Dirigente da FPLP – Frente Popular pela Libertação da Palestina – pronunciou-se, no Rio de Janeiro, pela união em torno à causa palestina
Em palestra proferida no Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 19/02, promovida pela Esquerda Marxista, pelo MST e pelo PCB, o escritor Marwan Abdel, dirigente FPLP, classificou a luta dos palestinos como parte da lutade classes, contra o capitalismo e o imperialismo. “A luta é complexa”, destacou Marwan, para quem a guerra é uma das açõesdos países imperialistas para desviar a atenção da crise econômica e defender seus interesses econômicos e políticos e fazerda venda de armas – “que hoje se encontra em nível absurdamente alto” – uma fonte de renda muito importante para eles.
Para Marwan, Israel é um “porta-aviões” dos EUA e seus aliados imperialistas para garantir sua influência na região. “Os EUA gastam bilhões de dólares para reforçar a defesa de Israel, cujo governo, desde o período de Ben Gurion, sempre afirma queestá sob ameaça”, disse o escritor. Este “perigo”, para o dirigente da FPLP, é o que justifica as ações promovidas por Israel paradestruir o Iraque, a Síria, Egito e todos os países da região que se opõem à política sionista e belicista israelense.
Ao analisar a chamada “primavera árabe”, o dirigente palestino afirmou que a intenção do imperialismo é dividir os povos daregião por etnias e religiões. “Claro que há o desejo de mudança nas populações daqueles países e o resultado, no geral, foibom”, disse Marwan, que afirmou, em seguida, que “a questão não é a mudança em si, mas para onde ela leva. Mudanças devem se dar para o progresso, não para o retrocesso, devem se dar por dentro das sociedades e não de fora para dentro, temque haver revolução, com base popular, e democracia. No início foi bom, mas logo a seguir os conservadores tomaram conta doprocesso, a Irmandade Muçulmana estava a serviço dos EUA”. “Se quer preservar o cidadão, como pode um governo“revolucionário” entregar a Líbia para o imperialismo?”, indagou Marwan.
Em com respeito à causa palestina, a relação com os países vizinhos é o termômetro do processo. “Somos contrário àdestruição das instituições e à divisão desses países”. Isso esclarece o que está acontecendo na Síria. Mas os EUA não reinammais de forma absoluta na região: a Rússia está no Irã, no Egito e na Síria”, afirmou o dirigente.
Para Marwan, o momento é muito delicado. “Estão forçando a assinatura de um acordo entre Palestina e Israel, usam dinheiropara comprar o acordo, com o apoio da União Européia. Na proposta feita, a área a ser “cedida” à Palestina corresponde amenos de 20% do território de Israel, hoje”, acrescentou o dirigente, para quem há outros pontos extremamente perigosos naproposta, como o reconhecimento de Israel como Estado Judeu, e não como Estado laico, aberto a todos os povos e religiões. “Assim, Israel fecha a porta para o retorno dos palestinos refugiados exilados à região onde nasceram, e retira todos os direitosdos que vivem lá. Chegam ao requinte de dizer que os refugiados podem ir para a Europa ou para a Autoridade Palestina, e que,quando morrerem, podem ser enterrados em sua terra natal; a luta se transforma em luta entre forças militares. O muro de segregação, de apartheid entre os palestinos, erguido entre a Jordânia e os territórios ocupados permanece, assim como a açãodos radares do exército de Israel sobre a Palestina, acrescentou Marwan.
“Querem até mesmo destruir a infraestrutura dos acampamentos palestinos no Líbano, infiltrando terroristas e fundamentalistas. No Líbano, os palestinos não têm direitos civis”, disse o dirigente, que concluiu sua exposição afirmando que a estabilidade dospaíses vizinhos a Israel é essencial para a organização dos palestinos. “Precisamos da união de todos, temos que dizer,claramente, o que queremos, que é o direito de viver, em paz, na terra onde nascemos”