Um milhão e meio de homens afro-americanos mortos ou encarcerados nos EUA
Por Silvia Arana, Resumen Latinoamericano / Rebelión /1 DE MAIO DE 2015.
Uma análise do diário estadunidense The New York Times ressalta este alarmante número: 1.500.000 afro-americanos eliminados da vida cotidiana. Um a cada seis homens negros de 24 a 54 anos desaparece da sociedade estadunidense, por morte prematura ou encarceramento [1].
O homicídio ocupa o primeiro lugar como causa de morte dos homens negros jovens. Quanto ao encarceramento, recordemos que os EUA têm o recorde de presos no mundo: com 5% da população mundial possui 25% da população encarcerada. Dos 2,3 milhões de presos quase 40% são afro-americanos, que representam apenas 12,6% da população total. É seis vezes mais provável que seja encarcerado um homem negro que um branco.
Além disso, dos 1.500.000 homens negros jovens mortos ou presos, vários milhões mais são marginalizados da sociedade pelo desemprego, pela discriminação racial ou pelas sanções que impedem que uma pessoa com ficha policial consiga trabalho.
Estes dados provêm do último censo realizado nos EUA. Porém, não refletem uma nova realidade. Este fenômeno foi registrado por todos os censos dessa nação há cinquenta anos. Só existiu uma variante no peso das causas do “desaparecimento” social. A partir dos anos 80, registrou-se uma leve diminuição das mortes prematuras e um drástico aumento do encarceramento de afro-americanos, em muitos casos por delitos menores, como posse de droga.
Desigualdade econômica
Os Estados Unidos são a nação desenvolvida com a maior lacuna – desigualdade econômica – entre ricos e pobres. A desigualdade de riqueza (renda, imóveis, contas bancárias) é ainda maior que a desigualdade de renda. 3% das famílias com maior riqueza possuem mais que o dobro de 90% das famílias com menores recursos. Esta lacuna alargou continuamente desde fins do século XX até hoje.
Quanto à desigualdade de riqueza por raça, se vem acentuando desde a Grande Recessão [2]. Com a explosão da especulação imobiliária de 2007, as famílias negras foram as mais afetadas pelos empréstimos bancários depredadores, assim como pelo subsequente desemprego. Em fins do século XX, a família branca média tinha uma riqueza seis vezes superior à da família negra. Hoje, a lacuna se duplicou: a família branca média possui doze vezes mais que a negra [3]. A pronunciada desigualdade econômica dos afro-americanos continua se aprofundando.
“Estado de emergência”: Guerra policial e econômica contra a comunidade negra
Assim qualificou a situação atual a organização Black Lives Matter (As vidas dos negros importam). Afirma que os departamentos de polícia declararam uma guerra contra a comunidade negra. Cita os numerosos casos de violência policial que causaram a morte de homens, crianças e mulheres. (Alguns destes casos de “gatilho fácil” foram registrados em vídeo).
Identifica três tipos de violações dos direitos humanos dos negros nos EUA: assassinatos, encarceramentos massivos e exploração econômica perpetrados pelo Estado e as corporações.
– o fim de toda forma de discriminação e o reconhecimento dos direitos humanos dos afro-americanos.
O professor e ativista Cornel West o resumiu assim:
“A escalada de morte e sofrimento na nação negra e pobre, e a maravilhosa nova militância expressa em Ferguson deve nos motivar a focar no fundamental: Os temas de vida e morte como os assassinatos policiais, a pobreza, o encarceramento massivo, os drones, o TPP (tratados comerciais injustos), a vigilância massiva, a deterioração das escolas, o desemprego, o poder de Wall Street, a ocupação israelense da Palestina, a resistência Dalit na Índia, a catástrofe ecológica.” Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)