Dezenas feridas em repressão israelense contra ato palestino pelo Dia Internacional da Mulher
Dezenas de mulheres Palestinas sofreram com a inalação excessiva de gás lacrimogêneo e perderam a consciência depois que forças israelenses reprimiram uma manifestação pacífica no sábado, dia 7 de março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, próximo ao ponto de inspeção de Qalandia1.
Forças de ocupação atiraram projéteis de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral contra as mulheres que participavam da manifestação que também foi organizada para protestar contra a repressão sofrida pelas mulheres palestinas sob ocupação israelense.
A manifestação foi organizada pela Ministra Palestina de Assuntos da Mulher, o Sindicato Geral das Mulheres Palestinas (GUPW, sigla em inglês) e outras organizações palestinas, juntando-se a algumas organizações de mulheres israelenses sob a bandeira “Mulheres Derrubem o Muro”.
O Movimento Democrático de Mulheres em Israel (TANDI, na sigla em inglês) emitiu um documento pedindo “Solidariedade de todas as mulheres para a luta comum de igualdade de direitos em todas as esferas da vida”. O documento do TANDI dizia: “nós nos manifestaremos pelos direitos de todas as mulheres, independente de idade, religião, raça ou nacionalidade, para que vivam em segurança e com dignidade e para que sejam livres para realizarem seu potencial sem impedimento, sem discriminação e sem opressão política, social e econômica. Essa manifestação tornará tangível o comprometimento das mulheres na luta pela superação de tais barreiras e de suas reivindicações para colocarem um basta na discriminação, opressão e ocupação”.
Dentre as organizações israelenses participantes estavam Isha L’Isha – o Centro Feminista em Haifa, Mahapach–Taghir, o Movimento Democrático de Mulheres em Israel (TANDI), Mulheres contra a Violência, Mulheres de Preto e a Coalizão de Mulheres pela Paz. Durante a manifestação do outro lado do muro, dois membros do Hadash e do Partido Comunista de Israel, Aida Touma-Sliman e Dov Khenin, exigiram o fim da ocupação isralenese.
Manifestação em Jerusalém
A organização “Mulheres que Travam a Paz”, formada depois de uma guerra devastadora na Faixa de Gaza no verão passado, na qual mais de 2.200 palestinos foram assassinados, com 73 mortos no lado israelense, espera que suas vozes sejam ouvidas, uma vez que israelenses vão para as urnas no dia 17 de Março.
Milhares de mulheres marcharam, na última quarta-feira, dia 4 de março, entoando, em Jerusalém: “Nós votaremos
acordo de paz” e “Nós escolhemos a vida”. Mulheres que Travam a Paz somam 7 mil membros, todas mulheres, a outros 15 mil apoiadores, muitos deles ativos na mídia social.
A exigência do grupo é forçar o próximo governo, independentemente de quem o componha, a retomar os diálogos com os palestinos e promoverem um acordo final que acabe com as décadas de ocupação e o sangrento conflito.
Oradoras da manifestação de quarta-feira, em Jerusalém, comemorando o Dia Internacional da Mulher, condenaram o governo de extrema-direita do Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu pela mortífera campanha militar de Julho-Agosto contra Gaza. “Nós vimos sofrendo guerras suficientes”, falou uma das oradoras, “entre nós há mulheres que criarão a próxima geração de soldados que serão forçados a ir para a guerra. Basta!”.
Como uma organização independente, Mulheres que Travam a Paz não esclarece quem preferem como primeiro ministro, mas insistem que quem assumir deverá levar a sério o conflito palestino. A organização espera que suas exigências ajudem a organizar debates e conferências, sobre o tema, em Israel.
“Durante a última guerra, prometi a mim mesma que faria o que fosse preciso para que meu filho não seja morto em combate”, diz Lili Weisberger, membro do grupo e que teve um filho de 21 anos lutando em Gaza durante serviço militar e que retornou para casa fisicamente ileso. “Eu decidi que eu agiria para que esse pesadelo nunca mais voltasse” e se juntou à organização.
Mulheres que Travam a Paz condenaram a “militarização da sociedade” em Israel, onde adolescentes judeus, depois de terminaram o colegial, são chamados a se alistarem para prestar serviço militar – três anos para homens, dois para mulheres – e que, geralmente, envia-os para zonas de combate. “Eu não quero ver mais dessa guerra contra a juventude, com 18 ou 20 anos de idade soldados israelenses de um lado e crianças palestinos do outro”, diz Amal Rihan, mãe de quatro e professora de Árabe morando próximo à Tel Aviv. “A única solução é alcançar a paz”.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro
1. Vila palestina estabelecida, em 1949, como campo de refugiados.
Foto: Pluma Solo