SOLIDARIEDADE AO POVO ESPANHOL
(…)
Espanha da liberdade,
Não a Espanha da opressão.
Espanha republicana:
A Espanha de Franco, não!
(…)
(Manuel Bandeira)
A crise da Espanha se insere na crise da União Europeia, ambas intimamente ligadas à crise atual do sistema capitalista, tornada aguda em 2008. Porém e apesar disso, a crise espanhola toma características peculiares. Realmente, o país, considerado a quarta economia da Zona do Euro, está mergulhado em dificuldades devastadoras.
A economia espanhola está circunscrita a um ciclo onde se alternam recessão, estagnação e depressão.
A isso se combina uma política despropositada de emprego, com efeitos nefastos que faz com que a taxa de desemprego atinja cifras impensáveis e que resulta, inclusive, na diminuição da arrecadação fiscal.
Em 2013, o número de desempregados, na Espanha, ultrapassava o patamar de seis milhões de pessoas, o que equivalia a 27, 16% da população economicamente ativa. O desemprego dos jovens situava-se na alarmante taxa de 57,22. Esse desemprego decorre da adoção das políticas chamadas de austeras, recomendadas pelo FMI e pela Troika.
A dívida pública, agigantada pelos socorros financeiros ao setor privado, atinge o patamar de 84,2% do PIB espanhol.
Some-se a isso o sentimento do povo espanhol de perda da soberania devido à obediência, sem discussão pelos governos burgueses, às ordens de caráter econômico e administrativo emanadas de Berlim e Bruxelas.
Acrescente-se o descontentamento com o sistema eleitoral, pois apesar de existirem inúmeros partidos em Espanha, os mecanismos do sistema resultam num bipartidarismo e os governos se alternam entre o carcomido PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e o conservador PP (Partido Popular), atualmente no poder. Nesse caldeirão de insatisfações deve-se acrescentar o fato das políticas públicas se destinarem ao fortalecimento das corporações privadas, em detrimento das enormes necessidades do aguerrido povo espanhol. Também, as insatisfações regionais, como a dos Vascos e Catalães cujas pretensões de autonomia estão estancadas. Ainda, o sistema institucional está corroído pela corrupção generalizada atingindo o Primeiro Ministro (que os espanhóis chamam Presidente) Rajoy e a própria família real, fazendo com que a figura do Rei perdesse apoios.
Por tais razões, o Chefe do Estado, o Rei, o Chefe do Governo, Rajoy, com o apoio do PSOE arquitetaram a abdicação de Juan Carlos. Esperavam e esperam, com essa abdicação, afastar de uma possível sucessão a filha do Rei, envolvida com seu esposo em escândalos financeiros que são objeto de processo judicial, pois os possíveis sucessores passam a ser os filhos do atual príncipe herdeiro, Felipe.
Para iludir, mais uma vez, o povo espanhol se prepara, às pressas, em um mês, a sucessão no trono, aparentando mudanças que trariam novas esperanças e tranquilidade ao povo espanhol.
Mas, essa farsa burlesca teve efeitos inesperados. Logo após o comunicado real da abdicação do Rei Juán Carlos de Borbón, a noite do dia 2 de junho transformou-se numa festa republicana em cidades como Madri e Barcelona. Nessa festa, pedia-se abertamente um plebiscito para terminar a monarquia e instaurar a república, o que nos dias subsequentes tem sido negada essa possiblidade pelo Governo e pelo “opositor” PSOE, alegando que a figura do Chefe do Estado é indispensável à unidade espanhola.
Aquela festa não manifestou somente o sentimento antimonarquismo, mas o descontentamento econômico, político e social da maioria espanhola diante do sistema político que não perdeu sua matriz originária de autoritarismo e de manutenção de elitismos e desigualdades sociais crescentes.
Diante desse quadro, nosso coirmão, o PCPE, propõe a criação de uma Frente Operária e Popular por uma República Socialista, num sistema confederativo dos povos espanhóis.
Por este meio, o Partido Comunista Brasileiro – PCB manifesta seu apoio e irrestrita solidariedade à luta do povo espanhol e ao PCPE.