômica especial no leste do país para a suposta produção de alimentos. “Esta é a prova de que não existe uma linha de trabalho que visa desenvolver as nossas próprias capacidades produtivas, mas sim uma política que procura transformar o nosso país num enclave aberto ao capital transnacional; um enclave de superexploração, de saques, de flexibilização das relações trabalhistas, para o que o Governo criou um quadro jurídico inconstitucional ajustado aos seus interesses”, afirmou.
O PCV também alertou sobre denúncias feitas por trabalhadores de indústrias básicas sobre possíveis processos de privatização na Sidor e na Ferrominera.
Aumento da perseguição e criminalização das lutas
Nas últimas horas foram tornados públicos alertas sobre possíveis detenções de ativistas do movimento sindical e do sindicato dos jornalistas. “Fazemos um alerta nacional e internacional sobre estas práticas levadas a cabo pelo governo de Nicolás Maduro contra os sindicalistas, contra os lutadores sociais, contra os ativistas políticos, ações estas que não têm outro objetivo senão impedir um reagrupamento de forças no nosso país para disputar verdadeiramente o poder em favor das maiorias oprimidas”, disse Andrade.
A dirigente do PCV recordou os casos dos trabalhadores da Sidor, Leonardo Azócar e Daniel Romero, que foram raptados e estão detidos no âmbito de um processo que viola o Estado de direito, depois de liderarem protestos massivos no sul do país.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)