R$ 1,356 trilhão é muito maior que R$ 18 bilhões

A conta acima qualquer criança sabe fazer, menos a presidente Dilma, seu partido, seus aliados e a mídia empresarial.

O R$ 1,356 trilhão é quanto está previsto para pagamento aos rentistas da dívida pública para este 2015, o que representa 47% do total do Orçamento da União. Já os R$ 18 bilhões que ela cortou de direitos previdenciários dos trabalhadores representam apenas cinco dias de pagamento dessa mesma dívida pública, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida.

A entidade afirma, que a Seguridade Social, “ – na qual estão incluídos os gastos com abono salarial, pensões, seguro desemprego e auxílio-doença ora atacados – é altamente superavitária. Em 2013, o superávit foi de R$ 76 bilhões, mas o governo insiste em dizer que tais benefícios seriam a causa do rombo nas contas públicas.

Na realidade, o objetivo do governo é reduzir os benefícios sociais para destinar ainda mais recursos da Seguridade Social para o pagamento da questionável dívida pública, que possui diversos indícios de ilegalidades e deveria ser auditada, conforme manda a Constituição de 1988, jamais cumprida”.

Em contrapartida a esses dados, a presidente teve a desfaçatez de dizer que “Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e previdenciários”. E ainda fala em mudanças? Quais mudanças? Vai parar de iludir? Que tal as mudanças de critérios, já que agora quem ganha R$ 300,00 mensais está acima da linha da pobreza? Ou quem ganha R$ 1.500,00 mensais é classe média?

A cinco minutos de helicóptero ou meia hora de carro do Palácio do Planalto ou da Alvorada está a Ceilândia, no chamado Entorno de Brasília. A presidente podia dar um pulo lá pra saber o que é miséria e pobreza. Assim não agrediria nossos ouvidos.

A única verdade em seu discurso é de que o povo brasileiro quer mudanças. Quer mesmo. E ela não as representa, afinal foi eleita em um processo viciado e antidemocrático, herdeiro dileto da ditadura empresarial-militar, que exclui as verdadeiras alternativas aos problemas do povo brasileiro.

Se houvesse um real objetivo de mudanças suas políticas não seriam meros paliativos para os problemas que nos afligem, mas sim políticas de Estado, coerentes com a Constituição e que nos assegurassem casa, saneamento, comida, trabalho, saúde, educação, segurança, transporte, lazer, democracia e direitos, sem a criminalização dos movimentos sociais.

É uma desfaçatez a presidente apresentar dados que depõem contra seu mandato, como se fossem grandes conquistas. Ela enfatizou a importância do agronegócio, elogiou o modelo de exploração privado do nosso subsolo, as altas taxas de juros e a garantia de pagamento dos rentistas. Em suma, tudo aquilo que prejudica em muito a nossa população, o calcanhar de Aquiles de seu governo e dos seus antecessores – uma política econômica excludente, voltada para o capital. Até mesmo os dados do desemprego são atirados para enganar os leigos, pois ela não cita quantos estão verdadeiramente desempregados – não pelos critérios absurdos do IBGE – ou na economia informal, sobrevivendo sem quaisquer direitos, sem quaisquer garantias.

Já o conceito de pátria educadora da presidente é diametralmente oposto ao de Paulo Freire e tantos outros educadores, que defendem a Educação enquanto difusão e criação do conhecimento, não como mera preparação de mão de obra para as empresas, como ele externou em seu discurso.

Se tivermos mudanças no governo recém iniciado, infelizmente serão para pior.

2015 chegou!

Afonso Costa

Jornalista

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