Homenagem aos militantes históricos do PCB em seus 93 anos de luta

imagemNós, do PCB – Partido Comunista Brasileiro, celebramos os 93 anos de fundação, desse que é o partido mais antigo do Brasil, fundado em 25 de março de 1922. Celebramos o passado não como relíquia, mas como atualização das lutas sociais que se fazem presentes. A cada dia que passa se torna mais atual a necessidade de superação do capitalismo e a construção de uma sociedade sem classes, onde um ser humano não viva da exploração do outro.

Hoje, celebramos a trajetória daqueles que nos inspiram a manter erguida a bandeira da Revolução. Aqui estão pioneiros da luta comunista em Goiás, como Sebastião de Abreu, militante do PCB, eleito vereador em Goiânia, no ano de 1950. Celebramos aqui, os 70 anos que separam a primeira e a mais recente experiência de nosso partido no legislativo goianiense. É com as lições de camaradas que dedicaram parte de suas vidas à construção do PCB, e à luta por justiça social, como Laudo Braga, José Moraes e Maria Eloá, que seguimos em frente, sem baixar a cabeça para os interesses dos mais ricos e poderosos.

Se temos a certeza que a terra deve pertencer a quem nela trabalha é porque aprendemos com os camponeses da luta e resistência armada de Trombas e Formoso, nas décadas de 1950 e 60. Aprendemos que não há latifundiário, coronel ou governo que aplaque a determinação de camponeses defendendo as suas terras. E o PCB tem orgulho de ter estado diretamente nessa luta, com os militantes que hoje são homenageados e aqui estão: Dirce Machado, César, Carmina de Castro, Joana Pereira e Josefa Marinho, e em memória recordarmos um dos líderes desse movimento, o camarada que foi o primeiro camponês a compor o Comitê Central do PCB, José Ribeiro.

A União da Juventude Comunista, fundada em 1927 e atuante, no momento presente, dentro das Universidades e escolas, contribuindo na construção da educação popular, é tributária da coragem e ousadia de valorosos militantes que nas décadas de 1960 e 1970, combateram a Ditadura empresarial militar em Goiás. Foram perseguidos mas não abriram mão de seus sonhos e defesa do Socialismo, como os camaradas João Rabelo, Roberto Prateado e Horieste Gomes. A juventude do PCB se espelha na convicção e coragem do jovem camarada Ismael Silva de Jesus, morto covardemente a mando dessa Ditadura Empresarial Militar, sob tortura no Batalhão do Exército no Guanabara, aos 18 anos de idade. Camarada Ismael você está presente entre nós!!! Lutaremos incansavelmente para que os responsáveis por tamanha barbaridade sejam condenados e paguem por seus crimes.

Para nós do PCB, é importantíssima a homenagem à memória do camarada Paulo Fernandes, militante desde a década de 1960 e responsável pela reorganização do PCB em Goiás, no ano 2000, (e com quem tive a honra de iniciar minha militância no PCB). O camarada Paulo, que iniciou sua militância como gráfico em Anápolis, foi um comunista forjado a ferro e fogo. Não se intimidou com a ação dos liquidacionistas que tentaram acabar com o PCB e que saíram para fundar o PPS, partido que hoje é linha auxiliar do PSDB. Paulo Fernandes você está presente entre nós!!!

Animam também, nossos corações e mentes, a literatura de nosso camarada Bernardo Élis, que em sua obra denunciou a prática do coronelismo e a dura realidade do homem do campo. Camarada Bernardo Élis, você que em sua biografia disse que uma das suas maiores alegrias foi entrar no PCB, saiba que continuará sempre presente entre nós, pois a arte que desperta a indignação, é obra que toca corações, rumo a um mundo de justiça!

Relembrar esse passado de luta é necessário, em um momento onde setores da direita levantam a bandeira de defesa do retorno de um regime militar. Aqui estamos para, incansavelmente, fazermos a denúncia e exigirmos a punição dos torturadores, financiadores e governantes ligados à ditadura militar-empresarial no Brasil e em Goiás. É por isso que apresentamos projeto e requerimento à Câmara de Vereadores, para que ocorra a mudança do nome da Avenida Castelo Branco e da Escola Municipal Castelo Branco.

Nossa cidade não pode manter homenagens ao articulador do golpe militar, sem meias palavras, a um assassino, o chefe maior de um Estado que matou, torturou e perseguiu homens e mulheres. Castelo Branco foi ainda o responsável pela deposição do governador Mauro Borges, legitimamente eleito à época.

Por isso, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), bem como toda a militância deste Partido, propõe que a comunidade da Escola Castelo Branco, por meio de consulta popular, escolha outro nome para substituir a referência ao ditador.

Propomos ainda, mudar o nome da Avenida Castelo Branco para Avenida Bernardo Élis. Este goiano, à parte de ser o primeiro e único cidadão do estado que teve cadeira na Academia Brasileira de Letras, integra diversas antologias do conto no Brasil. Dotado de intensa, sensível e perspicaz competência estética verbal, o contista e romancista Bernardo Élis captou a vida goiana rural e do interior do estado, dando a saber das origens e formação desse povo. Como os demais, foi cerceado pela brutal força militar que se instalou no país em 1964 e se manteve até 1985.

O que uma sociedade reafirma do seu passado irá ter muita relação com a forma com que vemos e lidamos com nosso presente, por isso devemos combater a criminalização praticada pela Ditadura empresarial militar, advinda com o golpe de 64 e também os resquícios de ditadura que se mantém nas estruturas de Estado.

É inadmissível o tratamento que vem sendo dado aos recentes movimentos de luta da moradia, da reforma agrária, da educação e do transporte. O Estado trata como questão de polícia as demandas sociais da população, a Guarda Municipal e as Policias Militar e Civil são utilizadas como seguranças particulares de interesses de grandes empresários do transporte e da especulação imobiliária.

Não podemos deixar de cobrar providências acerca do claro abuso de poder, que se evidencia na prisão de manifestantes que lutam contra o aumento da passagem de ônibus, e por melhorias no sistema do transporte público, e são levados para a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco). Quem merece cadeia é a máfia e o cartel do transporte constituído nessa cidade, e em toda a região metropolitana.

A conivência da CMTC e da prefeitura de Goiânia com os abusos das empresas de ônibus, e a perseguição a trabalhadores, como a demissão de todos os membros da Associação dos Fiscais da CMTC constitui crime contra o direito à livre organização e expressão. Reafirmamos a necessidade de se combater toda forma de criminalização da luta popular, que são resquícios de uma institucionalidade autoritária, se fazendo presentes no cotidiano dos trabalhadores organizados. Exigimos a presença de usuários do transporte na CMTC e na CDTC! Estamos dizendo: chega de uma prefeitura que atua como representante dos interesses dos empresários. Estamos dizendo: chega de um Governo do Estado que usa a polícia como segurança particular das Empresas de ônibus e que persegue quem se manifesta contrariamente aos seus interesses! Defendemos por isso o fim da exploração privada do transporte.

E é nesse espírito de luta, com sentimento de dever cumprido, que encerramos nossa breve participação nesse parlamento, para honrar a tradição de um partido que teve como parlamentares os lutadores José Porfírio e Abraao Issac Neto, e certos de que continuaremos nas ruas, com nossas bandeiras vermelhas levantadas, pois como disse o camarada Oscar Niemeyer, Fomos, Somos e Seremos Comunistas, enquanto houver miséria e opressão ser comunista é a nossa decisão!!

(Marta Jane, vereadora pelo PCB, professora do Instituto Federal de Educação (IFG)[2] – Esse artigo é a transcrição do discurso proferido pela vereadora Marta Jane na sessão da Câmara do dia 26 de março por ocasião das comemorações dos 93 anos do Partido Comunista Brasileiro – PCB)

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