Nota do PCB sobre a greve no IFAL

Nota do Partido Comunista Brasileiro (PCB), seção Alagoas, sobre a greve no Instituto Federal de Alagoas

O PCB-AL vem a publico manifestar solidariedade aos servidores e estudantes do Instituto Federal de Alagoas, e em especial do campus da cidade de Satuba, que através da mobilização e da luta estão enfrentando a política de sucateamento da educação técnica, implementada pelo governo federal e pela gestão local comprometida com as oligarquias. A greve por melhores condições de trabalho e por aumento salarial é justa e necessária.

Na última segunda-feira, dia 9 de junho, três professores do IFAL entraram para a lista de pessoas vitimadas pelas posturas antidemocráticas da reitoria e direções de campi que alimenta o sentimento de ódio nutrido por uma minoria de estudantes e professores contra os que se organizam e lutam por uma educação pública, gratuita, com qualidade e socialmente referenciada. Um exemplo sintomático do conflito ocorrido foi a afirmação de um estudante agressor dirigida a um professor do movimento paredista: “Grevista tem que ir para o paredão, grevista bom é grevista morto”.

Na ocasião, professores que compõem o Comando de Greve Estadual foram agredidos no campus do IFAL Satuba. Socos, empurrões, chutes e golpes de capacetes foram desferidos contra os educadores, que foram obrigados a garantir a própria defesa diante da omissão da direção do instituto.

Várias ameaças de morte foram pronunciadas pelos agressores, inclusive no momento em que os professores agredidos registravam queixa numa delegacia da polícia civil, onde os policiais demonstraram indisfarçável condescendência. Os agressores esbravejaram ofensas anticomunistas, antigrevistas, intolerantes, recheadas de várias palavras de baixo calão.

Nesse cenário de conflito, a gestão do IFAL demonstrou parcialidade ao prestar apoio aos agressores e negar aos professores agredidos a devida assistência médica e a oportunidade de diálogo para esclarecimento dos fatos. Com essa postura intransigente, os diretores do campus contribuíram para a incitação do ódio e da violência contra o movimento, que legitimamente exercia o direito de greve e a liberdade de manifestação.

Essa mesma reitoria se recusou a prestar qualquer esclarecimento e a promover qualquer procedimento administrativo em defesa dos professores, omitindo-se em outros casos sérios de agressão. Diversos fatos nesse sentido podem ser citados, a exemplo da agressão que um coordenador do campus Marechal Deodoro – cargo assumido de forma patrimonialista, assim como boa parte dos outros cargos administrativos do IFAL – cometeu contra uma aluna; pelo soco que seguranças contratados pela reitoria aplicaram em outro aluno do campus Marechal Deodoro por ocasião da manifestação estudantil na reunião do CONIF; por fim, pelo espancamento, tortura e cárcere privado de que foi vítima outro estudante do campus Maceió pela ação de seguranças terceirizados do IFAL, além de diversos casos de discriminação, assédio e autoritarismo.

De forma similar, grupos de extrema-direita surgidos dos subterrâneos se organizam dentro dos muros do Instituto Federal de Alagoas, certamente influenciados por professores orientados pela ideologia fascista. Esse avanço expõe as entranhas dessa instituição com um passado e um presente marcados pelo controle de uma burocracia alinhada com as forças do coronelismo e da intolerância das oligarquias estaduais.

Entendemos que essas agressões, ameaças e calúnias de cunho fascistas proferidas pelos agressores e referendadas pela reitoria e a direção do campus Satuba são uma tentativa de intimidação do movimento grevista e fazem parte da escalada de criminalização dos movimentos sociais no país. Essas investidas são resultado da atual conjuntura, na qual as lutas em defesa dos direitos sociais se acirram. Prova disso é a atual greve da Educação Federal, que tem como principal bandeira a luta por uma educação de qualidade.

A postura da gestão do IFAL reprovável e extrapola qualquer limite da civilidade, compactuando com a intolerância. O reitor e a gestão do campus Satuba em momento algum procurou os professores agredidos para tomar qualquer esclarecimento, demonstrando sua postura antidemocrática, ao mesmo tempo em que reforçou o sentimento de ódio dos agressores.

O pacto e os acordos que vêm sendo construídos pela reitoria para se manter no poder por mais um mandato sintetizam seu caráter reacionário, efetivado no contexto de criminalização do movimento grevista e expressa irresponsabilidade ao colocar em risco a própria integridade da escola e de seus educadores.

Repudiamos essa postura da direção do IFAL. O Instituto Federal pertence aos trabalhadores e a seus filhos, e não às oligarquias alagoanas e seus asseclas de plantão na burocracia da instituição. Conclamamos os trabalhadores e estudantes para se manterem na luta por um Instituto Federal de educação socialmente referenciado neste momento em que a mobilização se torna mais intensa contra o sentimento antigreve apoiado pela direção do IFAL.

O PCB reafirma a solidariedade ao movimento grevista dos trabalhadores do IFAL, reconhecendo-o como legítimo e justo. Iremos continuar marchando juntos por um novo modelo de Educação Popular para os trabalhadores.

Sempre na luta,

Comitê Regional do PCB-AL

http://pcbalagoas.org/2014/06/nota-do-pcb-sobre-a-greve-no-ifal/